Razão. Sempre de acordo com os princípios universais. |
Desde que iniciamos textos com
vistas à compreensão do significado filosófico de felicidade, nossas pretensões
têm sido a de realmente sermos felizes, no sentido mais filosófico possível. E
ser feliz, como já foi citado, é ter uma vida plena de satisfação interior, com
princípios voltados ao Bem, ao Verdadeiro,
à Beleza, enfim, aspectos que só encontramos na natureza, em nós.
Fácil dizer, no entanto. Difícil
é manter-se no caminho com nossos propósitos, como se fôssemos andarilhos
solitários em busca de algo ilusório, sem inicio ou fim. Mas sabemos, graças
à tradição, que há valores a serem regados em uma terra, em um mundo que
necessita ressuscitar a partir da sabedoria dos homens que um dia nasceram,
cresceram e morreram na tentativa de dizer algo a respeito do ser humano – e muitas
vezes deixando, em forma de ideal, esse que permeia na natureza, a resposta
para que buscamos, como eu disse, a felicidade.
É mais que preciso. Urge que
sejamos fortes – não fisicamente, mas – lá dentro de nossas possibilidades, de
nosso âmago. Como um grande filtro, devemos usar o que temos, e nos aferrarmos
em proteger nossa razão, e mais, prezar, com o que temos, nossa mente.
Um dia (lá vem ele de novo!) um
professor nos disse, “Por que aceitamos tudo em nossas mentes, se não aceitamos
qualquer coisa em nossa casa? Será que baratas e ratos podem andar à vontade em
nossa sala, como se a casa fosse deles? Acredito que não. Assim devemos ser homens e mulheres que protegem nossos princípios a partir do que vemos,
escutamos, até mesmo de amigos que temos. Vamos pensar em ecletismo. Vale à
pena ser eclético?”...
Realmente, foi uma aula e tanto,
na qual pude refletir a partir daquilo que escutava, via, sentia, tudo em nome
de um ecletismo que me dava qualquer amigo, com qualquer conversa; de músicas
que escutava, apenas para o prazer de escutar, e nunca com proposito algum.
Depois disso me questionei. “O
que devo ouvir para seguir o meu propósito? O que devo assistir? Que amigos
devo ter?... Por onde devo ir?...” – E passei anos a ser radical, sem mesmo
saber porque limpava minhas veias internas, e dispensei amizades, de um dia
para o outro, e comecei a ouvir clássicos... Eu queria enlouquecer em nome de
algo que ainda não se formava em minha mente...
Assim, passado o radicalismo,
percebi que a felicidade é uma planta que ainda vai nascer em nós. Vai ser
robusta, verde, bela, e se tornará uma árvore com o tempo, não com
radicalismos. E deixei se formar, em mim, as primeiras sementes, e até hoje
rego, não todos os dias, mas, ao me lembrar, continuo, bem devagar, a sobrevoar
meu futuro jardim, que um dia será tão belo e perfeito, quanto qualquer outro.
Mais tarde ainda, por meio de
atos que me levassem a pensamentos que fortificavam meu ideal – de ser feliz –
iniciei o verdadeiro processo de escolhas do que realmente eu queria para me
fortalecer. Agora, não era aleatório. Eu sabia o que era ideal, sabia de suas nuances, de sua perfeição; começava entender que poderia fazer parte dele como
a um ser dentro de uma grande engrenagem, como uma peça fundamental em meio a
outras peças – todos nós.
E comecei a entender a sua
essência, por meio dos mitos, dos deuses, desses que só eram prezados no
passado, mas que são tão engrenagem quanto nós, em um universo tão maior quanto
o nosso; porém, de algum modo, mostrou-me que somos um pouco deles.
A razão, essa faculdade de
filtrar o que é justo ou não, estava em mim como uma ferramenta maior e melhor,
trazendo do céu, a verdadeira música, a das musas, as quais se harmonizam, por
meio da brisa fina e sagrada, com tudo que se move – árvores, humanos, flores,
voos, estrelas, nuvens... Em uma dança jamais vista por algum homem, ou por ele
apreciada.
E quando se está em Ideal, palavras
são pronunciadas no sentido de trazer o amor, a paz, a beleza, a fé no
invisível, em Deus. Quando se está em ideal, amigos desaparecem, e amigos
reais, coesos, tão fortes quanto irmãos, nos aparecem. É um período difícil,
mas nos torna um pouco melhores, pois sabemos que o passado não estava errado
no tocante ao que devemos ser.
Quanto ao que devo assistir,
penso em filmes que nos elevam por meio de exemplos heroicos de homens que
viveram por algo maior que eles, como a liberdade de uma nação; como um general
que, apesar de tudo que tem, abre mão para salvar seu país. De épicos que nos
fazem recordar o que devemos ser em humildade, em sabedoria, como se
tentássemos buscar o que éramos antes do que somos hoje, homens de bem, porém
sem finalidades.
E tento, por meio dessas águas,
ser o que sou, sem abrir mão de minhas origens, nas quais penso sempre que
acordo: um garoto pobre em tudo, e ainda me considero assim, com uma diferença
apenas, rico por saber o caminho da felicidade.
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