quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Donos do Destino

Viver, uma arte.


Os caminhos nunca são iguais. .




"Temos caminhos diferentes, porém nos encontramos em seu final"
Bagavah Gita 




Sempre de algum modo sentimos inveja. Ao presenciar uma pessoa com todas as honrarias que um dia pretendíamos ou pretendemos ter, ficamos reflexivos, e quem sabe ser aquela pessoa...

Um dia um grande mestre de filosofia me disse “se você pretende passar pelos mesmos caminhos que um dia eu passei, eu te sigo”. Com certeza são caminhos íngremes, estreitos, ou como diriam no passado, afunilados. Desses que somente pessoas que se aventuram a encontrar cascatas encontram...

Eu não tinha ideia do que ele passou, mas, um dia, percebi, sob o olhar de outro mestre o que o primeiro havia me falado. Não era para eu me igualar a ele. Pelo contrário. Não era. Mesmo porque temos caminhos diferentes, quer dizer, não apenas eu e ele, mas todos nós.

Se eu tenho uma vida regada de estreitezas, de dificuldades, é porque a própria vida me deu tal natureza para sobressair, viver, elevar-me, ainda que com dificuldades. Se eu tenho, hoje, tudo o que pensei em ter um dia, não foi gratuito; mas há muitos que pensam que foi assim, de um dia para o outro...
E nesses pensamentos, unidos à admiração e inveja, não nos questionamos a respeito de nossos caminhos, o porquê deles, da realização mística em poder traçá-lo, como se fôssemos donos de nossos destinos – e de algum modo o somos! Por que não?

O grande Nelson Mandela, ao sair da prisão após vinte e sete anos de torturas, trabalhos duros e muita discriminação, poderia, após, vingar-se em meio a um poder no que ele foi escolhido. No entanto, disse “Eu sou dono de minha alma, dono de meu destino”, preferindo perdoar a todos os que um dia, à época de sua prisão, foram por ela responsáveis. E mais, tentou integrar a todos por meio de um jogo, o qual, na África do Sul, é tão popular quanto futebol.

Mas isso é para poucos. A maioria das vezes, observamos a ascensão do outro, estacionados no tempo. Com isso, surge a admiração, surge até uma vontade movida pelo objeto, o qual, a partir de agora, é um referencial do primeiro.  Daí, surgem celebridades que passam a morar no subconsciente do jovem, e sobrevivem na alma dele até que um dia vem a maturidade.

Não podemos esquecer. Admirar é bom. A inveja corrompe nossa personalidade e a faz querer ser e ter o que, na realidade, não é nosso, e sim daquele que um dia lutou para tanto. Admirar é pensar em relação ao próximo como algo que mora em outra dimensão, mas ao mesmo tempo nos dá chaves para abrir nossas portas internas – assim como a mestre, um religioso, um pai... De repente um amigo.

Não podemos pensar que algumas pessoas desfrutam de privilégios e nós não. Devemos pensar que, se alguém consegue triunfar na vida, é maravilhoso, é nobre, é humano! Porém, se tal pessoa não fez o bastante para consegui-lo, esqueça, ela não os merece. E assim o mesmo para nós que galgamos pequenas coisas da maneira mais honesta e virtuosa possível, devemos ter orgulho do que temos.

Aquele mestre, que um dia chegou lá, não foi por acaso. Não foi o mesmo mestre que leu vários livros, e sentou-se em uma cadeira apenas para responder todas as perguntas advindas dos viciados em respostas inteligentes. Aquele mestre nasceu para sê-lo, pois seus olhos irradiam humanidade, amor ao próximo, caridade. Levantou-se de seu leito pondo os pés no chão a dizer que o bem da humanidade era o seu ideal. Harmoniza-se, sorri ao sol, abraça a todos literal e simbolicamente. Irradia força aos presentes, toca nossos corações, e depois vai ler um livro que, naturalmente, vai fazê-lo mais forte ainda.


Essa pessoa é, porém, é humana, e podemos ser, em nossas possibilidades, um mestre, um professor, um ser humano que na simplicidade do dia a dia, sem esperanças de ser ou ter, nos ensina com seus breves passos o que somos.






Ao Mestre L.C.

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