Com Deus e com os Deuses
Como é difícil andar sobre as
águas como grandes do passado andaram, driblar palavras do diabo e não ficar
embriagado com aquela conversa mansa, como um veludo em nossos sonhos, a
prometer mundos e unos. Mais difícil ainda é ressuscitar depois de ser
crucificado, em meio a ladrões, injustamente.
E quando nos deparamos com nossos
amigos, nossos irmãos e com a maioria de nossos familiares, e brigar friamente
por um ideal de vida, sem que seja compreendido ou mesmo ouvido... Ver o mundo
por debaixo de uma árvore, tentar ser sábio, com um pouco de paz de espírito –
não muito --, erradicar o mal em nossos corações, buscando a verdade com o
pouco que tem...
Como é raro...
Recolher-se em abrigos longínquos,
ou com pessoas que respeitam suas ideias, entrar em contato consigo mesmo, iniciar
um processo lento, gradual, porém, determinado, com vistas ao crescimento
interior, ou pelo simples sentimento de paz, que nos clama tanto por debaixo
dessa pele seca...
Como é raro olhar aos outros,
dizer-lhes o quanto somos naturais da mesma origem, que devemos respeitar um ao
outro em sinal de respeito mútuo, por um pequeno espaço de tempo, sem dor,
apenas como um pequeno sorriso, caricato, que seja, apenas para iniciar uma
conversa...
O Mal Humano
O mal está nos suplantando os
valores, carcomendo nossas margens, como uma colher de ferro que come a sopa no
frio. Bem devagar. Mas eu o vejo nos olhares, nas palavras, nos gestos, na
tentativa de pensar em favor de algo, quando se corrompe pela desconfiança,
pelo mal caratismo em abundância, que vence o amor, a fé, a consonância com o
próximo...
Está cada vez mais difícil
nascer, pois nos procuram para nos assassinar de dia, ou na noite escura, como
se fôssemos a causa de indignação total das dores que os demais povos sentem.
Fica mais fácil, assim, mesmo porque a culpa é sempre do próximo, e do outro, e
assim por diante, pelas lhanuras do homem incrédulo, sem pai, sem religião, sem
a prática ancestral das orações – as quais, no passado, eram mais que isso, eram
religações ao s deuses, aos grandes espíritos ocultos que deram origem ao maior
mistério da vida: a própria vida.
O Fundo do Poço
Um dia me disseram que o “o fundo
do poço não se pode reconhecer, por isso não sabemos quando dele saímos”. E eu
digo, o fundo poço se esconde na alma do homem medroso, de sua falha em ver que
ele mesmo é o culpado pelas mazelas que ele mesmo sente, tem e sofre.. O
próprio homem, em nome dele mesmo, nunca recua aos seus projetos pífios, mas
ancora em terras alheias, acreditando que realizou seus sonhos...
O próprio homem desconsidera a própria
história, que resguarda a verdade acerca de si mesmo, pois não o interessa
seguir algo que fala de si, como um espelho o acusando dos seus defeitos. Então,
desfaz o espelho, e quebra-o, também quebrando o de várias gerações. Realmente,
o fundo do poço é irreconhecível.