sábado, 9 de maio de 2015

A Mulher Sábia (A partida)





O seu medo não é o medo daqueles que ao seu lado está. Pois sabes o significado dele tanto quanto aos outros. E isso singulariza que vós estais no caminho correto, assim como aqueles que segues, lá dentro do teu coração. Não se desmereça nunca, pois, mais do que a todos os que conheces, busca a humanidade, a mais simples e bela humanidade, que norteou o mais justo dos homens, e isso, meu belo filho, o torna seguidor de uma Justiça que não se vê, da Verdade, do Amor, de princípios que se perderam e que arrebentam em seu ser como larvas internas em nome de um vulcão que não dorme, o seu Ideal.

Meu filho, continue a buscar, e serás mais que filho meu, mais, serás filho de universos que nascem todos os dias em nome daqueles valores que um dia se foram, mas, em alguns, permanecem em forma de atos e orações.

Meu filho, encontre um jardim, leve a ele seus questionamentos, responda com trabalho, com atitudes inerentes a ele, não deixando que o perfume das flores se vão como a dor do homem vil.  Sabeis que tal jardim pode ser a tua família, na qual há flores, terras, gramados, todos diferentes, contudo, fazem teu papel indiferente a opiniões alheias das quais sempre ornam temperamentos frios, mas vós, meu pequeno sábio, terás que molhar as plantas internas, antes de tudo, levar a vida aos seus, e mais tarde, verás o quanto aquele jardim que deixara em terra cresceu, desenvolveu e se tornou o mais belo de todos. Meu filho, não se importe com rosas de plástico, pois o real perfume é aquele que vem da rosa podada pela natureza, não pelo homem.

O Navio já queria singrar, e nossa mãe teria que ir. De longe, um grande homem nos acenava, e percebemos que, dentro daquela plataforma ambulante, nosso irmão que se fora mais cedo, fazia o possível para se comunicar conosco... Assim, pelo gesto que fizera, o reconhecemos, e percebemos o quanto somos egoístas, centralizadores, e personalísticos,  por acreditar somente no vento que arrebata o calor, por acreditar somente em nossas mentes, e não dar espaço ao real, ao que nos faz o que somos, filhos de Deus.

Antes de ir, no entanto, resguardava-se uma criatura linda, da qual aquela mulher sentia falta naquele grupo. Era sua filha mais emblemática, que um dia sofrera um dano quase irreversível da vida, um dano que virara sequela, mas que poderia ficar mais obtuso a depender do que poderia passar em sua vida. 

Sentiu-se que a partida tinha sido postergada por alguns segundos, pois a sábia mulher, em nome de Deus, pensara muitas vezes antes de partir a deixando entre os irmãos. E viu que estava correta. Aquela filha não era mais colhedora de amarguras, de tristezas, e dor, mas de esperanças das quais todos nós vivermos a partir de hoje.

Um grande abraço foi-lhe dado, e nada lhe fora dito. Apenas um "Que Deus te guie, Mãe", e uma lágrima de coragem descera seu rosto, como uma solitária mulher que desce o deserto e sobrevive com seu rastro.  Uma palavra a grande Dama disse por último... 

 - Que nos encontremos nas orações! Adeus, filhos meus.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....