sábado, 9 de maio de 2015

A Mulher Sábia





Difícil encontrar palavras em todo território dos textos, do mundo do simbolismo teórico, no qual se fazem textos e belos poemas, poesias, cartas românticas, das quais lágrimas saem como rios sem medo que desaguam no oceano magico do coração universal.

Mas, por fim, encontrei um meio de parafrasear um homem, um sábio – Kalil Gibran, um profeta filósofo, ou um sábio indiano, que um dia nos veio com a missão de reparar nossos erros, por meio de suas palavras, as quais seguem o conhecimento tradicional de todos os tempos.

Aqui, em meras e simples palavras, tentarei trocar o texto O Profeta expondo o que um dia, quem sabe, uma das pessoas mais incríveis pessoas do mundo deixaram pela terra, e mais, nos fazendo mais que filhos, pois eu, como homem que sou hoje, me sinto mais que honrado pelo que ela, minha mãe, me fez.

O Navio da Vida

O Navio do Além-Vida estava por chegar, e aquela senhora sábia, tão à sua espera, não acreditava que um dia poderia deixar seus amados filhos, mas ao fim sabia, pois nada superava a natureza divina de voltar ao sagrado recanto divino, ao lado dos braços de Deus.

Ao subir o pequeno tijolo, de sua pequena cerca, sentia que, ao norte, um grande Navio estava chegando. E todos, ao virem seus olhos lacrimejando,  e observando aquele navio, sentiram o mesmo, porém, descontentados, pediram que ela ficasse, ao ponto de dar-lhes seus tesouros mais íntimos, mais secretos, os quais jamais foram vistos ou tocados...

Mas a grande Dona da família, agora com o coração dividido, pela felicidade em voltar à sua origem e ao passo em ver seus filhos tão solitários, disse...

- O real tesouro está dentro de vocês, e esse, não posso leva-lo; ao passo, levo mais que tesouro para minha partida, para onde até mesmo o mais lindo rubi perde suas cores.

Em prantos, seus amados filhos também viram o grande navio, e começaram a se sentar em cadeiras improvisadas, ao ponto de calarem-se aos poucos. E sua filha mais velha, naquele infinito de dor, queria que ela, a mais sábia das mães, falasse algo que acalentasse seus ânimos, pois seus corações, ante ao ato de partida, nem mais dores sentiam, nem mais sangue tinham, pois se secaram com a prematura ida da sábia mulher...

Diga para nós, ó mãe, o que faremos sem a senhora? – perguntou a mais experiente das filhas --  e continuou – e se temos que viver sem vossa grande presença, terás que nos deixar um pouco de sua sabedoria, a fim de que possamos sempre lembrar que um dia a tivemos por perto, ou lembrar que somos e seremos aprendizes eternos de vossa paz, que um dia nos fez o que somos hoje, os seres mais felizes da terra.

Com sua parcimônia, a grande Dama se desfez do ato de subir e conferir a vinda de seu navio, e descendo, articulou suas mãos em torno dos cabelos da amada filha, olhando para os demais que ali se encontravam, tão tristes quanto... E disse:

- Não se desconsolem, meus filhos, pois jamais o deixarão de ser. Em meu caminho pelas águas celestes, nas quais irei navegar, serei filha dela, e vocês, sempre serão os meus. Cada um terá seu papel, mas agora mais do que filhos, mais que pais. Serão leões.

Esse navio que parte agora não vai me tirar de vocês, apenas partirá para uma nova jornada na qual, pela natureza sagrada das coisas, tenho que navegar sem vocês fisicamente, mas em mim, dentro desse coração que ainda flameja como uma bandeira cansada, vocês estarão nele, como crianças que nunca, jamais, irão crescer.

- Mas, mãe, disse a caçula, que, vermelha em rosto, titubeava em seus pensamentos simples, mas que conseguira externar o que o coração pedia. Mãe, o que faremos sem a senhora? Não tenho a prática do amor, e nem mesmo sei decifrar os pergaminhos que deixara em nossas tão parcas vidas?

- O Amor, disse a sábia das mulheres, quando chegar, não deem suas costas, embora seus caminhos sejam íngremes, suas vestes são belas, sua voz é tão mansa quanto a de um Pai. Quando o Amor vos abraçar, abrace-o, mas tomem cuidado com seus braços nos quais existe uma adaga ou mesmo uma espada, pois o amor é forte, é belo, mas ao mesmo tempo é verdadeiro, pois resiste às épocas das épocas. Por isso nunca diga.. “eu tenho amor no meu coração, mas eu estou dentro do coração do amor, pois faço parte dele” – E quanto às suas parcas vidas, vos digo que não sabeis o quanto forte sois por me dizer isso. Mostraste que és humilde e a humildade reside no mais simples ao mais forte dos homens, porém, somente aquele que revela, sabe o quanto precisamos ser.





Continua...

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