Difícil encontrar palavras em todo território dos textos, do mundo do simbolismo teórico, no qual se fazem textos e belos poemas, poesias, cartas românticas, das quais lágrimas saem como rios sem medo que desaguam no oceano magico do coração universal.
Mas, por fim, encontrei um meio de parafrasear um homem, um sábio –
Kalil Gibran, um profeta filósofo, ou um sábio indiano, que um dia nos veio com
a missão de reparar nossos erros, por meio de suas palavras, as quais seguem o
conhecimento tradicional de todos os tempos.
Aqui, em meras e simples palavras, tentarei trocar o texto O Profeta
expondo o que um dia, quem sabe, uma das pessoas mais incríveis pessoas do
mundo deixaram pela terra, e mais, nos fazendo mais que filhos, pois eu, como
homem que sou hoje, me sinto mais que honrado pelo que ela, minha mãe, me fez.
O Navio da Vida
O Navio do Além-Vida estava por chegar, e aquela senhora sábia, tão à
sua espera, não acreditava que um dia poderia deixar seus amados filhos, mas ao
fim sabia, pois nada superava a natureza divina de voltar ao sagrado recanto
divino, ao lado dos braços de Deus.
Ao subir o pequeno tijolo, de sua pequena cerca, sentia que, ao norte,
um grande Navio estava chegando. E todos, ao virem seus olhos
lacrimejando, e observando aquele navio, sentiram o mesmo, porém,
descontentados, pediram que ela ficasse, ao ponto de dar-lhes seus tesouros
mais íntimos, mais secretos, os quais jamais foram vistos ou tocados...
Mas a grande Dona da família, agora com o coração dividido, pela
felicidade em voltar à sua origem e ao passo em ver seus filhos tão solitários,
disse...
- O real tesouro está dentro de vocês, e esse, não posso leva-lo; ao
passo, levo mais que tesouro para minha partida, para onde até mesmo o mais
lindo rubi perde suas cores.
Em prantos, seus amados filhos também viram o grande navio, e começaram
a se sentar em cadeiras improvisadas, ao ponto de calarem-se aos poucos. E sua
filha mais velha, naquele infinito de dor, queria que ela, a mais sábia das
mães, falasse algo que acalentasse seus ânimos, pois seus corações, ante ao ato
de partida, nem mais dores sentiam, nem mais sangue tinham, pois se secaram com
a prematura ida da sábia mulher...
Diga para nós, ó mãe, o que faremos sem a senhora? – perguntou a mais
experiente das filhas -- e continuou – e se temos que viver sem
vossa grande presença, terás que nos deixar um pouco de sua sabedoria, a fim de
que possamos sempre lembrar que um dia a tivemos por perto, ou lembrar que
somos e seremos aprendizes eternos de vossa paz, que um dia nos fez o que somos
hoje, os seres mais felizes da terra.
Com sua parcimônia, a grande Dama se desfez do ato de subir e conferir a
vinda de seu navio, e descendo, articulou suas mãos em torno dos cabelos da
amada filha, olhando para os demais que ali se encontravam, tão tristes
quanto... E disse:
- Não se desconsolem, meus filhos, pois jamais o deixarão de ser. Em meu
caminho pelas águas celestes, nas quais irei navegar, serei filha dela, e
vocês, sempre serão os meus. Cada um terá seu papel, mas agora mais do que
filhos, mais que pais. Serão leões.
Esse navio que parte agora não vai me tirar de vocês, apenas partirá
para uma nova jornada na qual, pela natureza sagrada das coisas, tenho que
navegar sem vocês fisicamente, mas em mim, dentro desse coração que ainda
flameja como uma bandeira cansada, vocês estarão nele, como crianças que nunca,
jamais, irão crescer.
- Mas, mãe, disse a caçula, que, vermelha em rosto, titubeava em seus
pensamentos simples, mas que conseguira externar o que o coração pedia. Mãe, o
que faremos sem a senhora? Não tenho a prática do amor, e nem mesmo sei
decifrar os pergaminhos que deixara em nossas tão parcas vidas?
- O Amor, disse a sábia das mulheres, quando chegar, não deem suas
costas, embora seus caminhos sejam íngremes, suas vestes são belas, sua voz é
tão mansa quanto a de um Pai. Quando o Amor vos abraçar, abrace-o, mas tomem
cuidado com seus braços nos quais existe uma adaga ou mesmo uma espada, pois o
amor é forte, é belo, mas ao mesmo tempo é verdadeiro, pois resiste às épocas
das épocas. Por isso nunca diga.. “eu tenho amor no meu coração, mas eu estou
dentro do coração do amor, pois faço parte dele” – E quanto às suas parcas
vidas, vos digo que não sabeis o quanto forte sois por me dizer isso. Mostraste
que és humilde e a humildade reside no mais simples ao mais forte dos homens,
porém, somente aquele que revela, sabe o quanto precisamos ser.
Continua...
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