terça-feira, 27 de março de 2018

Oceanos Ocultos

Continuando com nossas reflexões acerca de nossa existência, agora no nível mais simples, percebo que pensar sobre o Nada é também pensar sobre o tudo. Não existe o Nada na concepção grega de ser, mesmo porque quando olhamos o céu, por exemplo, o nada pode ser relativo, e isso nos faz, mais uma vez, ser dono da razão -- o que não somos. Quando estrelas pairam lá em cima, dentro de um pano negro chamado espaço, quando uma pequena lua brilha frente ao nossos olhos, tudo bem, podemos dizer que há algo, mas quando buscamos mais elementos, mais formas, mais pontos equidistantes entre nós e nossos questionamentos, não encontramos... É a razão em sua tentativa de encontrar algo que a satisfaça. 

Se fôssemos astronautas, diríamos que o universo é cheio de  matéria, composto por ela; os planetas, os astros distantes, os cometas, as formas nunca vistas, enfim, nos satisfariam os olhos ainda que cegos. O Nada em sua forma mais exata estaria ali do nosso lado, em nossa frente, dentro e fora de nós. Entretanto quem se lança ao Nada e o percebe também sabe que nele há o Tudo, composto de uma máscara imensa tão maior que o Nada, que, oculto, tenta se esconder e não pode. 

Nesse mundo, entre o Nada e o Tudo, estamos com o pouco dos dois, prestes a entender o que há na fronteira entre eles. E quando encontramos essa fissura, esse cinto no meio deles, esbarramos em outro, o nosso, que fica entre a personalidade -- o Nada, e o Espírito, o Tudo. A relação destes é a mesma que a mão e a luva, o copo e água, a vela e chama, que nela fica até o fim. Nada diferente do que percebemos entre o corpo e a alma.

A única percepção que nos enriquece, porém, é do Tudo, que nos assombra com sua grandeza oceânica inatingível, a qual podemos ter em mãos, observar, tatear como crianças que nasceram com as mãos grudadas nas da mãe... Enlouquecemos e por ela fazemos de tudo. Nesse entusiasmo, contudo, somos ainda meros sonhadores que percebem que, nas entrelinhas, há algo que segura o Tudo, como uma grande pilastra mágica e invisível, e nos deixa, aos poucos, mais impressionados e assim nos tornamos buscadores daquele ser que está por trás de (e do) Tudo, impressionados como faróis imensos -- assim nós somos. 

A realidade desses dois seres é essencial em todo campo, seja científico, seja religioso, e quando se deparam harmonicamente, sem rótulos, diante deles, entende-se que a parte que nos cabe é compreender o que está em nós como tudo, como nada, andar lentamente em nome de uma organização que se mostra ou não, sentir cada estrela oculta como se fossem poesias em nós; olhar ao sol, clamar um pouco dele em si, praticar sua Justiça natural, esquecer-se de nossas relativas posições e trazer à tona o que percebemos como Nada e viver intensamente cada mistério nesse Tudo maravilhoso.


segunda-feira, 26 de março de 2018

Deixar de ser para Ser

Na maioria das vezes se vive olhando para si mesmo sem refletir acerca da existência -- da nossa existência --, como se fôssemos formigas caladas que andam em nome da rainha, a levar comida para o formigueiro e dormir, se é que dormem!, e de novo, no outro dia, inciam sua jornada. Não podemos ser assim, ainda que calados, ainda que semelhantes a qualquer ser vivo de duas ou quatro patas existentes no Universo, pois somos dotados não apenas de matéria, mas de algo mais profundo que se estende entre nossa ignorância e nosso conhecimento parco.

Os deuses nos deram a voz, os símbolos, caminhos suficientes e diferentes para que possamos, com nossas visões e experiência, andar neles. Muitos, no entanto, preferem traçar seu próprio caminho, com seu caráter falho, dúbil, fabricado pela opinião que vem de um leque de outras opiniões que indagamos, vez outra, sua real validade... Então lhe sobra, em meio àquelas, o que já tinha em mente... Ou seja, levamos para o nosso fabricado caminho um legado traçado pelos que já caíram no abismo e faleceram sem deixar notícia.

Platão -- filósofo grego -- dizia que tudo que sabemos nada mais é que uma opinião de tudo que colhemos ao nosso redor. E há aqueles que vivem disso; nesse mesmo campo, o sábio revela também que há o conhecimento do qual se vive, que não seria em si opiniões relativas, expostas ao mundo, como forma de ervas daninhas que se cortam e mesmo assim crescem e se espalham... Não. O conhecimento seria a relação do homem com o homem; um processo de reeducação baseado em preceitos clássicos, dos quais viveríamos se não fosse nosso amor ao que vemos e possuímos. Seria a redenção do ser humano ao que para o qual ele realmente veio: saber acerca de si mesmo e do universo. Por isso, a máxima: "Conheça-Te a ti mesmo e Conhecerás a Deus e o Universo", dizia...

Um misto de realidade e misticismo, pois o que temos em mente é tudo um misto do que colhemos em torno de nossa realidade como indivíduo, mas nós, como tais, nos esquecemos de que um dia, como foi dito pelo mestre, "Fomos deuses e nos esquecemos", porque violamos a todos os instantes nossos princípios mais básicos, o de respeito ao próximo e a nós, como seres que existem para estar acima dos de quatro patas. 

A nossa existência, assim, seria objetivar o transcender ao que somos como pessoas dúbias e nos reconhecer como pessoas no sentido mais sagrado possível, desfazendo o relativo e criando o absoluto em cada um de nós, a reconhecer que o que somos como matéria, físico, pensamento, mais é que algo sensível, não inteligível (os dois mundos do filósofo), o qual nos inclina ao pensar, mais um vez, sobre a matéria e não ao que se esconde dentro dela. Isso nos faz pensar acerca do sol e não ao que ele representa; pensar sobre o que as pessoas são e não ao que elas representam em nossas vidas; pensar sobre para onde vamos e por quê, ao invés de pensarmos o que podemos fazer aqui e agora.

sexta-feira, 23 de março de 2018

A Vigésima Tentativa

Uma nação cresce com esperanças de suprir as necessidades de seu povo. Elege um líder por isso. Organiza a vida dos moradores, dos comerciantes, dos agricultores, empresários, pequenos ou grandes, com vistas a perpetuar a harmonia entre aqueles cujo objetivo é manter o país, o mundo, a vida em família, em sociedade, em grupo, sem medo de encontrar seus ideais universais, concatenados com Deus, resumo das potencialidades naturais que nos acolhem, como a água, a terra, ar e fogo.

E o homem, apenas uma partícula arbitral em meio a esse escuro, tem a finalidade máxima de se manter sagrado como homem, a levar para si a evolução natural e cósmica deixada pelos mestres que um dia pisaram esse solo. Ele, assim, não pode se desfazer de seus pais assim como faz um adolescente rebelde que joga seus maiores ensinamentos ao léu, e por "acaso" sente nas veias o tapa vital, mas não sabe o porquê de suas consequências nas veias, na pele e no coração... 

Tua alma, bendita alma, recíproca de vidas anteriores, vem de bom grado tentar elevar-se sorrateiramente em terra firme, porém freia na paixão pelo tudo, pelo mundo, coitada, menos pelo céu que lhe deram quando encarnara no ébrio ser. Por quê? Talvez porque em épocas passadas, tão passadas que lembranças não alcançam, surgir como um deusa perdida no escuro do materialismo e quando a luz nela chega, não reflete, não exige, e acredita que é dor, frio, desespero, menos o que realmente é: ela mesma, revestida de noiva, a se casar com o corpo, em nome de um matrimônio que poderia ser a certeza de evolução humana, não de queda ao lodo, assim como em muitos casamentos humanos.

Por isso e muito mais, nos agarramos aos mitos, nos quais nos espelhamos e tentamos nos sintetizar em poucas figuras simbólicas, as quais vemos a alma, o homem e sua luta natural para subir aos céus eternos -- não relativos, mas universal, absoluto. E o mito, ao falar sobre essa parte que a nos soa como risonha, é a realidade que nos corre desde que a primeira célula surgiu, é a verdade que pingou na esfera escura do rio oceânico, explodiu e respingou no corpo do uno e demos o nome de humus, homem, sacro, sangue, sagrado... O qual, em busca de sua identidade, ainda que desenfreada, atropelando o mundo, pessoas, vida, se mostra o melhor dos seres ainda.





quinta-feira, 22 de março de 2018

À Luz das Sombras

Platão, filósofo grego, Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C, ao nos mostrar a alegoria da Caverna, em A República, livro VII, tatuou em nossas mentes uma parte simbólica dessa grandeza, que, até então, não se tem notícia de outra. Falo de um momento especial, ao levar o homem a refletir acerca do seu comportamento frente às sombras, sobre as quais se vive e não se vê -- isso, na visão do mestre, em seu mito. Acredito que razão ele teve para tanto, pois, em sua época, quando a Democracia homicida fez Sócrates partir belamente em nome de tudo em que ele acreditava: na verdade, na beleza e no ser humano, no amor..., também exilou-se para nos contar de forma simbólica a respeito de seu tempo.

Na passagem do mito, com vista à educação humana em relação aos homens que amam as sombras, Platão nos inclina a pensar sobre elas, quando diz "seres amarrados em direção às sombras", a sublinhar não somente sua história ao lado de mestres falsos, os quais faziam questão de enganar outros, com palavras, com atos e políticas falhas. Aquele regime não era tão diferente do nosso, ainda que nele se via alguns erros grasso que, aparentemente, superamos, o que, na verdade, não nos dá direito de soltar fogos. Muito pelo contrário. Estamos  voltando tanto, que nos parece uma Idade Média fria, tão pobre quanto à Ocidental que nos assolou a mente e nos atrasou os sentidos, tanto quanto a mítica caverna.

Ao olhar nossas paredes literais, sentindo o opaco da ignorância solidificada, a depender de onde estamos, pode até ser uma prisão, um quarto fechado, mas não terrível quando comparado ao significado das paredes metafóricas de Platão. Nelas, bailam sombras advindas de um fogo invisível, por trás de cada um daqueles, amarrados, frios, cujas vidas nadas mais são que pensar o que os homens que estão por trás de tudo isso, pensam; e por não haver nada além de sombras, paredes, algemas -- em nosso caso, uma educação mentirosa, uma religião estanque, politicas teatrais -- batemos palmas, e nos sentamos frente à TV, como um dia o cartunista pintou, com razão, e nos fez ver o que somos em pequenas tiras.

E fico sempre a imaginar o quão se estende essa parede, esse vão que nos consome diariamente em forma de programas de auditórios, os quais nos programam para os fins de semana a assistir bestialidades e ficar vesgos até o fim da noite. Penso, para onde devo olhar, se tudo é caverna, tudo é sombra? até onde vai o impérios desses amos Platônicos e ao passo reais, que realizam eventos sempre com vistas a nos tirar o foco mais essencial da vida, que é a própria Vida, esse oceano mistérico  sobre qual sempre indagamos, mas, ao chegar uma certa idade, somos obrigados (quase) a nos dispersar deles, simplesmente porque surgem os donos da verdade -- os mais perigosos da caverna!

Tais seres, homens de bem, mas ao mesmo tempo, com restrições arcaicas ensinadas pelos pais destes, traspassam a realidade deles, formam templos, criam deuses, nos fazem crer neles, nos dão medo e voltamos à caverna interna, da qual jamais se sai, porque virou pecado. Aqui as sombras já não nos são mais tão sombras e sim modelos de imagens embutidas com finalidades escusas, por seres que se interessam pelo nosso comportamento em relação a eles -- os mestres do escuro, que nasceram para calar a humanidade, e dizer que o mais importante é a matéria e tudo que vem dela; ou nos enganam a dizer que o espírito é a melhor parte do ser, porém ensinado à luz das sombras.


Olhemos o céu estrelado, pois sabemos que são cortinas escuras pontilhadas e brilhantes, que por detrás se esconde mistérios tão maravilhosos e ao passo perigosos, que pensamos inúmeras vezes em abri-los, e mesmo assim o fazemos. Estou falando da alma humana.

terça-feira, 20 de março de 2018

A Casca no Telhado

Como somos teóricos! Tentamos resolver nossos conflitos sem uma prévia organização, sem mesmo refletir sobre o que tínhamos em mente, antes que ele aparecesse em nossas vidas. A teoria de que crescemos, evoluímos e nos transformamos em melhores seres, fica para trás como pegadas mal feitas no deserto. Não precisaríamos ser assim, políticos, no sentido mais hediondo da palavra -- foi o que me pareceu, ontem, quando vi um rapaz a comer uma banana pela janela. Até aqui, tudo bem.

Antes de comê-la, porém, mesmo com uma grande lata de lixo ao seu lado -- pelo menos a meio metro dele (!) -- preferiu o filho das gerações inconscientes jogar em cima do telhado a bendita casca... Foi horrível. Um momento de que jamais, ainda que simples, mas bastante metafórico e simbólico, me esquecerei. 

Tal imagem passou-me pela cabeça como uma grande falha estrutural pela qual estamos passando atualmente em termos políticos, religiosos, familiares, individuais, coletivos, sociais, comunitários, espirituais, educacionais, e porque não dizer mundiais...! Não apenas em nosso desgastado Brasil, que sofre pela omissão, incompetência, leniência proposital dos amos que dominam parte de cima da pirâmide, a qual nos parece uma flecha apontada para baixo. Gerando indignação pela falta de estratégia educacional e violência radical dos xiitas naturais que tomaram o país às escusas.

Foi uma grande figura de linguagem tal ato. Jogar uma casca de banana em cima do telhado, com desculpas de que ela vai virar adubo (!), mesmo que tenha embaixo dela uma lata de lixo voltada a colher o que se descarta diariamente, seja de qualquer ponto, é mais uma vez ser político, a tentar se desculpar pelas mazelas que fizera e ainda faz no presente em nome de um costume que não se abre mão -- às vezes, corromper, levar na malandragem o que de início lhe convém --, e dizer que tudo faz parte de um jogo político, como muitas cascas que são jogadas para fora do lixo, todos os dias, não apenas por eles, os chamados representantes do povo, mas pelo povo principalmente, o qual aprende a lidar com convicções híbridas de mentiras e enganos, dentro do pouco que é.

Não há culpa pelo detalhe. Somos incoerentes em nossos atos -- pelo menos, na maioria das vezes. O pouco que nos resta de coerência, nos faz ser relativamente celestes, prontos para entrar no céu. A prova disso são pastores de igreja que defendem paraísos fora da terra, e transformam a vida de seu fiel em um inferno de contradições, sejam práticas ou teóricas; outras provas somos nós, pais, que fazemos de tudo pelos filhos, e chegamos a teorizar a respeito até da essência da vida, inclusive sobre o autorrespeito, contudo, nossa verve ocidental não nos recompõe quando temos um vinho ou uma cerveja paga pelos amigos, e caímos em contradição na frente do educando...

Não tem como deixarmos de ser incoerentes, nossa natureza está em evolução pura, o que nos faz humanos em busca da perfeição, seja física, seja emocional ou espiritual; até lá, no entanto, temos que entrar em contradição com nossos desejos de elevação seja ela em qualquer nível. Para isso, temos que nos esforçar muito, praticar muito em função de algo (um grande referencial talvez), viver dele, para ele, não nos distrair dele, e mostrar que o sistema para qual buscamos tanto soluções está dentro e não fora de nós...


segunda-feira, 19 de março de 2018

O Que Fica

Como caracóis que se vão lentamente, homens e mulheres do mundo inteiro, desde a tenra época, em seus ideais de liberdade, de humanidade e amor, ladrilham ouro em seus caminhos, os quais são seguidos, imitados, copiados e até mesmo desvirtuados com intenções outras na voz de outros. Estes últimos não importa. Somos dotados de sacralidade, de uma profunda força descomunal que desconhecemos.

A prova disso é que há milênios contamos histórias de seres que andam em cima da água, que ressuscitam após a morte -- não somente no cristianismo, como também na cultura egípcia, maia, enfim --, que se tornam maiores do que foram, do que eram, e crescem mais ainda.

Entretanto, nós, com a tendência em elevar-se, procuramos, interesseiramente, amar as pessoas, fazer algo por elas, ir às favelas da vida, transformar vida de moradores em algo digno, e às vezes ser a voz daquele que nascera como um excluído. Tais humanos, de interesses egoicos, ainda que partidários em suas causas, são vistos como salvadores de pequenos mundos, mas significantes, dentro dos quais heróis e heroínas não precisam ser bons por completo, apenas falar em nome de alguém que se sente reprimido pelas forças ocultas de um Sistema que se diz democrático...

Estranho poder esse, cujo Estado não faz sua parte, instituições não fazem sua parte, nem mesmo aqueles que são eleitos pelo cidadão abandonado, ignorante e romântico, fazem sua parte... Sistema esse no qual é preciso que surjam mulheres maravilhas partidárias, super homens interesseiros, e morcegos gigantes que sugam o sangue do pobre com vistas a transformar sua vida futura em algo eterno, ao contrário do homem morcego (Batman), que idealiza salvar o próximo, haja o que houver.

Mas o real caracol, que se arrasta lentamente em nome do algo maior do que ele, digo, maior que suas pretensões externas, surge como um ser fiel ao universo, ao sagrado sistema interno, que foi um dia objetivo de muitos que por ele morreram, contudo, sabiam que a morte não era o que pensamos, refletimos por fim, era apenas o começo; não se mata uma ideia, diziam na tradição, nem mesmo se sabe de onde ela veio. 

Assim, não precisa ser um Cristo ou mesmo um Buda, nem mesmo um Platão, Aristóteles, cujas ideias permeiam até hoje, em nome de modificações internas e externas da humanidade; um indivíduo, ainda que pobre estruturalmente, mas elevado em ideias de reestruturação educacional, dentro de um grupo pequeno, quase obsoleto, contra um sistema que mórbido, que tenta com suas mão gigantes deter a água da liberdade,  pode fazer sentido... Pode mais, pode ser um grande herói.


quarta-feira, 14 de março de 2018

O Vem a Ser

O que vem  a ser o sol nascendo todos os dias, no mesmo lado do mundo, e se desfazendo naquele horizonte, perfeito, intocável?... O que vem a ser a chuva, misturada ao sol da tarde, em ventos leves, caprichando no céu dois arcos de arco-iris?...O que vem a ser uma grande lua no alto do escuridão, impressionando até o mais distraído dos homens?...Que lua é essa, que nos faz meio risonho, às vezes delirantes, amantes, cheios de canções e poemas em nossas almas?... O que vem a ser o cheiro da terra após a chuva forte, a retirar nossos pensamentos de ódio pelas águas que nos adentraram sem permissão?...

Poderia continuar sem respostas, mas as respondo... É a eternidade. Sentimos o cheiro dela nas vias mais estreitas, nas canções mais belas, que atingem o cimo de nossas almas. Mais que isso, sentimos no trabalho quando feito com amor, porque dura como a própria natureza, eterna por excelência; em nossa sociedade quando a real Justiça se plasma das ideias dos governantes; na Verdade, quando dita sem dor, de maneira simples, sem interesse, apenas com o ar de um lírio que se estende do campo à montanha.

A eternidade é o agora e o depois; quando nos debruçamos ante a algo maior que nós, na tentativa de sacralizar o mundo em que vivemos, por meio do respeito ao mítico, ao histórico e à cultura dos povos. Ao depois, quando, ao fechar os olhos para sempre, sentimos o dever cumprido, sem nos preocupar com castigos pós-mortem, com Deus ou deuses que nos perseguiram em pecados e perdões à vida inteira.

Não que nos devemos nos desligar deles, mas ao mesmo tempo deles fazer parte, como uma grama em meio ao gramado, como uma rosa bela em meio a outras mais belas ainda, por fim, como um ser humano em meio a outros. E isso não é um passeio, e sim uma jornada no deserto, uma incrível jornada ao longo das ilusões, seja em forma de projetos e ideais, seja voluntária ou involuntariamente, mesmo porque somos grãos com tendências a percorrer o mar, na tentativa de saber de onde ele veio, porque e para onde vai... Na realidade, queremos saber o que somos, para onde iremos e porquê...

Se a resposta ainda é eternidade, não tenhamos medo. 

terça-feira, 13 de março de 2018

Heróis Escondidos

Em muitas das ocasiões, acreditamos que temos poder em tudo que tocamos. É o conto do menino do dedo verde se fazendo em nós, como crianças que assistem a animações de heróis que ao observar um ponto pode derretê-lo ou animá-lo; é a nossa vontade de sermos poderosos, assim como um grande homem que, pudera, levitaria e se mostraria melhor que muitos ao seu redor.

Por isso e por muito mais, admiramos mitos na sua linha mais imaginativa possível; amamos histórias fantásticas nas quais somos fortes, mudamos o mundo, com voos rasantes e salvamos a mocinha, o amigo, a família, e nos tornamos aquele que parte paras as estrelas e volta quando chamado. 

E quando nos deparamos com problemas imediatos, daqueles que nos tornam formigas ante sua presença, ficamos no chão, e clamamos às divindades auxílio. Porque sabemos que, por mais força que façamos, não desaparecerá o bendito... E nem pode. Até mesmo o super herói pede problemas, no seu nível claro, caso contrário, não há herói, não há problema, não há mundo, nem nada... Tudo soaria como uma brisa no deserto frio, eterno.

A única força que temos é aquela que recebemos desde que a percebemos, seja em criança, quando somos obrigados a crescer um pouco mais que o necessário; na adolescência, quando nosso mundo está desabando e temos que tomar decisões que antes nem mesmo sabíamos que éramos capazes de tomar; e quando mais velho um pouco, a herança de nossa consciência cheia de resoluções ainda é pequena perante ao problema (ou problemas) que acreditávamos ser familiar. Não era. Nenhum deles é; sempre há um diferente, ainda que tenha a cara semelhante aos do passado.

O que nos reza então é mexer em nossos arquivos emocionais e psicológicos, enfrentá-lo como gladiadores veteranos, por meio de conselhos, sorrisos, gestos que enganam e escondem o que sentimos lá dentro -- estou falando do confronto com o desconhecido. Depois de uma certa idade, não há mais pequenos ou médios problemas, temos os reais, os quais nos dizem que estamos prontos (a maioria sim). e que a vida nada mais é que uma síntese maravilhosa de relatividades, dentro da qual temos nossas espadas, pequenas ou não, bem moldadas ou não, porém sempre a nos testar a vontade que se resguarda como falcões filhotes e que  crescem rapidamente quando temos o prazer de lutar.

Na realidade, todos os heróis nada mais são que a plasmação virtual de uma necessidade humana de mostrar o que temos dentro de nós. E a cada dia, percebemos que temos muito a oferecer à sociedade e ao mundo o que somos.

segunda-feira, 12 de março de 2018

O Três em Tudo

Na antiguidade todas as figuras geométricas possuíam uma simbologia perfeita: o círculo representava o infinito; o quadrado, as quatro bases do mundo -- Família, Religião, Filosofia e Ciência --,  e o Triângulo, bem mais conhecido, a mais forte e nobre das figuras geométricas, a qual se encontra em todos os aspectos na Natureza, seja em forma de tríade, tridente, trilogia, é relativizada pelas religiões, pelas seitas, plasmando o que seria a manifestação divina ao homem, como  Kon, Quila e Wiracocha, nos amerindios; Manas, Budhi e Átman, na antiga Índia; Isis, Osiris e Horus, do Antigo Egito, e assim por diante.

Com raríssima exceção, uma brusca mudança cultural se fez pós-tradição, quando os cristãos resolveram mexer na sua própria tríade, na qual, em milênios, estaria a representação simbólica da mulher (Wiracocha, Manas, Ísis, etc), e ficando assim,  "Pai, o Filho e o Espírito Santo", dando margens a pensamentos profundos em relação as santidades, até mesmo ao próprio Deus, o qual virou uma elaboração híbrida de elementos passados e com futuro confuso...

Não era isso, entretanto, o enrendo do que quero expor, mas a finalidade natural da tríade em várias ocasiões, circunstâncias, das quais somos protagonistas e nem mesmo sabemos: na natureza, por exemplo, o sol, a lua, a terra; mais embaixo, a mulher, o homem e o filho; e em nós, o corpo, a mente e nossos ideais. Sei que nesse último, poderia ter sido invenção de minha parte, mas não é; percebo que não somente no universo há as religações naturais, a demonstrar a face divina de maneira invisível, mas principalmente no homem, quando percebe-se que nos falta algo. 

O que seria esse Algo?

A meu ver, seria a direção para qual todos os seres humanos deveriam ir, ou pelo menos olhar. Sem ela, constato, não há projetos, ideias, decisões, vida... Há várias formas de andar, olhar para o céu, inventar, subir, descer -- mas, se não há a terceira parte, a Espiritual, não há para onde ir. Ou seja, o triângulo existe em tudo, de modo a nos fazer semear o que nos vem à mente ou ao coração. E percebo que fazemos isso tão involuntariamente, que, mesmo não entendendo ou ignorando, vivemos dele.

O filho, por exemplo, quando o temos pela primeira vez, parece-nos que veio para completar uma organização familiar. Seu papel como terceiro elemento é fundamental, que é crescer, evoluir, assim como os pais que o educam e fazem milhares de planos. Em projetos, o mesmo. Se o terceiro elemento não tiver base espiritual, qualquer que seja, não irá para frente, simplesmente pelo fato de que a própria natureza o exige. E nós, seres humanos, desconectados dessa realidade, não entendemos o porquê que nossos negócios não andarem e às vezes quebrarem e a se desmontarem misteriosamente...

Pirâmides

Muitos se questionam o porquê das pirâmides, de sua permanência em diversas partes do mundo em civilizações que foram dadas como potências em sabedoria e estrutura. Todas as nações do passado sabiam que o uno era composto, inicialmente, por três elementos fortes, dos quais o próprio homem, em terra, deveria, retirar sua educação, suas realizações, fossem elas internas ou externas. Por isso, era necessário representar, de alguma modo, algo que pudesse dizer (aos deuses) que estávamos indo ao encontro deles, não de encontro (contra). 

Mas as épocas mudam, e seus conceitos, representações também; e na maioria das vezes amordernizam-se com vistas a trazer formas estanques, sem ligação com a tradição, o que faz do homem um entre muitos que pensam, elaboram, racionalizam, porém, que se perdem em suas conclusões mais importantes, como a religião, política, sociedade e política...


sexta-feira, 9 de março de 2018

Triângulo



À minha família



Nessa epopeia de vida,
Em que amores se vão e vem,
Clamo a presença do amor
Em palavras e atos,
E faze-los de meu bem.
Nesse rumo de vida,
Tão estreito e surpreso,
Desfaço o que é nosso,
Em meu ócio e desvendo
Segredos.
Nessa história bendita
De nós três,
Um forte triângulo
Amoroso,
-- uma mulher linda,
Marido feliz, e filho
Dengoso, --
Cheio de esperança
Por um mundo melhor,
Recai a grande certeza,
Que buscamos a beleza
Sem prantos, sem dó.
Somos personagens
De um belo caminho,
Não solitários,
Não presos,
Apenas ilesos
Por termos nosso ninho.

Tinha Um Mestre no Meu Caminho...

Passando por corredores da vida, me encontrei com um antigo professor de filosofia que era apaixonado por Nietzsche, que dava aulas maravilhosas sobre a antiga Grécia e que amava tirar dúvidas quanto às religiões atuais e passadas. Mas eu, um mero reflexivo ex-aluno, que um dia se enamorou da verdade e por ela vive até então, o parei, conversei, me alegrei, mas, antes de deixá-lo ir embora, pergunte-lhe (claro, que eu não iria deixar barato aquele acaso sem acaso), "Professor, por que gostamos de rotular Deus?" -- Não sei se era ou não uma hora boa para lhe questionar a respeito daquilo (coisa que se faz em um ambiente mais fechado, cheio de interesseiros ao assunto; mas fiz).

Ele, sempre a sorrir, o que me dava um conforto geral na alma, pois a maioria não sorri e te deixa com a impressão de que está incomodando... Mas ele, o grande Paulo (brincávamos muito com ele o chamando de Saulo -- nome do Paulo bíblico, antes de conhecer a Cristo -- e ele sempre me dizia.. 'Por que me persegues, Reginaldo', e era só risadas), voltando, preso às idas da vida me disse, "sabemos que rotulamos tudo pela falta de profundidade... E quando o fazemos temos que buscar um mestre, senão vamos querer nos aprofundar sem cordas, e acabamos ficando sem saída, sem volta". Não sei bem o que queria ele dizer, mas me ficou a ideia de que somos meio aleatórios no quesito profundidade. Somos rasos demais, talvez, e isso nos prejudica em nossas conclusões quanto a muitos assuntos, principalmente religião. 

Paulo foi embora, me deixando, mais uma vez, um enigma do qual aprenderia a buscar pelo resto de minha vida a sua natureza, a sua verdade, e graças a ele, nesse encontro divino, sagrado, sem acasos, posso agora tentar rever  meus conceitos acerca de Deus, da vida, do homem, das sociedade e por que não dizer do espírito maior? Claro que eu já havia dialogado com ele diversas vezes em ocasiões mais diversas ainda, porém, depois de muito tempo sem rever meus conceitos acerca da Natureza, foi uma re-volta ao que eu procurava como respostas à minha latente pergunta.

Agora, no entanto, farei o que um outro mestre me pediu: "melhor do que sair por ai procurando perguntar, seria ótimo começar a praticar". Algo mais essencial que ficar andando, se questionando, é investir em práticas naturais com a própria vida, na vida, com os seres humanos, convivendo, refletindo acerca não somente do que sou, mas se encontrando em atos elevados, cheios de alegria e harmonia -- como diria uma grande professora.

E hoje, depois do grande encontro nos corredores da vida, posso dizer que ainda olho para os céus e me questiono sobre como apareceu o grande Deus poderoso que nos vigia, apesar do mal que está sempre em alerta, sem dormir nunca. É uma constatação cristã, sei, mas até mesmo os não cristão não se desgrudam de suas crenças passadas das quais pais e mães, irmãos, um dia, lhe deram. E isso equivale a dizer que nem mesmo um conjunto de mestres conseguem, de pronto, te dar a chave da verdade para lhe desobstruir essa massa sedimentada há séculos em família...

Mesmo assim, como um Pandava*em meio aos seus inimigos (os quais eram seus familiares, amigos e entes queridos...), temendo a dor da guerra, temendo machucar alguém que tanto ama, se move contra eles, contra as filosofias arcaicas nas quais mergulham desde sempre e que, um dia, fiz parte -- ou de repente, ainda faço -- porém rosno como a cão quando preso sem querer, pelo simples fato de querer mudar um pouco o trajeto de uma grande opinião que virou verdade.

Pois bem, depois desse estrago, penso nas duas maneira de entender a Deus: na profundidade do mestre Paulo, o qual de alguma forma salienta que devemos buscar um mestre para simplificar nossa visão sobre Deus, e da outra, olhando ao céu, buscando uma grande lágrima divina em nome do esquecimento humano ao que realmente é Deus.




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*Pandava: personagem épico do Bagava Gita.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Asa que Brilha Mais

Não falemos da violência, seja ela qual for. Falemos de ideais, dos quais tiramos somente o que Nos interessa (ao espírito), não a essa forma emocional física, ainda que bela, ainda que atraente aos os olhos externos do homem. Não. Falemos do Amor. Dessa engrenagem que se inicia lá do alto e termina em poesia, no fim de uma cascata fria, ao início de um rio puro e transparente... Como a própria mulher.

E assim como um rio que se vai às pedras, não adianta proibi-la ou mesmo submetê-la a qualquer esforço, como num passado distante e às vezes tão presente em nossos noticiários; não adianta medir a força física, em uma covardia sem fim, se seu poder de intuição grita tão agudo, que desmaia as possibilidades de guerra, ou mesmo analogias inúteis entre homens e mulheres. Somos asas de um mesmo corpo, do ideal maior, do equilíbrio do amor na família, na sociedade, no mundo...

Entretanto, sucumbimos em questões gélidas acerca do que são, do que ganham e do que fazem. Mas elas, as reais mulheres, que nascem fêmeas guerreiras, morrem heroínas, se antepõe aos devaneios de um mundo pobre em todos os sentidos: elas se erguem como várias Joanas Darks, Nefertitis, Simones, Marias, a demonstrar que se erguem em qualquer terreno, em nome de um céu em que acreditam...

Minha experiência como homem observador dessa asa que bate ao meu lado, me faz ser apenas mais um, não o Um, como acostumamos pensar que somos. e talvez, por isso, nos atrasamos em relação a elas, que a cada instante se posicionam como grandes asas necessárias à vida, em direção ao deus que mora em seus corações -- que seja.  O mais importante, quem sabe, seja nosso posicionamento como seres humanos -- cada um dentro de seu dom, de seu talento, não desfazendo das ferramentas que obtivemos desde que acolhemos, decidimos, e abrimos os olhos para o mundo.

Assim, sem cair em direção ao rio da ignorância -- machismos, feminismos -- ou mesmo subindo demais aos céus -- com rótulos da verdade relativos, inclinados à sabedoria informativa, -- podemos voar, voar e voar...

É belo por excelência. 


Obrigado, mulheres!

quarta-feira, 7 de março de 2018

As Chaves da Vida

Muito do que fazemos, nas coisas que mexemos, dos objetos que tocamos, dos passos que damos, tudo nos parece uma grande metáfora do por vir. Talvez seja uma visão meio complexa, mas vai ao encontro de uma tradição que dava credibilidade ao que estava ao nosso redor, como se nada fosse por acaso (e não é). Muitos vão dizer que as coisas que apreciamos nada mais são que organizações paralelas das quais não se pode tirar nada, mesmo porque o homem tem mania de achar que é o centro do universo.

Concordo em parte; porém, se estamos em um caminho, seja ela formado por pedras ou mesmo iluminado pelos raios do sol, dá-se para tirar a conclusão que o lugar para qual estamos indo pode ser uma cachoeira de vários metros, no meio de uma floresta, ou mesmo para um deserto de possibilidades. Enfim, a Natureza não está aqui para dizer para onde vamos, mas dá rastros para dizer onde estamos, e aí nos cabe entender com nossa inteligência se estamos subindo ou descendo, indo para o bem ou para o mal.

As chaves devem ser percebidas, a porta também. Às vezes, as temos em nossas mãos e não conseguimos abrir nem mesmo um pequeno baú, simplesmente porque acreditamos que não tinha nada a ver conosco. A porta, quando concreta, precisa ser aberta; e a chave, em nossas mãos, precisa ser usada, entretanto, até mesmo literalmente nos embananamos de vez em quando e deixamos para abrir quando alguém se aproxima e nos ajuda.

Uma frase bela que um dia um grande mestre me disse, e até hoje não a esqueço: "Se você tem Deus em suas possibilidades, você já o tem". O que significa isso? Um ideal, quando pensado, idealizado por alguém, se torna o pão e o vinho, o almoço e o jantar daquele que não somente reflete em torno dele, mas principalmente dele vai atrás, e quando consegue tocá-lo sabe que a resposta é mais profunda, mas interna e mística...

E a chave disso tudo é a Filosofia, que supera discriminações, preconceitos, tabus arcaicos, assim como um fio que se é colocado dentro de um labirinto e levado ao extremo de seu centro para matar o mal que ali vive, e quando o fazemos, buscamos por ela a volta aos nossos valores, os quais tínhamos anteriormente deixado no início de tudo... E descobrimos, mais tarde, que o labirinto estava em nós, que o mal também foi criado por nós, e quando dele saímos, graças ao fio, percebemos que tudo está em tudo.

Não adianta, nas mínimas coisas a vida nos ensina, nos dá rastro de nossa ignorância ou sabedoria. Seja para qual for o lado, para cima ou para baixo, na multidão ou sozinho, em silêncio ou narrando todos os fatos que nos passam, ela sempre diz ao homem para onde vamos e porquê.

terça-feira, 6 de março de 2018

Imortais

Há época das grandes guerras, quando havia gregos e espartanos, lutando juntos, lado a lado, por ideais de liberdade territorial, pairava uma grande ordem entre as duas potências que se revesavam na organização. Uma, a grega, na clássica forma marítima, a qual fora responsável pela derrocada de Xerxes, o grande persa, e rei dos reis, em alto mar, e aos espartanos, os quais, em terra, brilhavam tanto, que faziam seus adversários romperem em lágrimas -- e isso não é invenção, é fato.

Fora essas peculiaridades, todos sabem que, quando nos referimos a essas potências (não somente a elas) devemos respeito em todos os sentidos, simplesmente pelo fato de que foram gerentes em um mundo que necessitava de uma sutil ordem, e elas, dentro do grande contexto na qual se encontravam, foram além: promoveram o respeito às leis sagradas de seu tempo, o que fez, até hoje, nos educar em relação àquelas culturas e às demais.

No meio de Esparta tinha uma grande monumento a dizer "Não importa o que fazemos, o que importa é que seguimos grande Lei". Percebemos que a importância não somente estrutural estava em jogo, mas principalmente interna, aquela que estaria de acordo com algum princípio universal tangível ao que aprendemos em escolas, faculdades, em nosso meio. Tangível no sentido mais flexível possível, mesmo porque toda lei universal pode ser apreciada e cultivada dentro do que fazemos como homem moderno ou não. 

Porém falta ao homem moderno seguir tais leis naturais em seu meio, de modo a construir uma filosofia educacional em torno do que vive, caso contrário teremos apenas observadores, voltados à uma admiração física, como acontece com as grandes pirâmides egípcias, as quais são mais que construções belíssimas, imensas, potentes, enfim, são mais que pedras grandiosas cujo transporte delas para sua finalidade ficamos a repensar até hoje... Mas não é isso a que devemos antever, e sim o que representam para  o universo, e sua finalidade dentro dessa Ordem. 

Todas as construções gregas e romanas, e egípcias e persas, e muito mais possuem esse viés natural, esse enigma semântico, dentro qual o modernismo se perde. Não sabemos porquê, mas de repente leis como as que eram obedecidas no passado -- entre gregos e espartanos, egípcios e persas -- fizeram daquelas nações não somente grandes em espaço (as vezes nem eram), ricas em tesouros, em todos os sentidos estruturais, mas em suas entrelinhas, no cantinho idílico de cada uma, onde o espírito delas adormeciam e ao mesmo tempo reinava fora de dento de seus espaços e de seus habitantes.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Hipocrisia da Caverna

Todos nós tentamos, de alguma forma, tangenciar nossos mundos e encontrar respostas ao que nos faz correr atrás do próprio rabo. Precisamos disso. Sei que a metáfora foi demais, porém não há outro modo de dizer que nos afincamos em nossos problemas, mergulhamos nele, e quando tocamos na sua essência, voltamos. Mas não são todos assim, pelo menos em meu meio! o que me faz ser um privilegiado em questões não resolúveis e resolúveis.

O que pretendo dizer é piegas demais levando em consideração o contexto anterior: há pessoas que amam mergulhar em crises e nada delas tirar; outras se infiltram como mergulhadores em mares profundos, almejam encontrar soluções raras, pegam em cacos de vidro antigos, não se cortam, não se contaminam, e sobem à superfície com ares de vencedor.

Prefiro aqueles, um tanto diferentes daqueles, que sabem o que estão fazendo. Pulam dentro do mar, após estudá-lo minuciosamente, se jogam em lugares lúgubres do oceano, e como um cavalheiro marítimo encontra tubarões, arraias, entre outros, que podem traumatizá-lo em sua aventura... 

Esse, no entanto, vai ao fundo das possibilidades revestido como um profissional que há muito mergulhou, enfrentou de tudo, encontrou o que queria, levou seus objetos que procurava e viveu mais uma experiência, e levou toda ela para cima...

Na Caverna é o contrário. Não sabemos o que está lá fora, mas graças à mente imaginativa humana relativizamos, individualizamos e em nossas palavras acreditamos, ainda que não saibamos de nada. Isso nos torna hipócritas da caverna; mentirosos. frios homens de bem que tentam levar o céu e o inferno sem mesmo saber o que são aos algemados da vida. Sem saber que também o somos.

Pastores, padres, sacerdotes em geral, que ainda vivem a ensinar a palavra de Deus, que são estanques naquilo que ensinam, nunca souberam lidar com o lado externo da caverna. E o motivo é sua falta de respeito ao que a tradição vô-lo ensinou: que muitos do passado viram a Justiça, o Belo, a Verdade de perto -- valores pós-caverna -- tentaram por meio de palavras e exemplos dizer que nossas ferramentas estavam sendo mal usadas, mais do que isso, estávamos usando pedras e não martelos, nossas cabeças, em vez de serras, enfim, mostraram que o que estava lá fora nada mais era o que buscávamos lá dentro da caverna, só que voltados para nossos corpos, emoções, interesses, paixões, os quais se tornaram nossos mestres com o tempo.

A experiência por que passamos em torno das sombras, feita pela grande fogueira política atual, nos torna mais fixos ao lado inverso da Verdade, e a prova disso está nos murais do mundo que nos desvirtua dela, nos tirando até mesmo o básico da vida, e se nos tiram o básico, como iremos nos voltar para trás, saber que exitem forças maiores, elementos mais profundos nos quais devemos mergulhar e não pequenas coisas que nos dão como se fôssemos crianças grandes, em meio a carrinhos de lego eternos, os quais jamais deixamos de montar porque sempre o desmontam friamente, dizendo... "montem de novo"! -- como senhores feudais que querem nossa aniquilação interna, como pais e mães que não nos querem do lado de fora com medo que tenhamos outros pensamentos além daqueles que nos ensinam.

O que nos mata (pelo menos aos que buscam saídas estratégicas da grande caverna, porém mais amarrados do que outros) é a falta de simplicidade, baseada em princípios mais simples ainda, o de dizer que não se sabe, de dizer que somos humanos e que o único medo é o de não reconhecer que possuímos formas latentes de potencialidades e que delas não podemos usufruir para sair de nossa ignorância, a pior das cavernas.





A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....