segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Caminhos Apagados

A Ciência e a Religião já foram irmãs, compartilharam os mesmos ideais, observaram mais as estrelas e delas retiraram não apenas o sentido cósmico, mas principalmente o sagrado. Uma prova disso foi a época dos faraós, no Antigo Egito, mais precisamente na época de Ramsés II, o grande, que viveu mais de sessenta anos no poder. Muitos até hoje o consideram o "homem-deus" mais direcionado às suas funções políticas e religiosas entre todos os outros que já viveram. 

Houve muitos, entretanto, os quais seguiram a mesma linha, mas Ramsés, filho de Seth I, combinou inteligência, astúcia e sabedoria ao longo de sua História. E não era para menos, todos os dias de sua vida, tinha como meta o Sol, não o sol físico, ainda que o olhasse sem piscar durante horas, era o sol interno, cujos raios fazia questão de direcionar ao seu povo em forma de paz, força -- em nome de suas terras -- e conhecimento, baseado na tradição, que deixara o Egito a nação mais potente do mundo, não apenas estruturalmente, mas principalmente no sentido religioso da questão.

Após sua morte, outros homens que tentaram seguir seus rumos ante ao desconhecido não  o conseguiram, porque não eram iniciados assim como foi o "Filho da Luz", conotação advinda de seus filhos -- não biológicos, que eram mais de oitenta. Mas o que ficou, para nós, depois de séculos de indagações, foi a realização de seus feitos -- mal interpretados à luz de nossa consciência capitalista. 

Assim como todo homem sagrado, Ramsés levantou templos em homenagem aos deuses -- Amon, Ré e Ptah --, auxiliado por seus melhores homens nos quais tinha toda confiança, além de materializada a fé em seus corações. E por onde passava -- em suas viagens naturais de um bom governante que precisava plasmar sua fé nas potencialidades daquela civilização -- fazia questão de construir templos, e um deles, Abu Simbel, fora construído perto do Nilo, rio com o qual sonhava e com o qual se preocupava, pois era nele que seu povo se identificava.

Não iremos falar, no entanto, de suas obras, sobre as quais pairam contentamento, paz, poder e ao mesmo tempo sacralidade. Era a religião dominando aquele aspecto, de modo a todos se encontrarem e a se espiritualizarem, não graças à presença física de cada uma -- o que é importante -- mas sim ao que representavam. Pois os egípcios acreditavam que toda obra tinha uma finalidade celeste -- ao contrário de algumas, que mais tarde trouxeram descontentamento ao povo, mesmo porque os faraós já não eram mais os mesmos.

Hoje quando se fala em sacralidade, em obras gigantescas, nossa educação só nos permite refletir limitadamente e às vezes cientificamente acerca delas e de outras que quebraram o formato tradicional, buscando entender como fizeram, quem fez, para quê, e quando nos respondemos, não acreditamos e acabamos por ficar com o que temos: nada. Natural. A História humana foi bem desvirtuada de lá para cá, e não conseguimos explicar os mitos, a profundidade do objeto das nações clássicas, e por fim, nos distanciamos do sentido divino e humano com o tempo.

Hoje, a Ciência tenta entender a maldição das tumbas, o porquê que faraós eram enterrados debaixo das pirâmides, com a perfeição dos tijolos, com a centralidade cósmica de cada templo, e não entram em acordos com o lado religioso da questão, a qual fica a critério da Igreja, que trabalha com hipóteses mais engraçadas, mais impotentes, ao mesmo tempo com tanto afinco em suas convicções "inconvictas" que gerações se vão em caminhos feitos em grandes matagais, sem conhecer reais caminhos já feitos no passado.




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