quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Fábrica do Prazer

Não tem como não cair no modismo, nos prazeres materiais a que somos destinados a gostar desde a nossa primeira aparição no mundo... (calma, dá-se um jeito), não tem como fugir deles, assim como fugimos de pessoas que não nos agradam, e quando pensamos em fazê-lo, lá estamos, imitando aquele modismo, advindo de alguém ou de algum filme, novela, animação, entre outros, os quais são apenas teatros nos quais personagens imitando uma realidade copiada, e quando menos se percebe a realidade imita a "arte".

Nesse rabo de cachorro que não se alcança, nos aparece, para tangenciar, nossas reflexões -- pensamentos acerca do que estamos fazendo, para onde estamos indo, e na maioria das vezes, porque estamos fazendo aquilo... Como diria uma pessoa amada, a que tanto preso, "se os índios correm ao redor da fogueira com propósito, por que eu tenho que fazer tudo sem propósito?"...

Nosso único propósito, talvez, seria, naquilo que fazemos, imitamos, mesmo sem reflexões, é encontrar algo que nos dê prazer, ainda que não o encontramos. É estranho, é humano. Mas também é humano, tentar entender nossa natureza interna, tentar ir a fundo naquilo que somos, no que somos capazes, eficazes, se trabalharmos, nos dedicarmos e enfim saber o que estamos fazendo.

O modismo não nos ensina isso. Ele trabalha com sensações, com vontades mal direcionadas, embricadas de valores externos, inventados, sempre com finalidades materiais, físicas, mesmo que demos graças a Deus por conseguir chegar à metade do caminho humano. Ou seja, trabalhamos apenas a parte fácil, que almejamos desde que nascemos, como crianças insatisfeitas eternamente, mudando apenas o querer -- do carrinho de plástico ao sedan da moda, e deste ao jatinho, e daí por diante.

Para muitos, entretanto, é difícil, mesmo porque nosso sistema, esse que abarca os valores inventados, faz questão que tenhamos dificuldades na consecução de nossos bens e valores, justamente pelo fato de que não nos quer com os olhos voltados a nós mesmos, ao que realmente nos interessa, aos pequenos detalhes que fazem diferença no sistema inteiro, e que, se ao contrário for, vão nos taxar de loucos, de viciados, de talibãs...

E a fábrica de prazeres continua com sua grande finalidade em nos dar.... prazer, paixões, alegrias, aventuras, políticas, religiosidade máxima de deuses frios e violadores de princípios sagrados; continua o drama em ser o que somos, baseados em premissas mentirosas, oferecido pela mídia -- no "seja você mesmo" americanizado --, em terrenos em que eles mesmos não sabem nem meso pisar.

Um dia um mestre sábio nos ensinou a esquecer os sentidos de alegria, de paixão, de morte, de maneira que os aceitássemos como ondas que vão e que vem. Sabia, pois, esse mestre, iniciado debaixo de uma árvore na Índia, que todas as sensações que nos passa, se vão, assim como as ondas, que vêm, e que vão, eternamente. Assim, teríamos que agir de acordo com a nossa maior Vontade, aquela que nos impulsa ao ser interno, o indivisível, o oculto, a deixar, sem apego, compreendendo profundamente o papel de cada um em seu devido lugar, sem dar nomes, e ao mesmo tempo apreciando cada um, como pequenas estrelas -- detalhes que não nos ensinam a observar, desde a tenra idade. A paz reinaria por fim.




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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....