Sei o quanto que são bobos meus comentários a respeito de minha vida, mas, às vezes, acho singular determinado momento e gosto de compartilhar com alguém, sei lá, com você, leitor -- se é que alguém lê alguma coisa nesse blog!.. -- me colocar como um ser humano que se coloca diante de um espelho, assim como qualquer um que tem problemas, que passa por situações difíceis, as resolve, por meros detalhes, que, para mim, não são apenas detalhes, mas o que me move, devagar, ao meu ideal -- será que o tenho?
E uma das situações é aquela em que eu sempre me refiro à minha família, em especial ao filho, do qual sempre amo falar algo, me expressar da melhor maneira, a buscar palavras, ainda que não rebuscadas, porém, traduzem, ou tentam traduzir o que posso dele dizer. Nunca, jamais, de forma alguma, dizer que ele será igual aos demais em comportamento, em educação, em formação. A gente sempre espera que nosso filho seja um gentleman, ou como diria no passado, um cavalheiro de uma távola que virá com o rei Arthur, prontinho, a menear os diálogos. É o sonho dos pais -- o meu, posso dizer.
E de sonhos, dessas palavras inacabadas, eu vivo, persisto e inicio meu processo de criação, argumentação e busca por princípios que me tornam homem que um dia, quem sabe, me tornará um dos mais respeitados até então. Mas é pedir demais, é um sonhar demais, ao mesmo tempo não chega a ser uma quimera, pois o que argumentamos hoje pode ter uma grande finalidade amanhã, e percebo que pode até nos fazer mais práticos com relação à própria vida -- pelo menos a minha.
Talvez, não sei, devo esses devaneios aos livros que leio, aos livros que me fazem, ou tentam, me transformar pela sua fulgralidade ou mesmo complexidade, como é o caso dos livros de Platão; outros, no entanto, não causam tanto impacto, mas me deixam diluir meus pensamentos de forma natural, sem torturas diárias -- mas falham quando tento observar o ponto de vista alheio.
Por exemplo, quando leio livros como A República, de Platão -- já o li umas duas vezes! -- e não compreendo, percebo que racionalmente não se pode perceber o que se está entrelinhas, mas em nossos corações. Todas as vezes que chegamos ao final dele, não sabemos se damos viva pelo término ou pelo encerramento dessa grande obra, que fora feita com a pena de Maât*, com o vício dos anjos e com a sacralidade de todos os homens de bem: foi feita para os homens que buscam seus limites internos, que querem sanar suas respostas quanto ao Absoluto e entender a vida, não da maneira como a entendemos hoje.
E o que isso tem a ver com minha vida?... Não sei, mas o que me faz repensar meus valores ante a mim mesmo, à minha família e a Deus, com certeza, faz um grande efeito na alma de alguém. Outras obras me complementaram, mas todas elas, sempre de algum modo, revelaram cópias dessa última, a qual, repenso, penso, reflito, jamais terá algo melhor para se ler e quando eu morrer pedirei para colocá-la dentro da urna, para, se, caso necessário for, abrir os olhos lá embaixo...
Fúnebre, né?Mas é bom, de vez em quando brincar com a morte, mesmo porque se brinca o tempo todo com o que não conhecemos e relativizamos, assim como todas as divindades que foram frutos, no passado, até mesmo por Homero, de meras brincadeiras na construção de sua Ilíada e Odisseia, tornando-as quase humanas, dando, como dizia minha mãe, pano para manga aos diretores de Hollywood em transformá-las em um bando de heróis ou vilões, da forma como lhe convierem.
A verdade é que estou entro o céu e o inferno.
Em atitudes que nem sempre sei se são válidas ao Deus cristão e outras, entre os mestres do passado, eu me perco, me desconverso, porém, olho para o céu -- interno -- ao qual tento me referenciar, me direcionar, pensando nos diálogos entre mim e professores que me jogaram esse inferno chamado Filosofia, do qual jamais, jamais, graças a ela, deixarei de pensar como antes pensava.
Um remédio, talvez? uma praga? uma dor ou um céu eterno? acho que depende de mim, de meus atos em relação àquilo que acredito, ou pelo menos penso que acredito, pois, agora, com a idade que tenho, tudo se revela de uma forma meio cientificista, racionalista, cheia de novas dúvidas quanto ao ser humano, a mim, e para variar... a Deus.
Será que estou ficando velho?
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