Em busca de um sábio... Que somos. |
Resguardar nossos segredos, nossos ideais, nossas menores
ideias, é um exercício que nos faz voltar a ser o que realmente somos, um pouco
sábios em nossas possibilidades. Nesse mero exercício, tarefa apenas condizente
com o justo, sabe-se que a natureza, tudo em torno de nós, não trabalha com o
acaso, e que se estamos ali, em meio a paixões, sentimentos frívolos, conflitos
externos, interpelações pessoas, é porque há um mistério, uma Justiça...
Um dia um filósofo cristão nos disse, “feliz é aquele que
passa por provas, pois está vivo!”, e esse é o nosso grande papel na vida,
desvendar o papel dela, entender o que estamos fazendo ali, no olho do furacão,
nos redemoinhos da terra. E a única palavra que surge, em meio a tudo e a todos
os tipos de lhanuras pelas quais passamos e na quais estamos, chama-se
Justiça...
Fechar os Olhos
Vamos fechar os olhos, e nesse escuro refletir o porquê de
estarmos aqui, em segredo, conosco mesmos, como se nada houvesse ao nosso
redor. Vamos descobrir em poucos pensamentos que percorremos grandes caminhos,
subimos montanhas psicológicas, até literais, se é o caso de um alpinista (!),
e, aqui e agora, nada podemos fazer senão trabalhar com o que temos, e não
questionarmos “Ó meu Deus, por que comigo?”, e seguir em frente como guerreiros
(não guerrilheiros!) que somos!
E desse segredo vamos resguardar o conhecimento do sábio
interno, que nos diz a toda hora, a todo custo, seja embaixo do chuveiro,
debaixo de uma ponte, em meio a um terremoto, tsunamis, que o bem e o mal nada
mais é que dois seres que se harmonizam e que precisamos deles, dentro de nós.
Abrir os Olhos
Não há culpados, a não ser a nós mesmos, pelo estado em que
nos encontramos. Não adianta “pesquisar” nos sites, ler nos livros (apenas os
clássicos!) e descobrir que o próximo, aquela pessoa com quem andamos, vivemos,
ou mesmo aquela que amamos ou odiamos, enfim, seja ela qual for, não tem a
grande responsabilidade de indicar nosso presente estado.
É preciso agradecer apenas aos deuses, como diria uma grande
teósofa, “se os deuses quisessem, eles piorariam o seu estado, mas resolveram,
dentro do que são, serem Bons”; o que ela quis dizer, no entanto, não tem nada
a ver com deuses pessoais, manipuladores de seres humanos, mas de uma Justiça
invisível na qual estamos todos, e que sempre que passamos por tormentas, nós
dela lembramos em forma de ofensas “Ó, por que comigo?!”...
Passos na Areia
Possuímos tatuagens em nossas costas, e nossos pés andam
descalços o tempo todo em meio a areia molhada, e deixam rastros do que
fizemos. Não percebemos até que... Bem, refletir acerca de nossos atos não é
muito difícil, mas entender que somos responsáveis, olhando para dentro de nós
mesmos, é mais ainda. O que para o sábio nada mais é que uma constante, porque
ali, em sua justiça, como homem que é, entende que o universo conspira a favor
de quem com ele se harmoniza, em pensamentos e atos.
Porém, para o homem comum, principalmente para o Ocidental,
que acredita em sombras grandes que resguardam sua família, seu mundo, ele, em
algum momento, se torna especial, em separado, como uma estrela distante ao
passo bela, a se esconder de todos no escuro de seus mistérios. O homem
ocidental, quando lhe vêm os conflitos, sabe o quanto não aprendeu, o quanto
foi injusto na vida e com as pessoas, e consigo mesmo, mas, por outro lado,
desconsidera seu papel ante a natureza, portando-se apenas como um filho de uma
grande sombra.
O sábio, por ser sábio, já participa da justiça de sê-lo, ou
seja, não é por acaso que sabe dos pormenores de sua existência, da existência da
calada da noite, do berro da vida, do ranger da morte, da monstruosidade humana,
e da beleza dos lírios. Sabe, não por acaso, que mora nele a Justiça, e que
ele, por si, mora dentro de outra, por isso não está livre dos acontecimentos
inerentes aos humanos, nem poderia – ele também o é.
E quando nele bate o desafio do confronto, o faz sem medo,
sem segredo, a passos pequenos, porém claros como água. O sábio não se altera,
pois sabe que os riachos da vida não param para serem elogiados, nem mesmo para
desviar das pedras. E ele é um aspecto dessa natureza.
E como uma viga de ferro, como um mastro a tremular uma
bandeira, o sábio não procura se defender, não sorri largamente por um elogio,
nem o procura, mas vigia sua vida como a um estoico, a saber que tudo pode
mudar com o tempo, como as ondas de um mar.
E assim, como sábios devemos viver. Exercer nossas vontades
em direção a Natureza maior, e que ela, ao encontro da nossa, seja o
contraponto maior das realidades. Enfim, que adotemos moderações em nossas
ações, na busca pelo sábio interno, e não ter medo de dizer “Eu não sei”, “Eu
não posso”, “Eu não quero”, a prosseguir na busca sensata pelos nossos
objetivos.
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