Desconfie das convenções sociais. |
Quando lavamos uma louça, percebe-se que, se o fizermos da
maneira organizada, não só lavaremos os pratos, talheres, copos, vasilhas, mas
também teremos o ligeiro pensamento de que estamos dentro de uma micro-organização
a qual pede naturalmente que imprimimos uma vontade advinda de uma mente mais
organizada ainda.
Não somente a louça, mas se nos detivermos no mesmo
pensamento, olharemos ao nosso redor e percebemos, com a mesma vontade, outras
desorganizações nas quais se precisam impor mais ritmo, mais força e ao mesmo
tempo mais leveza e compreensão, pois não podemos perceber apenas o que está ao
nosso redor, temos que introduzir o que está em nossa mente. A organização. E
praticá-la.
Para isso, é preciso que tenhamos a nossa própria organização.
E quando me refiro a esse termo, obrigo-me a pensar de maneira macro,
impondo-me dentro de outros contextos, nos quais serei obrigado a entender que
minha mente seja organizada por mim, não por terceiros, ou seja, dentro do que
já explanei, é natural que eu reflita, agora, acerca de referenciais.
Eles, como placas indicativas, vão me conduzir ao que escuto
– em termos de músicas, em conversas, diálogos longos, declarações; vão me
conduzir ao que eu leio , ao que assisto, às pessoas que ao meu redor ficam.
Aos meus amigos. O referencial é propício ao ser humano notadamente que busca
filtrar seus valores sociais, e perceber que, dentro deles, pode-se religar com
algo maior, ou mesmo ao que subjaz a si mesmo. A alma.
Por isso, não devemos nos portar como plásticos ao vento. Não
o somos. Somos seres que pretendem evoluir com as ferramentas que os deuses nos
deram, e com a vida que nos proporcionaram. É difícil. Por mais que acreditamos
que trazer o que nos vale à pena ao nosso lado seja gratuito, não é. A depender
do local em que residimos, da cultura em que nascemos, será mais difícil ou
mais fácil...
Contudo, temos um trunfo escondido em nossas mangas
internas. Temos a Vontade. A pura e bela Vontade que nos edifica em qualquer
ambiente, independente de nossos valores sociais, culturais, falas, amigos, paixões,
religiões, inteligências, enfim, temos a fração natural e certa para entender
que Deus está em nós, e até mesmo debaixo daquela rocha que um dia será
levantada.
Convenções...
É belo. No entanto, temos as convenções sociais que nos
atacam diariamente com se fôssemos filhos a tomar um remédio ruim a nos fazer
bem noutro dia. A questão é que, a depender do que nos inserem, o remédio não é
bom, e não nos fará bem em qualquer época, simplesmente porque não é algo que nos
oferece objetivos de mudança interna. Nossa felicidade.
Convenções são realidades naturais de uma sociedade que corre
ladeira abaixo, como vagões de um trem descarrilhado; são opiniões, são
formalidade usuais, que com o tempo serão informais. Pouco há de sábio em tudo
isso.
Crenças...
E por falar em sabedoria, será que podemos falar em crenças
quando nos tocamos em referenciais, em vontade? Difícil. Mesmo porque todas as
crenças, se nos detivermos nesse pensamento, serão menos racionais, menos
prodigiosas a objetivos divinos do que pensamos... Cairão no precipício.
Claro que as crenças, como um todo, têm seus objetivos. A
maioria, sabemos, quer edificar seus muros ideológicos, fechando a sociedade
por meio de suas... Convenções... frágeis, as quais se tornam princípios, e
estes, advindos de esferas arcaicas, sem que haja qualquer ligação com o
sagrado, se impõe e costumam a se elevar com indivíduos com falas simples e significativas
ao contexto daquela sociedade... Contudo, sem qualquer natureza para ser algo
que possa ter o cheiro de eternidade...
É essa a realidade das crenças. E quando caem nas
estatísticas, ou seja, a perder seus fiéis, inventam qualquer meio para
trazê-los ao rebanho do qual saíram. E se o fez foi porque teve a ideia de
questionar, se mexer, roçar, e retirar suas “algemas” psicológicas, e ganhar o
poder de pensar... Mas ao ver das crenças não pode...
Daí, ao saber que outros o fizeram, estão escolhendo suas
religiões, seus caminhos, ideias novas são tramadas, e novos santos são
eleitos. Assim, a bondade, o amor, a paz... Tudo é renovado ao homem que volta
a acreditar em sua antiga crença, da qual ele pensava que tinha saído, mas nem
sequer teve o pensamento. Não conseguiu. Foi resgatado antes que alcançasse a
saída da caverna.
Assim, a confiança se vai. Não há mais crenças confiáveis.
Todas elas, até mesmo as nossas, percebemos, são conseguidas de forma casual,
ou, como o mais provável, transmitidas de forma irresponsável, ignorante... Ou
seja, nos tonamos objetos, não seres humanos.
Voltamos com mais Plásticos outro dia...
Tenham um grande dia; um ótimo fim de semana!
Nenhum comentário:
Postar um comentário