quarta-feira, 30 de abril de 2014

Plástico ao Vento

Desconfie das convenções sociais.



Quando lavamos uma louça, percebe-se que, se o fizermos da maneira organizada, não só lavaremos os pratos, talheres, copos, vasilhas, mas também teremos o ligeiro pensamento de que estamos dentro de uma micro-organização a qual pede naturalmente que imprimimos uma vontade advinda de uma mente mais organizada ainda.

Não somente a louça, mas se nos detivermos no mesmo pensamento, olharemos ao nosso redor e percebemos, com a mesma vontade, outras desorganizações nas quais se precisam impor mais ritmo, mais força e ao mesmo tempo mais leveza e compreensão, pois não podemos perceber apenas o que está ao nosso redor, temos que introduzir o que está em nossa mente. A organização. E praticá-la.

Para isso, é preciso que tenhamos a nossa própria organização. E quando me refiro a esse termo, obrigo-me a pensar de maneira macro, impondo-me dentro de outros contextos, nos quais serei obrigado a entender que minha mente seja organizada por mim, não por terceiros, ou seja, dentro do que já explanei, é natural que eu reflita, agora, acerca de referenciais.

Eles, como placas indicativas, vão me conduzir ao que escuto – em termos de músicas, em conversas, diálogos longos, declarações; vão me conduzir ao que eu leio , ao que assisto, às pessoas que ao meu redor ficam. Aos meus amigos. O referencial é propício ao ser humano notadamente que busca filtrar seus valores sociais, e perceber que, dentro deles, pode-se religar com algo maior, ou mesmo ao que subjaz a si mesmo. A  alma.

Por isso, não devemos nos portar como plásticos ao vento. Não o somos. Somos seres que pretendem evoluir com as ferramentas que os deuses nos deram, e com a vida que nos proporcionaram. É difícil. Por mais que acreditamos que trazer o que nos vale à pena ao nosso lado seja gratuito, não é. A depender do local em que residimos, da cultura em que nascemos, será mais difícil ou mais fácil...

Contudo, temos um trunfo escondido em nossas mangas internas. Temos a Vontade. A pura e bela Vontade que nos edifica em qualquer ambiente, independente de nossos valores sociais, culturais, falas, amigos, paixões, religiões, inteligências, enfim, temos a fração natural e certa para entender que Deus está em nós, e até mesmo debaixo daquela rocha que um dia será levantada.

Convenções...

É belo. No entanto, temos as convenções sociais que nos atacam diariamente com se fôssemos filhos a tomar um remédio ruim a nos fazer bem noutro dia. A questão é que, a depender do que nos inserem, o remédio não é bom, e não nos fará bem em qualquer época, simplesmente porque não é algo que nos oferece objetivos de mudança interna. Nossa felicidade.

Convenções são realidades naturais de uma sociedade que corre ladeira abaixo, como vagões de um trem descarrilhado; são opiniões, são formalidade usuais, que com o tempo serão informais. Pouco há de sábio em tudo isso.

Crenças...

E por falar em sabedoria, será que podemos falar em crenças quando nos tocamos em referenciais, em vontade? Difícil. Mesmo porque todas as crenças, se nos detivermos nesse pensamento, serão menos racionais, menos prodigiosas a objetivos divinos do que pensamos... Cairão no precipício.

Claro que as crenças, como um todo, têm seus objetivos. A maioria, sabemos, quer edificar seus muros ideológicos, fechando a sociedade por meio de suas... Convenções... frágeis, as quais se tornam princípios, e estes, advindos de esferas arcaicas, sem que haja qualquer ligação com o sagrado, se impõe e costumam a se elevar com indivíduos com falas simples e significativas ao contexto daquela sociedade... Contudo, sem qualquer natureza para ser algo que possa ter o cheiro de eternidade...

É essa a realidade das crenças. E quando caem nas estatísticas, ou seja, a perder seus fiéis, inventam qualquer meio para trazê-los ao rebanho do qual saíram. E se o fez foi porque teve a ideia de questionar, se mexer, roçar, e retirar suas “algemas” psicológicas, e ganhar o poder de pensar... Mas ao ver das crenças não pode...

Daí, ao saber que outros o fizeram, estão escolhendo suas religiões, seus caminhos, ideias novas são tramadas, e novos santos são eleitos. Assim, a bondade, o amor, a paz... Tudo é renovado ao homem que volta a acreditar em sua antiga crença, da qual ele pensava que tinha saído, mas nem sequer teve o pensamento. Não conseguiu. Foi resgatado antes que alcançasse a saída da caverna.

Assim, a confiança se vai. Não há mais crenças confiáveis. Todas elas, até mesmo as nossas, percebemos, são conseguidas de forma casual, ou, como o mais provável, transmitidas de forma irresponsável, ignorante... Ou seja, nos tonamos objetos, não seres humanos.







Voltamos com mais Plásticos outro dia...
Tenham um grande dia; um ótimo fim de semana!


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