Estoicos: os mais disciplinados, os mais divinos. |
"O Corpo humano é a carruagem, eu, o homem que a conduz, os pensamentos as rédeas, os sentimentos os cavalos"
Platão.
Para a Filosofia clássica, da era
estoica, que cuidava dos desvãos humanos, que nos ensinava a nos portar ante o
sagrado, é responder o apelo da alma. Segundo os filósofos que nos
influenciaram em séculos que se foram, como os epicuristas, estoicos, cínicos,
podemos não só nos abrandar em meios universais, nos questionarmos acerca dos
planetas, dos mundos que não conhecemos, mas principalmente de nós, de nossos
medos e dores, e nos libertar de sua influência.
Quando chegamos ao fim de tudo,
de nossas forças, ao fim do fosso, ou nos perdemos em labirintos psicológicos, daqueles
em que nossas estruturas físicas são protagonistas, com dores de cabeça,
enxaquecas, enfim, quando visitamos médicos e mais médicos e sentimos que só a
há uma saída, reestruturar nossas vidas a partir de nossos conceitos,
praticando-os, dentro de uma filosofia sem preconceitos, e com preceitos
naturais, harmônicos, enfim...
O desejo de recuperar nossa
honra, nosso equilíbrio e nosso caráter nos faz buscadores tardios, mas há
sempre a estrada que nos conduz ao alto, como escadas que se inclinam com a
finalidade de nos buscar e verticalizando-se novamente, a espera de nosso
equilíbrio físico. A escada interna de cada dia, talvez a mais difícil de
lidar, não tem degrau visíveis, tem conflitos. Destes, como em jogos cujos
níveis são mais afunilados que o anterior, retiramos, na maioria das vezes, um
aprendizado pequeno, sem o lampejo do sábio que vê, que sabe, que entende e por
isso se revela quase um Deus aos nossos olhos.
Nós, graças a um mundo distante
de filosofias que nos educavam no passado – em uma Roma, em uma Grécia, Egito
etc – percebemos de maneira vaga essa grande porta. A Filosofia. Uma junção dos
pilares principais de nossa sociedade; uma forma de religião, psicologia; uma
emanação concreta, real de obedecer aos princípios humanos e universais, por
meio da tradição que nela há; um estudo aprofundado sobre nossas
potencialidades, nossa essência e por isso a necessidade desse caminho.
O medo da morte, da solidão; as
perturbações em nossos corações, em nossa alma; a sensação de impotência ante a
vida, o amor; nosso furor, nossas ambições, o sexo... Faz-nos levantar
questionamentos internos, os primeiros e básicos, e sinceros. Porque, como nos
vem à tona todo esse mar, a priori
não há sentido aparente nenhum em nossas vidas. O desconforto, em todas as
instâncias, é um fato comum.
O que fazer a respeito, então?
Como viver uma vida digna com um
mundo em que não regras em política, em religião, em uma grande sociedade que
se diz harmônica e ao mesmo tempo vende armas, compra armas, em meio a
inocentes vítimas de doenças eternas, e de uma pobreza à mercê dos donos de
empresas multinacionais, e de países que se julgam potências econômicas, mas se
abstêm de auxílios externos e, quando o fazem, fazem quando outras empresas
colocam sua economia em xeque...
Nossas emoções ficam à mercê de
notícias nas quais a injustiça, o desamor, o ódio se propagam como pragas em
lavouras, e voltamos a nos sentar e começamos a questionar, mais uma vez, nosso
papel nesse mundo velho, os quais valores se vão abaixo como papel em cachoeiras.
Não dá para disfarçar. Como iniciar alguma coisa?
A filosofia nos conduz a
questionar mais. Por que os meios de comunicação são tão vastos em todo o mundo
e ao mesmo tempo tão inúteis? Por que não se revelam detentores de novos
valores; por que não se inclinam em organizar uma nova cultura em defender os
reais valores humanos, invés de discutir uma política vesga; regimes frios e
confusos, heróis de plásticos e culturas relativas?...
O apelo da Alma continua
O sofrimento é natural, mas
podemos minimizá-lo, não o afastando por completo, tentando compreendê-lo, e dando
a ele o que merece, a resposta em forma de remédios, os quais podem vir em uma
pequena caixa, ou podem vir em uma grande caixa, a de Pandora, na qual todos os
problemas há, mas a resposta real, no fundo. A filosofia.
Não podemos ser masoquistas. Encontramos
o fio de Ariadne. E quando a alma grita é porque se está perdida, em algum
lugar, ou mesmo tentando coçar aquela coceira que há muito nos incomoda e não
temos coragem para nos livrar dela. Quando a alma grita, é porque nossos sonhos
estão sendo burlados, e nosso eu se afastando de nossas possibilidades, ao
passo, também, é um grito de razão, de força, de desejo consciente de mudar o
que somos e, mas do que nunca, de realizar. O estágio natural de nossas
indagações chegou.
Aqui nos fazemos heróis ocultos,
pois vamos ao mundo desconhecido, sem medo, com nossas próprias pernas a matar
o dragão e salvar a princesa, é aqui em que cavalgamos para salvar a mocinha –
nossa alma – do vilão; damos passos fundamentais para entrar em labirintos
lotados de homens maus, de seres de outro mundo, do desconhecido. Nossa
imaginação cria minotauros. Não podemos ficar bloqueados; nossa experiência em
torno de nossas pequenas práticas nos fez mais humanos. Podemos curar nossa própria
vida!
A filosofia nos dá coragem (ou
uma opção pela...), nos faz ver o que não nos ensinaram a ver. Ela tangencia a
dor com meros questionamentos, nos retira o parcial medo com passos mínimos;
nos faz guerreiros em batalhas nas quais nem mesmo o maior deles imagina o
tamanho...
E hoje, após milênios, ainda nos
faz um pouco melhores, não como pseudo-religiosos, psiseudo-políticos, mas,
antes de tudo, religiosos, políticos (da maneira mais platônica possível), e
antes de tudo amigos da verdade.
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