Sócrates, o homem mais sábio da Grécia Antiga: "Só sei que nada sei". |
Renunciar. Essa é a palavra que nos faz progredir espiritualmente.
Renunciemos ao medo de sentir medo; ao medo da dor da vida, aos mistérios que
ela nos envia dos céus; e principalmente, renunciemos à vaidade.
Não adianta falatórios, inquietudes, estereotipando acerca
de acontecimentos, coisas, nas quais queremos nos encaixar somente com a
finalidade de transcender o que em nós não vale à pena. A vaidade faz isso. Ela
nos dá a impressão de que estamos subindo degraus inerentes aos nossos
objetivos. Faz-nos ser mais inteligentes, astutos, ao passo vazios e
desnecessários a contextos mais profundos.
Não queremos isso como buscadores. Não merecemos. Temos que
contemplar o que de mais simples há, como o que nos toca de mais interno, ou
seja, o que nos toca a alma. Temos que voltar a ser crianças (não literais,
claro), mas saber olhar o mundo com simplicidade, com a vontade de um
descobridor, com os olhos e a fé de um principiante.
Mais. Aprender a dizer não. Admitir que estamos errados. Buscar
nos erros o que nos pode fazer voltar a entender o porquê das coisas, ou
somente daquilo que está a nossa volta. E o mais importante, pedir desculpas a
vida, a cada transgressão interna; saber se redimir, praticar o Bem, e, por
fim, entender por que se está nele.
“Só sei que nada sei”.
Sócrates já dizia, “Só sei que nada sei”, mesmo sabendo que
sabia o bastante para amanhecer sorrindo e respondendo a todos os
questionamentos dos jovens gregos. Para ele, no entanto, saber não é uma questão
de se informar a respeito de algo, somente com finalidade vaidosa em meio a um
mundo no qual pessoas há com esse intuito. Informar-se e dizer-se sábio.
Sabedoria para ele, ao grande Sócrates, era ultrapassar
nossos desejos fossem internos ou externos de querer ser ou ter. Era entender o
seu papel no mundo por meio de uma natureza que progredia a olhos vistos, e
dentro dela, nós, como humanos que somos, buscar o reflexo dos maiores
mistérios nas entrelinhas.
O mestre – não somente Sócrates – deve preservar sua
ingenuidade, pois sabe que a humanidade,
em peso, sabe muito pouco sobre qualquer coisa. Inclusive ele. O Mestre (sábio)
não busca informações, e se o faz, deve leva-las para o céu de suas
possibilidades, migra-as para um caminho mais útil, transforma-as em
fertilizantes ao grande objetivo.
O sábio, de certo modo, é uma criança.
Hoje, em meio a uma sociedade cujos nobres nada mais são que
vaidosos em busca de informações, buscamos em nós, ainda que digladiando
conosco mesmos, esse mestre sábio, o qual, latente, diz “puxa, que maravilha!”,
com um entusiasmo infantil, e ao mesmo tempo reluzente, forte, luminoso, sem a
vergonha de ser um pequeno descobridor.
E por mais que sejamos, ou aprendemos ser com os maus
exemplos, temos que deixar a demagogia de perto. Ser falante, procurando um
espaço entre grupos, ser um falso curioso, ou seja, somente para se informar
sobre assuntos que não nos faz falta, é de certo modo uma demagogia; pois nos
revela interesseiros tentando usar de artimanhas mais interesseiras e preencher
a lacuna de uma personalidade volátil.
A curiosidade é de natureza nossa, é um patrimônio, um
substantivo que nos identifica e nos faz mudar o mundo. Temos que mantê-la
viva, sempre, como uma chama que nos nunca se apaga... Como um sol.
Com ela, desvendamos mistérios – lembremos dos desenhos
animados, dos filmes, até mesmo dos de suspense, nos quais se desenvolvem pela
curiosidade do protagonista. Assim é a nossa vida. Deixar que a curiosidade, a
pura, se desenvolva em nós é deixar que aconteçam descobertas infinitas. A
expansão interna depende desse fator.
Portões de Ferro continua no próximo texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário