quarta-feira, 23 de abril de 2014

Portões de Ferro

Sócrates, o homem mais sábio da Grécia Antiga: "Só sei que nada sei".



Renunciar. Essa é a palavra que nos faz progredir espiritualmente. Renunciemos ao medo de sentir medo; ao medo da dor da vida, aos mistérios que ela nos envia dos céus; e principalmente, renunciemos à vaidade.

Não adianta falatórios, inquietudes, estereotipando acerca de acontecimentos, coisas, nas quais queremos nos encaixar somente com a finalidade de transcender o que em nós não vale à pena. A vaidade faz isso. Ela nos dá a impressão de que estamos subindo degraus inerentes aos nossos objetivos. Faz-nos ser mais inteligentes, astutos, ao passo vazios e desnecessários a contextos mais profundos.

Não queremos isso como buscadores. Não merecemos. Temos que contemplar o que de mais simples há, como o que nos toca de mais interno, ou seja, o que nos toca a alma. Temos que voltar a ser crianças (não literais, claro), mas saber olhar o mundo com simplicidade, com a vontade de um descobridor, com os olhos e a fé de um principiante.

Mais. Aprender a dizer não. Admitir que estamos errados. Buscar nos erros o que nos pode fazer voltar a entender o porquê das coisas, ou somente daquilo que está a nossa volta. E o mais importante, pedir desculpas a vida, a cada transgressão interna; saber se redimir, praticar o Bem, e, por fim, entender por que se está nele.

“Só sei que nada sei”.

Sócrates já dizia, “Só sei que nada sei”, mesmo sabendo que sabia o bastante para amanhecer sorrindo e respondendo a todos os questionamentos dos jovens gregos. Para ele, no entanto, saber não é uma questão de se informar a respeito de algo, somente com finalidade vaidosa em meio a um mundo no qual pessoas há com esse intuito. Informar-se e dizer-se sábio.

Sabedoria para ele, ao grande Sócrates, era ultrapassar nossos desejos fossem internos ou externos de querer ser ou ter. Era entender o seu papel no mundo por meio de uma natureza que progredia a olhos vistos, e dentro dela, nós, como humanos que somos, buscar o reflexo dos maiores mistérios nas entrelinhas.

O mestre – não somente Sócrates – deve preservar sua ingenuidade, pois sabe que  a humanidade, em peso, sabe muito pouco sobre qualquer coisa. Inclusive ele. O Mestre (sábio) não busca informações, e se o faz, deve leva-las para o céu de suas possibilidades, migra-as para um caminho mais útil, transforma-as em fertilizantes ao grande objetivo.
O sábio, de certo modo, é uma criança.

Hoje, em meio a uma sociedade cujos nobres nada mais são que vaidosos em busca de informações, buscamos em nós, ainda que digladiando conosco mesmos, esse mestre sábio, o qual, latente, diz “puxa, que maravilha!”, com um entusiasmo infantil, e ao mesmo tempo reluzente, forte, luminoso, sem a vergonha de ser um pequeno descobridor.

E por mais que sejamos, ou aprendemos ser com os maus exemplos, temos que deixar a demagogia de perto. Ser falante, procurando um espaço entre grupos, ser um falso curioso, ou seja, somente para se informar sobre assuntos que não nos faz falta, é de certo modo uma demagogia; pois nos revela interesseiros tentando usar de artimanhas mais interesseiras e preencher a lacuna de uma personalidade volátil.

A curiosidade é de natureza nossa, é um patrimônio, um substantivo que nos identifica e nos faz mudar o mundo. Temos que mantê-la viva, sempre, como uma chama que nos nunca se apaga... Como um sol.

Com ela, desvendamos mistérios – lembremos dos desenhos animados, dos filmes, até mesmo dos de suspense, nos quais se desenvolvem pela curiosidade do protagonista. Assim é a nossa vida. Deixar que a curiosidade, a pura, se desenvolva em nós é deixar que aconteçam descobertas infinitas. A expansão interna depende desse fator.






Portões de Ferro continua no próximo texto.


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