Devaneios
Olhar para si mesmo. Primeiro passo. |
Não sei ainda o que é ser... Forte. Sei que passei por
diversas dificuldades, em razão de problemas sérios, os quais ainda se portam
como meros batedores de porta de consciência de final de semana, mas admiro quem
é. Esses grandes homens que, por mais dificuldades que passam, sorriem, dormem
bem, e ainda agradecem a Deus pelo grande dia em que se tornaram heróis,
sobrevivendo ao próprio homem.
Estranho não? Agradecer a Deus pelas mazelas, pelo
sofrimento, pela dor e ainda sorrir ao fim da noite a dizer, “que amanhã seja
um pouco melhor”. Eu não saberia explicar tamanha dedicação, força, e ao mesmo
tempo prazer em... Viver, ou sobreviver em um mundo desses.
Não saberia ser tão forte ao ponto de “dar” a outra face
depois de um tapa, nem mesmo que o sujeito fosse um parente, um amigo, um
pai... Uma mãe, não sei. Mas esperaria que o tempo me dissesse isso, e
parece-me que está custando a dizer.
Hoje, quase uma década casado, pergunto-me, por que o ser
humano não consegue ou não conseguiu ante aos seus antepassados realizar-se sozinho?...
Mas após perceber que a natureza, esse grande Oceano que nos cerca, possui Logus
distintos dos quais homens e mulheres se somam em importância em auxiliarem-se,
pois nenhum poderia fazê-lo sozinho, respondo, a mim mesmo, que é um tremendo egoísmo
da minha parte questionar a união de seres opostos, que, a principio, se matam,
se traem, se enlouquecem, e ao mesmo tempo não conseguem viver nem um segundo
sem a respiração do outro...
Há coisas que não se questionam, aprendi. Responde-se por si
mesmas. Os questionamentos caem como pingos de chuva, e nos molhamos
naturalmente sem que os percebemos. Mas existem. Nos molham. E ao passo se
respondem com o tempo. E um desses questionamentos é a união do homem e com a
esposa, com seu filho, com o mundo... Essa vertente que se torna bela por si
mesma, se levada de forma teórica, mas fria e densa, dolorosa e rara, levada ao
pé de uma prática que, se não tivermos coração (a palavra que nos conduz), não
entenderemos nem mesmo o porquê de nosso andar.
São apenas devaneios, tão simples, que nos aquecem a alma
nos primórdios de nossas raízes mais profundas. E provocar nossa origem é
provocar pensamentos que nunca tivemos, é tentar explicar a existência – não
como o grande Sartre – mas --, é olhar mais a vida, a escuridão na qual
trabalham estrelas, na qual acorda a lua e dorme o sol; é questionar a si mesmo
nesse pequeno oceano em que residimos e ao passo colidimos com o maior deles.
Nada mais.
Ser forte talvez não nos cabe teorizar, mas entender que a própria
natureza necessita de nós, caso contrário não existiríamos, e quando me refiro
a existência, não falo somente desta, mas daquela que um dia nos pôs em
evidência há muito tempo, mais do que nossas atuais vidas. E Ser forte, aqui, é
penetrar no âmago de nosso pequeno mundo, perpetrar erros de consciência,
acertá-los, avalia-los, remover quando necessário as folhas do tempo,
varrendo-as do quintal de nossa alma que quer se renovar.
Olhar para um universo, talvez, sem que precisemos olhar
para cima; ler um livro sem que precisemos folheá-lo, amar sem esforço, ajudar
sem questionar, agir conforme uma razão voltada ao Belo, Justo e Verdadeiro...
Isso é ser forte.
Por isso é que se morre. Para entender a morte. Uma ideia
prática, clara, certa, natural e, como diria uma grande mestre, “inexorável”. Sim,
sem medo, sem dor, sem devaneio, aceitável de todos os pontos de vista, sem
prismas, apenas um e simples: ser.
Queria ser forte para entender tudo isso, aqui e
agora, sabendo quem sou e para onde vou, e o porquê. E por mais que soubesse,
viveria minha pequena e simples jornada, com meu caminhar claudicante, em busca
do nada, apenas sorrindo em nome de algo que um dia brilhou dentro de mim e um
dia não me sucumbiu por fazer questionamentos inerentes a essa grande jornada.
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