sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ideias, Homens, Tradição... Universo.

Passado, presente e futuro se encontram em construções antigas. Por quê? Qual o segredo que se esconde dentro dessas mega-construções que até hoje nos encantam, a fazer-nos caminhar, em nome de algo que persiste em nos burlar a alma, em ocultar respostas que empiricamente fazemos a nós mesmos?






Modificar baseado em premissas que não nos levam a nada, querer mudar por meio de ideias estanques,  sem nexo; pensar sem olhar o que o passado nos deu em termos de conhecimento, ensinamento legado por nossa tradição... Assim caminha a humanidade...

Caminha como coiotes em desertos atrás de um progresso papa-léguas... Nunca será alcançado. Enquanto houver pensamento de elevação estrutural, apenas como meio imediato, sem qualquer objetivo plural – em nome de uma sociedade ou país, apenas como síntese de um pensamento político, governos entrarão e sairão sem que entendam a pérola da ideia...

Por falar em ideia... Roma era uma ideia que se fez no Olimpo, em que cidades, países, até a própria história das nações se fez, no sentido mais idílico da semântica. Nesse olimpo de ideias, homens de grande valia se estruturam, erguendo-se com práticas que até hoje se revelam uteis à humanidade – ao contrário de pontes, edifícios, estradas, das quais podemos dizer que saíram de desenhos animados, que se apagam com chuvas, terremotos, etc...

E quando falamos em estruturas, pensamos em grandes obras como as pirâmides, as quais foram feitas com materiais perfeitos, de uma forma que até hoje se cogita que foram os marcianos, não humanos (!)... É natural, pois quando olhamos um presente caótico em termos de ideias, de evolução material, e aprendemos muito mais com o passado, fica-nos o sentimento que estamos regredindo ou descendo os degraus que a vida nos faz subir naturalmente... Descer, sem que tenhamos nem mesmo subido o primeiro degrau!






Antes, não havia empresas terceirizadas, concorrências, licitação, e sim homens e mulheres ao comando de um homem – talvez um rei-sacerdote, que acreditava em mitos, lendas, divindades, mas que, dentro desses elementos nos quais vivia, sabia que eram necessários para elevar aqueles que estavam ali, na consecução de sua ideia...

Ideia de erguer não somente uma grande pirâmide, uma ponte, uma cidade... Mas a própria humanidade. Os efeitos seriam do próprio tempo nos dando uma lição após milhares de anos de existência, de segredo, de questionamentos acerca de um passado maravilhoso.

Não que a modernidade não tenha obras incríveis, talvez até mais que as do passado, porém, não possuem a mesma mística ou mítica que um dia nos delatou o que somos, humanos. Prova disso são cidades nas quais hoje seus governos são uma putrefação humana, e que ao mesmo tempo contrastam com suas obras gloriosas que ainda persistem em nos fazer ajoelhar em nome do sagrado, como a própria Roma, Grécia, Egito, cidades que foram berços de nossa civilização, relevando-se, contudo, atualmente, a decadência maior dos sistemas mundiais.




Não podemos erguer qualquer ideia de maneira estanque, como dito. Pensemos em algo que nos religue com algo que seja Bom, Belo e Verdadeiro – premissas das quais foram feitas obras que até hoje reluzem em nosso presente arcaico – não somente em grandes obras, mas nas pequenas que sintetizam, na maioria das vezes, a intenção do homem.

Quero dizer que, quando se percebe aquele instrumento simples, porém que favorece a todos, é como se estivéssemos ao lado de uma sombra que há muito quer aparecer, e quando grandes obras são erguidas por meio dessa ideia – tradicional – temos em nossas mãos a realização de um passado inteiro que se realizou em nome de Deus – e isso equivale a dizer que não somente a humanidade, mas o próprio universo esteve (e está )em comunhão com outros universos.

Por isso, quando se dizia que grandes reis do passado tinham em mente chegar a Deus com suas obras, não queriam dizer “perto de” um Deus pessoal que residia no espaço, ou como diziam outros, com intuito de igualar-se Àquele.

Queriam, na realidade, demonstrar, simbolicamente, que a sutilidade do espirito pode ser vista por meio de obras, sempre para o alto, como nós, que sempre crescemos, que a própria natureza cresce, se desenvolve, evolui.

A ideia veio do céu. Harmonizando com as estrelas, com as posições dos astros, ela passou por caminhos hereditários, plasmados por homens que compreenderam as divindades, deram seus nomes, canalizaram, em seu dia a dia, as potencialidades, levaram a seu povo, e um dia nos deram a maior lição de todas, a do viver em  prol dos mistérios sagrados, fossem nas construções, nas lições diárias, sempre tentando chegar ao céu, mesmo com os pés no chão.






quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Lei das Perguntas

Para onde vamos com tantos questionamentos, e para que nos servem? São apenas meios de consecução de nossos objetivos, ou parte de nosso crescimento interno?






Por que queremos saber tanto acerca dos mistérios que nos ronda? Por que sempre questionamos a existência de divindades, da divindade, do vento, da brisa, da vida, do mundo... Enfim, o que nos faz ser tão teimosos quanto mulas tagarelas que empacam em assuntos que poderiam ter sido pontes a outros e não buracos nos quais ficamos o resto de nossas vidas nos aprofundando até encontrar centro do nada?...

É natural questionar, no entanto, dar passos em favor de nossas pequenas evoluções, é mais ainda. Não adianta ficarmos exaustivamente presos a assuntos que não nos fazem crescer, evoluir como pessoa, o que seria parte de nossa formação. É o caso de crianças que nos questionam, guardam as respostas, revelam-se aprendizes de nossas práticas, e vivem a questionar sobre aquilo que têm dúvida...

Será o nosso caso? Não. Faz-se perguntas desnecessárias a si mesmo, ao mundo, às pessoas, somente com o intuito de se informar, não crescer. A informação, nesse caso, seria o ponto culminante do individuo moderno, com intuito de encher mais sua caixa, seu racional, e levar consigo o que a maioria chama de conhecimento... Eu chamo de informação.

Contudo, podemos transformar conteúdos informativos em conhecimentos breves no quais podemos retirar – baseados em premissas tradicionais – o que é bom, certo, verdadeiro, e se der, belo. Fora essas pontos, não podemos preencher nosso racional com lixos virtuais, literais, ou em conversas que não levam a nada...

A exemplo de Sócrates e suas três peneiras, nas quais somente o que lhe interessava poderia ser dito, podemos dizer que temos que ter a nossa peneira, nosso filtro. Nossas necessidades básicas em usufruir de tudo, de todos, a toda hora, nos faz perder um pouco de nossos objetivos humanos. Tornamo-nos animais informados, seres ambulantes, alegres, porém, frios em demasia para sentir uma dor lá no Oriente Médio, ou mesmo quando nos ocorre tão perto de nós, no vizinho, pois nossa alma sucumbiu às informações e perdeu o seu sentido de elevação, estacionou no gelo metafórico e morre em segredo.

Mas... Como no inicio, é natural nos questionar acerca de tudo, mas seria tão natural se pudéssemos levar para o nosso centro, refletir acerca do que somos, andar em direção ao que temos por natureza, sentir cada passo, pegá-lo como experiências básicas ao crescimento, não deixar retardar pelos pequenos blefes do mal, que nos encanta, mas nos retira os olhos do céu, e seguir. É para isso que ele, o mal, existe...


Muitos se questionam a respeito de Deus, de sua existência, e remetem ao pensamento pessoal de que estamos sendo governados pelo mal, porque, com todas as injustiças que há, é impossível que haja um Algo sobrenatural, cuja bondade não se pode externar humanamente, pois pessoas morrem de forma indiscriminada, crianças se vão como poeira, em guerras genocidas, ditadores nascem todos os dias em nome de regimes fáceis... E no campo religioso, padres, pastores, sacerdotes infiéis desconfiguram o mundo, a levar ao seu bel prazer pobres, humildes, a serem escravos de seu império...

No entanto, os "ateus" esquecem-se de viver suas vidas, repletas de indagações, nas quais todas essas perguntas latejam com suas respostas, mas as desconsideram, subjugam a todos, revelam-se ignorantes em entender, e ficam com o básico arcaico.

No campo político, um show de incoerências. Traduzimos nossos sentimentos de revoltas em sistemas falhos, questionamos atos de governantes, em um país imenso, mas desconsideramos nossos erros em nossas vidas, em nossas casas, e o pior, junto às pessoas das quais poderíamos retirar ensinamentos tão fortes quanto àquele que pensa que é rei.

Nossa incoerência é natural, mesmo porque não nos ensinam a ser coerentes na infância. Prova disso é quando derrubamos pratos no chão; na adolescência, jogamos cascas das janelas dos carros; quando os ensinamos que ser um gari é errado, que lavar louça é coisa de mulher, que mandamos no mundo, enfim, nada que fazemos no passado tem a ver com o nosso presente caótico...

Depois de anos, aprendi a respeitar as leis dos questionamentos. Não podemos exercê-la se não a respeitamos. E isso ocorre quando temos respostas preciosas e as jogamos fora como cascas de banana no lixo. Temos que ser coerentes com ela, com essa lei, exercendo em práticas diárias o que indagamos em relação a tudo; temos que buscar em nós esse respeito, e se não conseguimos entender o que isso significa, observamos os mais idosos, cheios de vida, de sabedoria pelo que passaram sem fazer qualquer pergunta dentro da batalha.


E se ainda não entendermos, busquemos um mestre.






terça-feira, 26 de agosto de 2014

Caminhando com o Mestre

Um legado humano que nunca deixaremos de vislumbrar. Uma prova de que nossa evolução precisa ser norteada por um ser que sempre esteve perto de nós, às vezes tão perto que chegamos a pensar que somos únicos.


Podemos tê-lo ao nosso lado e em nós, sempre.




Ele caminhava pacífico, como um ser que pensava em tudo, no mundo, nele mesmo e no próximo; um caminhar leve, sem exageros e na medida de cada passo sorria. Seus braços balançavam soltos como dois papeis em uma janela; sua paz, incomodada pela guerra dos outros quase saindo do eixo, firmava-se; e nessa paz que tanto busco, lá estava meu ideal, o que sempre em mim revela-se quando a vejo.

São mestres, todos eles, os que resguardam a estrela natural a que almejamos; são nos mestres que entregamos nossos insignificantes questionamentos, que, ao crescerem conosco, desenvolvem potenciais dos quais, mais tarde, plasmados, tornam-se ferramentas para lidar com o mundo.

E há muito nos estregamos, criamos esse vínculo; pois olhamos para o céu e vimos que nele há algo maior que pulsa, que evolui, há mais que isso... A hereditariedade. Nela aprendemos que devemos obedecer a cada grau, a cada ensinamento, de acordo com nossa capacidade, com nossa natureza...

Significado

Os mestres nada mais são que parte dessa hereditariedade universal, pois aprendem a resguardar o necessário, e passar o suficiente com a finalidade de entendermos o porquê desse mistério que se esconde em nós, ao passo descobrir que somos um pouco desse grande mistério que se mostra em forma de estrelas, de sóis, e quem sabe de um grande paraíso...

Por isso, nossa alma, em tempos idos, encontrou mestres, segui-os, realizou-se, elevou-se e fomos ao “céu” a que um dia tínhamos almejado, contudo, graças ao monstro do materialismo, nos perdemos, e confusos na história, fomos obrigados a ser um pouco do que não somos, e mais tarde, completamente sem rumo, nos desmistificamos, e em busca do nada nos perdemos por completo...

A figura do mestre, no entanto, nunca se perdeu. Sempre esteve perto de nós, como um mero sol que brilhava, e que brilha desde sempre, como uma figura – ainda que diferente fisicamente em todas as épocas --, que nos norteia em favor de um caminho para as estrelas, que burlam em nós, nos direcionando novamente...

Hoje

Ao caminhar com nossos mestres, sabemos que não podemos lidar com figuras metafísicas que nos trabalham o ego em nome do que podemos saber. Temos que nos firmar com aquela figura pacifica que nos ouve, como a um pai que perdemos há milênios.
O mestre é a prova real de nossa metafísica, daquela que buscamos em nome de uma tradição que não nos engana, e se revela tão necessária quanto nosso pão de cada dia; pois o pão, hoje, custa caro, a sabedoria, não.





segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O País das Nuvens

Temos em nós a pérola do mar da vida. 



Podemos, sim.




É preciso acreditar que somos capazes de mudar, ainda que digam o contrário; é preciso confiar em si mesmo, em nossas possibilidades, no que somos. Meras conjecturas, olhares frios, desconfiança, passos para trás, não fazem parte do homem que quer dar passos rumo ao mistério da vida, rumo a si mesmo.

É preciso ser, antes que digam o que somos; é mais que necessário pensar, antes que pensem por nós; olhar para a montanha, para o alto de seu pico, entender que nuvens sobrevoam seu cimo porque lá se esconde o que queremos ver, tocar, sentir com nossas mãos – talvez seja esse o mistério que nos faz subir em topos, e no fundo acreditamos que seja algo maior que nossa imaginação...  – Mesmo que não seja, temos que subir, com nossos pés medonhos, coração idem, e com uma alma insaciável a ponto de chegar lá, no céu da montanha, antes do corpo... E chegar.

É natural ter medo, é natural chorar, sentir dor; é natural cair e se machucar, pensar em desistir e duvidar daquele sol que brilha em seus olhos, apesar do frio que faz pela manhã... Não seria natural ao homem valente, ao que nascera para concretizar, plasmar ideais, sucumbir à dor, ao pranto, à queda e dizer que nada mais vale senão ficar estirado e não levantar-se mais. Isso é incompreensível, é inimaginável...

Deixe que outros sejam assim, que chorem pelas vestes, pela casa, pelo pão, pela falta de pessoas para afastar a solidão, mas o homem que nascera com o escudo interno, para se defender dos males que o dragão o faz, de um mundo enganoso que se sobrepõe a suas leis falhas, incoerentes e filhas de interesses arcaicos, de tudo que o faz retroagir, se ergue das cinzas, renova suas garras, sacraliza seu caminho, e ama o todo...

É preciso que nos tornemos esse homem, esse novo homem, que edifica gerações, realiza sonhos, nos faz mais humanos – qualidade nata da qual esquecemos – e protege o que mais precisamos, os mistérios.

Quando menino, pensamos em seres estranhos que se escondem por baixo das coisas, e tememos dormir, ou dormimos em pânico, debaixo dos cobertores; e quando não aguentamos mais, corremos para a cama dos pais, em busca de proteção, de abrigo... Essa fase, no entanto, difícil de passar na vida de adolescentes, que se dizem livres do julgo do pai, mas ao sentir que a modernidade o imprime circunstâncias além-corpo, corre para o colo dos genitores, sem saber que se iguala ao pequeno que um dia fez o mesmo numa noite de relâmpagos.

O mesmo acontece ao homem que não sai de sua casa, que se desculpa pelas derrotas sofridas, e que introduz lemas a partir de baixas em sua pobre vida, “o governo é culpado”; “não tenho idade para isso mais”; “sou da época em que...”, fortalecendo mais suas desculpas e seu pavor ante a uma sociedade que ele mesmo acredita que, agora, é feita de pessoas que o colocaram de lado...

É fácil morrer, para quem não sabe. É só deixar de caminhar para aquilo que um dia fora a razão de sua vinda ao mundo: descobrir. Descobrir pelos pequenos passos que aquele monstro debaixo da cama é uma necessidade, uma imaginação, uma forma que criamos em torno de nós mesmos, com receio de dar passos sozinhos; matar esse monstro é a sina do homem, pois, a cada passo que se dá em favor de algo maior, aquele monstro irá aparecer, ou melhor, ele nunca irá desaparecer... Contudo sorriremos com isso, vamos permanecer com isso, e amaremos essa criatura como a um filho que um dia criamos, e foi embora... Esse monstro, ao contrário dele, não se vai.

Até mesmo os grandes homens o tiveram, e os seus, com certeza, foram os governos, ou até mesmo sociedades em que nasceram; foram os pensamentos negativos de suas culturas que, como sempre há, agiram contra suas ideias, filosofia, politica, enfim, mesmo com todas as intempéries que tiveram e passaram, caminharam e conseguiram chegar ao topo do “país das nuvens”.

E nós, rebentos chorões, nos esforçamos para entender o que nos faz presos a valores que há muito se repetem sem nexo e ao mesmo tempo repelem o que realmente somos. E quando o somos, nos discriminam, preconceituam, nos humilham simplesmente porque não somos o Narciso contrário desse mundo tão feio.


É preciso acreditar que haverá um dia um mundo que nos fará bem, de acordo com a nossa natureza e capacidade, abrindo margem aos nossos reais valores pelos quais um dia tanto lutamos e luto.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Animais Racionais, para onde vão?

Refletir acerca do que somos a partir de nossos atos em relação ao próximo, nos faz tendenciosos à mudança de comportamento, à mudança de consciência sobre o que somos, e ao que pretendemos ante à natureza.


Falta muito para homus sagradus.



Soubessem o tão pouco tempo que temos, tão curta a vida é, poderiam olhar em seus pulsos o relógio mecânico, sentir que o tempo se vai como nós, pingos nos is do nada, ou do tudo? Depende. Será que esse mundo tão devasso e materialista não nos vai dar uma chance de pensarmos um pouco no que realmente importa à vida, às pessoas – ao vizinho, ao funcionário, ao homem que acorda pela manhã, sai de casa transtornado pelas dividas, e pelo restante dos problemas que ainda o sacodem em um universo tão frágil? Ou mesmo na miséria humana que se alastra nas ruas por consequência do descaso?

O que somos nesse sentido? Animais poderosos de calças e gravatas, que andam de carros negros, com escravos modernos a nos abrir as portas e fechá-las quando bem entendermos? Tantos questionamentos somente para desvendar esse mal que nos assola, que nos transforma em vis seres que perambulam no núcleo da terra, como zumbis arrumadinhos, conscientes das lhanuras, do próprio mal e ainda, em segredo, como frios seres que destroem a própria espécie, apenas pelo vaidosismo.

O que somos na realidade? Pergunta que nos remete a um passado clássico, a um universo que modernistas ainda se questionam e não acreditam, simplesmente porque não podem desaparecer do contexto como pessoa. Não adianta, somos parte desse universo, desse conjunto de universos, nos quais nos relevamos ínfimos, ou mesmo precários seres sem o poder de nada... Ao contrário dos que pensam que poder nada mais é que o sobressair por cima de um conjunto de pessoas, com ferramentas para destruir, mudar ou transformar a própria espécie...

Não estamos longe disso, não é uma reverberação gratuita com fins filosóficos (e mesmo que fosse!), ou comfins idealísticos, mas muito mais uma formação advinda de uma reflexão parametrada em uma realidade concreta.

Animal Racional

Temos, a exemplos, governadores que querem se eternizar, construindo pontes, sem qualquer fim sagrado; presidentes, com seus programas tangíveis nos quais o povo, lento em raciocínio, leva tempo para perceber que não passa de um doce que se vai tão rápido quanto uma propaganda eleitoral. Sem falar em nossos presidentes de instituições, como tribunais, câmaras, senados, os quais, antes de adentrar em seus mandatos, violam a paz de seus subordinados, aterrorizando-os com ideias pós-modernas de construção de gabinetes, de salas imensas, além de retirar o que lhes é de direito – na maioria das vezes, direitos salariais, de férias, horário, etc...

Estamos prestes a viver o fim de uma era, a era do pensamento natural, desses que um dia nos faziam refletir sobre nós mesmos, sobre nossos comportamentos, nossa real ética em relação ao mundo, a outro ser humano. Revelar-se-á o pensamento global da morte do passado clássico, no qual grandes homens, como Ramses, Julio César, Marco Aurélio, Alexandre, um dia foram voltados a ideias constantes ao bem, ao homem. Tanto que, até hoje, espero que sempre, sejam lembrados, copiados, referenciados, levados ao cume da montanha dourada e de lá nunca saiam, porque estamos nos matando aos poucos, desconfigurando o que realmente somos por puro interesse, vaidosismo, e isso em seu maior grau.

O que fazer? Ir às ruas? Liderar movimentos? Ofender governantes?... Não, talvez não. Talvez o maior legado a que temos direito e que nunca nos vão tirar é o da real educação. Essa que nos faz questionar, refletir e tentar entender o comportamento alheio, e ao nosso também. Uma educação inata, advinda de nossas reminiscências, de nossa alma indignada com outros que iniciaram, há muito, o processo de embriaguez do mundo.

Como no livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwel, que conta a história de animais que se propuseram a tomar o poder humano, que percebem mais tarde que estavam se portando como os poderosos, mostra como volúvel somos em relação ao poder, como somos frágeis quando possuímos incertezas em nossos ideais de modificação de qualquer coisa, e nos caso em questão, nessa parábola maravilhosa, nos mostra que nossa consciência deve ser trabalhada como raios em espelhos, ou seja, voltada a nós mesmos, e por consequência a sociedade. Caso contrário, seremos, ao contrário do que literalmente propõe Orwel, animais.

O que estamos percebendo, no entanto, é que nossas vozes estão virando rugido de leões, nossas risadas, de hienas; nosso medo, de zebras que correm de seu predador; estamos batendo em nossos peitos machistas, como gorilas que querem a luta pela macaca; enfim... Estamos deixando nossos pêlos crescerem pelo corpo a mostrar a virilidade ao sexo oposto...

Não menos, em caráter, estamos depreciando culturas, pessoas; humilhando nossa espécie; criando meios solitários, como ilhas perdidas em meio às águas do Pacifico; queremos sorrir sozinhos, amar sem compromisso, viver sem liberdade, e viver eternamente. Queremos mandar, ser obedecidos; queremos que o mundo gire ao nosso redor, senão, em nome do sol que achamos ser, faremos uma guerra. Animal racional é isso.

Homus Sagradus

Hoje, ao observar o longe, vimos as figuras dos grandes avathares, que um dia andaram conosco, conversaram, trocaram ideias, foram tão simples quanto crianças nascidas e ainda sim se revelaram homens, ou melhor, seres divinos pelo que nos deixaram. E ainda deixam.

Tais homens não construíram castelos, casas, igrejas imensas, estradas ou pontes – mas grandes castelos simbólicos, casas com telhados fortes (nós), igrejas internas, nas quais somente se pensa em Deus, não em princípios demagogos ou hipócritas; nos deixaram chaves para os nossos eternos problemas, e nos deram o céu de presente!

Tais homens sagrados não nos alertaram para o fim de um tempo, da humanidade, mas nos deram o inicio de uma nova vida.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Reflexões: Ciclos, Homens e o Real


Nosso pequeno espaço, esse em que andamos, partilhamos, vivemos, possui tantos mistérios, tanta religiosidade e sabedoria que, se fôssemos refletir acerca dele, levaríamos a vida inteira. Então vamos começar...



Somos religiosos por natureza. 




Em minha elucubração acerca de mesas e cadeiras não percebi o quanto fui inútil em minha profundidade, pois não falei nada que pudesse aproveitar para uma reflexão real ao que o texto proporia antes mesmo de ser idealizado.

Mas posso me redimir, dizendo que o que fora proposto nada mais era que dissertar sobre o que somos, e o que podemos fazer em prol de um mundo que precisa – assim como mesas e cadeiras – se encaixar em seus propósitos, a fim de melhorar, paulatinamente, nosso espaço, e quem sabe um grupo, uma sociedade; e se isso for feito de maneira clara, sem incoerências, como se realmente acreditássemos no que estamos fazendo, podemos mudar o mudo.

Não sei se já assistiram ao filme “A Corrente do Bem”, com Kevin Space e Haley Joel, o menino prodígio, que, no longa, tem uma ideia surpreendente em ajudar ao próximo com atos de bondade ao extremo. A corrente seria a partir de coisas que seriam dadas às pessoas sem que elas percebessem o porquê, assim se impressionando com o ato, fariam o mesmo. Não sei se isso seria uma boa ideia, penso. Sou a favor de ideias que possam ser concatenadas dentro de uma relação de principio, não de dação material. A corrente, a que me refiro, seria a corrente natural do homem para com a humanidade, com os deuses.

Platão e Ciclos

Quando Platão (filósofo) cita o Demiurgo como inteligência suprema, fala de naturezas das quais não temos nem mesmo como imaginar, mas deixa claro que temos relações com tais divindades, as quais se sobrepujam ao nosso entendimento acerca de Deus, ou seja, que, indiretamente, mesmo com toda nossa ignorância, a possuímos em algum nível.

Contudo, mais que teoricamente, precisamos saber que nosso nível de consciência está preparado somente para entender o que é do seu limite. E que pertencemos a um ciclo no qual nascemos e crescemos, morremos, voltamos à vida, e mantemos esse processo evolutivo dentro desse ciclo – fora disso não há como compreender mais nada.

Muitos, no entanto, divergem de ciclos e preferem retas que sobem, com se fossem linhas que um dia vão alcançar o espaço, o que não nos traz a realidade dos processos de ida e volta, de Pralaya e Manvantara, de recolhimento e expansão da vida, até mesmo do espaço. Diverge dos processos pelos quais a Historia das civilizações passa, e das próprias pessoas – e destas ultimas nos interessa saber.

E a partir disso podemos dizer que somos uma microcivilização partidária ou não, com seus princípios religiosos ou não, com elementos para entender o que somos, porém, estamos preocupados demais com o que não é real.

O real

E o que seria real? Como diria o sábio, real é aquilo que permanece para sempre, é aquilo que sempre estará dentro de nossas possibilidades, onde quer que estejamos. Com certeza estamos falando de princípios regados de conhecimentos que não se vão, e que permanecem desde antes de nossa existência.

No entanto, como criador de “eternidades falsas”, homens há com esse principio, de gerar, com suas máquinas, realidades diárias, as quais transformam gerações dependentes de mentiras, de hipocrisias, de fantasias, com o nome de realidade...







Voltamos à realidade no próximo texto.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Reflexões sobre Mesas e Cadeiras

Há um universo que gera todas as ideias, um mundo tão concreto quanto a esse que passeamos por cima, e quando temos a impressão de que somos uma ideia ambulante, refletimos acerca do que somos, e para onde vamos.


Evolução externa nos objetos, e no homem?




Ao observar uma cadeira e nela nos sentamos, e a nossa frente temos uma mesa, que por sua vez assegura os objetos mais simples, porém necessários ao homem, percebemos que há âmbitos diferentes e ao mesmo tempo harmônicos, dos quais podemos retirar um pequeno aprendizado que nos servirá para a vida toda. Um aprendizado que diz... As coisas são diferentes, necessariamente diferentes, e por mais que o sejam sempre serão harmônicas entre si.

A cadeira, em sua plenitude, em seu âmbito – gostaria de expor essa palavra em sua grandeza --, que nos serve de objeto para nos sentarmos, descansarmos, passarmos o tempo, tem um “link” natural com a mesa, ou melhor, com o universo ‘mesa’. São duas ideias (mesa e cadeira) que se encaixam, pois nos parecem que uma é plasmada em razão da existência da outra. Será?

Claro que, naturalmente, quando pensamos em mesa, ou a possuímos de maneira concreta, outra forma nos vem, que é a da cadeira, a qual, sintetiza duas ideias, ainda que hiperdiferentes, não “vive” sem a outra...

Mas demos um jeito nisso...

Passaram a existir poltronas, bancos imensos, cadeiras de balanço, como novos elementos do universo cadeira, no entanto o da mesa, como ideia mestre, a que deu inicio ao pensamento existencialista das duas, foi coroado apenas com avanços individuais, como a mesa de vidro, de madeira de lei; a mesa de praça, na qual se jogam xadrez, enfim, várias das ideias que supervalorizaram o elemento mesa, sem a cadeira...

Contudo, não se pode pensar na mesa  sem sua pequena parceira, sem a qual não se pode sentar-se e apreciar o que a mesa nos traz de bom pela manhã, na tarde, quando o lanche cai com o sol, e na noite, quando a grande família se une...

Estamos a falar de elementos diferentes em seus extremos, tentando mostrar que, mesmo a  depender de seus âmbitos, tão elásticos quanto nossa alma, se religam, se encaixam, e traduzem o que os mestres do passado chamam de Amor.

Quando Platão nos disse que fora o Amor o primeiro deus, queria nos dizer que todas as coisas, dentro do seu âmbito, tinham em si algo que religasse uma com a outra, não importando a cor, nem mesmo a sua forma, simplesmente porque tinham a mesma origem.

E quando recorremos ao ser humano, essa célula em meio a outras milhões, e tentamos encaixar valores como o próprio amor, o desmistificamos, mesmo porque não abrimos mão do que somos, nem mesmo de um arcaísmo que acreditamos ser real e bom aos nossos filhos.

O Amor é só um exemplo. Mas se recorrermos ao pensamento da mesa e da cadeira, como universos não paralelos e sim unos, podemos dizer que nossa raça, por mais heterogênea que seja, se encontra na origem, no inicio de tudo, ou seja, nossos âmbitos – como humanos que somos, se diferenciam no sentido de nos harmonizarmos um com o outro, sem que tenhamos que nos questionar acerca de qual é melhor raça, pois, um dia, um grande estoico deixou claro que devemos nos portar como dentes da parte superior e da parte inferior, ou seja, precisamos sempre um do outro.

Mesa e cadeira, em seus universos individuais que se conectam quando plasmados, são tão concretos em seus mundos quanto antes de vir a esse em forma de peças necessárias ao homem. Nesse mundo de Ideias (Platão), também há o pouco do homem como ideia, e quando somos plasmados para a perecível mundo, não entendemos para que viemos ou porque das diferenças...


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Em nome dos Deuses

Sempre nos cabem reflexões sobre o passado, em especial sobre a Tradição. Gostaria de compartilhar com vocês o que penso acerca disso, mas também sobre o que podemos ser e fazer em prol de um mundo melhor com lastro no passado, com premissas que nos levem a nos conhecer, e por fim nos levar a um mundo melhor.



Sócrates. A filosofia se desfez com ele?




Em nome dos deuses, como eu gostaria de salientar a necessidade de o mundo buscar a tradição. O conhecimento, o real conhecimento, nos faz pensar e refletir no que estamos buscando, no que estamos fazendo ao nosso redor. Mais ainda, nos aproxima de nós mesmos, penetrando naquele escuro vazio de sempre, com ferramentas naturais, as quais reluzem como velas em uma caverna que há muito não vê a luz do sol. Tais ferramentas são nosso vaidosismo, nossos interesses, nossas falhas, os quais, canalizados e revertidos como energias ao bem, nos retiram de uma guerra que há séculos travamos, conosco mesmo.

Precisamos urgente, em nome não só do bom senso, mas de uma humanidade que se vai como passageiros de um trem sem maquinista, no qual sofrem os mais humildes com a parte gananciosa que quer tomar a direção – ninguém possui a vocação para tanto. E agora, o que fazer em relação ao nosso destino domado pelo próprio homem que pretende domar mais destinos até que todos se revelem seus escravos, seus filhos falsos, seus humanos domesticados...

Não sabemos. E é por isso que o processo de “Conhecer a Si Mesmo”, como no passado, é deveras importante. Ele nos chama atenção para uma viagem natural e ao mesmo tempo dura, pois nos faz ter medo do que somos, dos nossos defeitos, de nossos monstros – hitleres, stalins, -- que sempre, como no filme “Alien, o Oitavo Passageiro”, se apossam de nosso corpo – talvez de nossas almas – e quando menos percebemos, lá estão a nos domar, nos levando para o seu ‘Ovo’, nos enclausurando vivos, como seres pensantes que somos, nos amarrando fortemente ao seu casulo.

A realidade, no entanto, é mais cruel. Não se assemelha a nenhum filme de terror, de ficção, de drama, muito pelo contrário. Há sempre um final no qual pessoas se matam, matam, praticam genocídios, são homicidas diários, sejam literais ou por meio de uma ideia que avança e toma as trincheiras da bondade, do amor e distorcem os valores, propositalmente...

Temos que ser fortes. Adotar em nossos princípios a coerência humana em saber distinguir o que somos e o que são, isso aos que nos avançam e nos tomam a identidade. E quando me refiro à identidade, penso em algo que está lá dentro de nós, naquilo que subjaz ao que conhecemos sobre nós, desse algo superficial que demonstramos externamente. Falo da pérola humana que se escondo em meio às conchas de nossa personalidade, que, por mais barata que seja, volúvel, interesseira, nela nos escondemos, e é mais que urgente buscarmos essa... pérola, pois estamos nos distanciando de nosso âmbito como humanos e nos tornando seres sem nexo, em busca de nada que nos complete internamente.

O vazio do Mundo

Quando em textos passados eu me referia aos grandes sábios, não era simplesmente, como diria aquela propaganda de cerveja, “porque sim!”, mas por motivos tão profundos que palavras não há para expor o que poderia ser salientado – por isso, minha tentativa homérica em relatar o que podemos fazer para melhorar nossas vidas.

Para isso, coloquei Platão, suas ideias acerca do mundo perecível, seu grande mito da Caverna, no qual nos encaixamos como luvas em mãos friorentas; falei do mundo de Pitágoras, das iniciações gregas, falei até das egípcias nas quais aprendemos a nos ver melhor e não conseguimos, com em um espelho da verdade, nos desconfiguramos e fugimos do que... pensamos ser.

E esse “pensar em ser”, enraizado freudianos, sartrenianos, maxistas, e pós modernistas, produz suicidas em gerações que permeiam em aparecer e nos deter de forma a nos algemar com seus frutos mágicos às vezes por meio dos buscadores de sexo, os quais sintetizam o que jovens de hoje idealizam, e na parte existencialista de um modernismo que se inicia perguntando-se “Por que somos de carne e osso?”... indo de encontro às indagações do passado acerca da religiosidade humana. E para finalizar, o levantar de bandeiras nas quais inscrições baratas de união, fraternidade, amor e paz se revelam com intuito de fazer o homem o mais enganado possível em relação a seus ideais, pois, a própria tradição nos diz que não podemos buscar valores maiores do que propusemos a nós mesmos, caso contrário, não temos como continuar, ou seremos falsos buscadores pelo resto da vida, ou incoerentes, ou simplesmente mais um maquinista de um mundo sem freio.

A tradição, para nós, é como uma leitura de outro mundo. Não conseguimos compreendê-la. Os homens que dela são responsáveis tiveram que esconder o que aos olhos do homem simples nada mais é que um símbolo. Eles o fizeram com razão. Não há e nem houve no mundo, desde que o homem é homem, uma comunidade, ou mesmo uma sociedade em sua total plenitude, conhecimento o bastante para entender o que a tradição é.

Hoje, mais do que nunca, no entanto, esse conhecimento da tradição se desfaz pela queda natural dos ciclos, nos quais estamos, e se revela sem nexo à medida que cai; noutras eras havia pelo menos um governante, ou um rei, ou mesmo um sacerdote que, com sua luz parca, desenvolvesse um pensamento luminoso em torno de nós, mas não hoje; não há reis, não há nem mesmo um sacerdotes...





Voltaremos com mais reflexões 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Responsabilidade: o equilíbrio que se vai.

Equilíbrio entre pai e filho; cada um fazendo sua parte.


Hoje quando me vejo casado, sinto que muitas coisas não mudaram, como a grande responsabilidade de um homem, que eu jamais larguei durante toda minha vida. Digo porque, quando pequeno, já trabalhando aos doze anos de idade, colocava as primeiras moedas nas mãos de minha mãe, mesmo sem saber para que eram ou se haveria retorno ou não.

Claro que, intuitivamente, sabemos sim da importância disso quando realizamos atos como esse. E quando via minha mãe na labuta, a entregar as roupas que lavava a um bando de bombeiros que a descobriram como a melhor das pessoas para o serviço (não podemos ter vergonha do nosso passado), sentia que o trabalho, assim como o de meu pai, ainda que meio ignorante para muitas coisas, trabalhava com amor e dedicação a sua empresa de construção – foi pioneiro nisso.

O que estava se construindo em mim era o sentimento de responsabilidade familiar, social e qualquer uma que houvesse para eu abraçar, graças aos dois, que me amavam do seu jeito, e eu, do meu, ou seja, imitando-os.

E hoje (voltando), com anéis dourados em nossos dedos da mão direita, eu e minha esposa realizamos coisas que muitos não entendem, e ficam coçando a cabeça, como micos que se concentram apenas em observar o humano. Não falo de minha família, pois toda ela sempre se realizou a fundo em práticas profissionais, em estudos, ou seja, também sempre trabalhamos, e nunca nos entregamos. Falo dos observadores de rua, os quais se sentam, conversam, e por dentro nos aplaudem.

Mas a questão não é essa. Eu só queria dizer que sem ele, sem esse exercício físico, ainda que obrigatório para muitos, para a maioria dos graduados emocional, psicológico, à minha família, sempre nos foi um ponto de equilíbrio constante no qual sempre nos fez nos harmonizar e realizar feitos, pequenos ou grandes, mas com grande valia para a educação  de nossos sucessores, nossos filhos.

Contudo, ainda que queiramos dar exemplos, nos esforçando o máximo para a realização de um todo, principalmente comportamental, nos vem a realidade do “depois do portão”, que nos invade a casa, sobrepõem-se em forma de internet, sites, diálogos informais, jogos de terror embutidos, como se estivéssemos a treinar fuzileiros do futuro, no entanto  como guerreiros de um futuro teriam que batalhar no presente, vivenciá-lo, sentir sua fraqueza, invadi-lo.

Parece-nos que o treinamento para tais guerreiros baseia-se em contradições. Hoje vivemos de jovens que se esforçam o máximo para fugir do trabalho, e o pouco que conseguem dessa fuga, transforma-se em uma realidade fantástica ao ponto de traduzir-se em imaginações quentes, sem nexo, como se houvesse algum ponto real e certo em sua vida...

Ou seja, na prática, a fuga assemelha-se ao trabalho, e na maioria das vezes o trabalho se torna o vilão, pois o faz seguir regras, disciplinas para as quais nunca fora nascido ou educado, e sim monstros dos quais se deve fugir eternamente. 

Essa natureza, no entanto, presa a valores em desiquilíbrio, pode ser quebrada e outra pode ser forjada em aço. O aço da responsabilidade. Ou seja, abraçar pequenas causas plausíveis, assegurar-se de que somente a pessoa pode ser responsável por aquilo que abraça, e nunca, jamais, deixar sucumbir por sentimentos de vingança a qualquer entidade de uma sociedade em putrefação, que não nos dá exemplos em nada; não deixar que demônios internos se revelem em sindicatos, pleiteando mais e mais, se nossas forças são limitadas --  assim, se isso houver, consequências virão em forma de roubos, furtos pequenos, sucessos rápidos, enfim... tudo que não se quer de um inimigo, muito menos de um jovem.

Voltando

Quando cresci, vi que somos a soma do que trabalhamos e do que nos responsabilizamos. Ontem, eu era objeto de responsabilidade de meus pais; um pouco mais a frente, eles foram meus jovens, pelos quais fui responsável, e hoje, como meu filho nessa linha imaginária tradicional de crescimento físico e psicológico, abraço-o, como a mim mesmo, antes de pular de um avião em movimento; amanhã, sei que serei seu objeto, mas sei que não gostarei de sê-lo, ainda sim terei que aceitar, terei que dormir e um dia não acordar, pois sei que até lá uma outra responsabilidade dele vai nascer.



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sonhos que Vivi: a vendedora gostosa.

Acredito que somos crianças eternas em busca de alguém que nos compreenda; o caminho é imenso, porém, não é impossível encontrarmos esse alguém; não façamos, no entanto, dessa estrada uma loucura desmedida, sem preço, como um cavaleiro em busca de justiça, mas como um homem em busca do aperfeiçoamento, de si mesmo.

Sem dor.


Memórias são formas de expressões humanas.
Devemos contá-las por mais bobas que sejam.






Eu já estava com os meus vinte e poucos anos, cheio de poesia nas veias, cheio de palavras novas a ressaltar, com o coração renovado para sofrer seja o que for, para viver uma nova decepção. E quando homens há no mundo com esse espírito, prosseguimos com dores, como cristãos a pagar promessas em escadas “da penha”, com calos, unhas cravadas, enfim... Lá vamos nós!


Ela era linda, e eu um belo rapaz; com seus dezessete aninhos, ela reluzia na flor da pele a sua juventude, a sua beleza. Olhos imensos, pele alva como a de um fantasma; cabelos encaracolados, e uma anca maravilhosa. Seu nomezinho... Edilma*. Uma menina que pedia para ser cantada, amada e quem sabe ter invadida a sua privacidade...

Eu, um coitado em busca de ânimo para viver, depois de várias (normais) tentativas de suicídio assistindo à novela das nove, resolvi passear num shopping que se situava mais ou menos perto de minha casa. Já na entrada do infeliz, seus olhos, sua anca vestida de jeans e sua enorme vontade de servir ao próximo estremeceram meu coração de longe.

Ela trabalhava em uma lojinha dessas de revelação, em que a vendedora ficava a conversar com o cliente sempre que ele tinha dúvida acerca de como poderia fazer o melhor para ele. E naquele dia, lindo dia, descobri que estava amando (mais uma vez!!).

Aproximei-me do balcão, olhei para o rostinho dela, e com um sorriso trêmulo no rosto iniciei um diálogo cínico somente para me aproximar daquela deusa que esperava ser... Tocada. Mas não seria fácil. Minha voz recolheu-se mais ainda ao vir que não estava diante de uma mera menina, mas uma benção dos céus, e eu estava doido para correr e dizer a minha mãe que tinha encontrado a sogra dela!

...Contudo, não seria fácil. No balcão, ela se aproximava como uma criança pura, sem maldade – ao contrário de mim. De tão perto que ficava, que poderia sentir o perfume do perfume, e o outro perfume que ficava abaixo da pele. Essas coisas só se percebe quando se está no cio... desculpe-me... Por outro lado, ao contrário do cachorro, não ficamos cheirando, quer dizer, abanando o rabo...

Como dizia, a vendedora, sem saber de minhas intenções, que por enquanto não era más, sorria com minhas piadas breves, e deixava minhas mãos sobreporem-se às delas, e mais, deixava que eu, com leves toques em seu cabelo, a reconhecesse, compreendesse, e tivesse meu momento dionisíaco... (de Dionísio, deus do vinho. Embriagado com o momento...).

E ao perceber, em poucos momentos, sentiu que minhas mãos já estavam livres de mais e que seus cabelos não eram cortinas de pobres; então, virou-se, sorridente, foi em busca de algo que pudesse pelo menos metaforizar seu comportamento na frente daquele cliente tão levado... EU.

Após aquele minuto celeste, em que minha alma já tinha saído do corpo, ido à guerra de Esparta, com trezentos e um guerreiros, vencido Xerxes, voado em direção à  Alemanha,  antes do nascimento do Füher, exterminado tudo... segurei tua mão, pela última vez. E mais uma vez seu sorriso foi o passaporte para o meu regresso de volta a minha casa, a meu lar, como se eu tivesse nascido de novo, ou melhor, renovado minhas forças, minha vontade de viver.

Noutro dia...
Edilma estava lá, e eu, dessa vez com um caderno de poesia, encadernado pessoalmente por mim, com mais ou menos trinta ou quarenta poesias feitas somente para ela, em menos de dois dias, a entreguei.

Seus olhos grandes como o de uma garrafa cinquenta e um naquele dia pareciam-me mais tristes, mais cerrados – como o de Capitu, de Bentinho (leiam Machado de Assis!) – encerravam o dia. Como assim? É... A ventania que me trouxe a ela naquele abençoado dia a levou para bem longe. Primeiramente sua alma, pois ao receber minhas poesias, ficou feliz, porém não muito – apesar de folhear com carinho, dentro de uma pequena loja cheia de atendimentos, clientes, patrões, etc, -- pois segundo ela... (disse no ato da entrega)... “Eu tenho namorado...” – claro!, pensei  eu. Como uma menina tão bela daquele jeito poderia viver sozinha naquele mundo!?

...O mais importante é que, naquele belo dia, suas mãos roçaram à minha, seus olhos olharam para os meus, seu corpo, com certeza, por pouco, não tremia; e assim, voltei para casa, com mais uma catapulta do destino que me jogou para frente, me fez cair no chão, e me machuquei de novo.

Dias se passaram, e eu a passar diante daquela maldita lojinha; um dia, nunca mais. Seu corpo tinha se ido para outros bares, quer dizer mares, quer dizer lojas. E nunca mais a vi. Nunca mais me esquecerei daqueles olhos.

Depois do episódio, fiquei sem dar um pio dentro de casa. Não falei a ninguém. Não chorei. E também não sorri. A escuridão se formou em mim. E com certeza se formaria outras vezes, e por isso, voltei à vida, depois de dois dias mudo, e renovei-me em meus afazeres.

Grande abraço!


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sonhos que Vivi

Acho que temos direito de maltratar um pouco a personalidade uma vez a cada ano. Há pessoas que fazem isso diariamente, outras a cada segundo de sua vida; eu, esse pobre blogueiro, expondo um pouco do que fui, sofro agora, mas depois disso, nuuuunca mais!


Se divirtam!


E as bobagens continuam!





... Naquele dia em que Aline tinha me entregue o bilhete ainda que indiretamente, ainda que sem intenção alguma, além da de fazer-me levantar a cabeça e de me sentir bem... Era a primeira pessoa, a primeira menina, fora aquela do inocente beijo fortuito, rápido, etc, Aline me dera a segurança de que eu existia para o mundo. Para o mundo das relações.

Meu coração palpitava, minhas pernas saltitavam; minha mente enlouquecia, meu... ah, esquece... Mas é incrível quando o homem, em sua adolescência, é lembrado como um ser existente e que pode participar dessa natureza  a que todos (menos eu, como me sentia) tinham direito.

O tempo me disse o contrário em tudo. Hoje, me vejo como um homem abençoado pelos deuses, quando me refiro a relacionamentos breves, pequenos, fortuitos e eternos. Mas não é desses que eu gostaria de citar e sim aqueles pequenos, nos quais a ingenuidade era dona, nos quais os deuses tinham a direção, não eu...

Nas Ruas

Em minha rua, havia varias casas, e hoje restam poucas. Mas à época, por volta dos anos oitenta, ou antes disso, vizinhos lotavam as ruas, e cada um deles tinha uma filha, e cada uma, amiga de minhas irmãs... E por que não dizer minhas também? Mas ao homem na adolescência, é dado somente o poder de passar por experiências naturais nas quais o corpo e a mente são sujeitos a sofrer (ou não, como diria Caetano!), o que, para mim, não foi diferente...

Havia uma casa à frente da minha que era feita de madeira, assim como todas na rua, mas essa era grande, imensa, como se fosse um acampamento – nome homogêneo daquela rua --, e nela, na grande casa, meninas moravam e todas elas – pelo menos umas cinco! --  passaram por mim, menos um infeliz que nascera com problemas psicológicos, que, segundo a mãe dela, nascera daquela forma...

Isso, no entanto, era menos importante, mesmo porque, hoje, ela é mãe, e seu filho está hipersaudável  ! – Mas no tocante ao que passei, ela não participou. Somente suas quatro irmãs restantes (quer dizer), as outras que não tinham qualquer problemas.

A primeira, Maria*, não era tão bonita, mas possuía um sorriso interessante, e com certeza, mais uma vez falando, queria passar por uma experiência mais interessante ainda, porém não comigo; e o que estava em seus planos era gente mais arredia, forte, pegador... E eu, tão quieto quanto um cachorro jogado, esperaria o dia em que ela passasse por tudo que toda menina em sua idade passaria...

Não adianta. Eu tinha que partir para outra, a menos bonita, contudo a mais adiantada (se é que me entendem), a mais intrépida, no entanto... Ela não queria fazer parte de uma experiência comigo, qualquer que fosse, com intuito de  satisfazer-me psicologicamente, ou qualquer  “mente”... Porque partira para cima de um amigo – de um grande amigo – que tinha outra opinião sobre ela...

Na realidade, éramos quase irmãos e ele, sabendo de minha paixão por Josina*, a esvoaçada, maluca e pirada por sexo, preferiu que eu desse o primeiro passo  (o primeiro pra mim, mas para ela... se não fosse o décimo terceiro...), e o  que mais importava, para ele, era a minha amizade...

Contudo, descobri mais tarde, rumores de que esse amigo vivia com outro cara... Enfim, com sua parte que lhe cabe, mesmo não cabendo, ou seja, ele era cabo macho e cabo fêmea da tomada... (O que não o fez de desistir da vida e não se casar com uma menina de dezoito anos, ualllaaa!).

Fiquei meio perturbado com tudo isso, e iniciei um pensamento estranho com relação às pessoas que eram minhas amigas, tanto com relação às mulheres quanto aos amigos, pois tudo tinha que ser repensado! Sim... O que seria de mim, esse ser louco para ter uma experiência maravilhosa com uma gata, mesmo que fosse de telhado de zinco, mesmo que não fosse tão gata, mas que sucumbisse às minhas primeiras palavras doces ou salgadas não sei, mas que tivesse um momento com esse que lhes dedilha essa bobagem...

Não importa. Josina, mais tarde, ao perceber que meu grande amigo não era daqueles, mas sim daqueles outros, partiu para cima de mim com seu caminhão de pernas e bundas, e eu, filho de quem era, ou seja, de um pai que não perdoava, dei-lhe um tapa na parte maravilhosa, onde o sol não alcança (claro), que a coitadinha não entendeu nada (e para dizer a verdade, nem eu....)...

Aquele menino de natureza fria, aquele ser estático, aquele cuja professora o sacaniou em sala de aula, aquele que havia recebido um bilhete de uma patricinha, aquele... Basta! Eu passei a agir, levantei minha bandeira que há dias, quer dizer anos!, não tinha nem cor, e naquele dia...Mas também nesse dia, Josina se dissipou como bola de sabão de minha vida. Louca, pernas de atriz de chanchado , lindas, um corpo que fazia questão de mostrar... Porém, ao vir esse que lhes chora desentupindo a pia a dar-lhe um choque de realidade, se mandou... E ficamos como bons amigos.

Outra irmã dela, a Zoiona*, cujos olhos pareciam lanternas de dia, e no escuro nem se fala, pensei um dia chegar perto, contudo, a infeliz era mais centralizada nos estudos e mais responsável que as outras; e mulher, com essas características, como sabem, preferem se casar a ter qualquer relacionamento fortuito... Então, fiquei só a observar, e observar, até que um dia... "Não, meu querido, ela disse, prefiro estudar...".
Foi a última coisa que ela disse comigo antes de eu pronunciar qualquer coisa relativa a segundas intenções... 




Ainda bem! já pensou se ela dissesse... "Só casando" ??. 



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*nomes fictícios. Mas só os nomes.




Ótima sexta.


A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....