Opinião
Star Trek. Clássico que nos remete ao impossível. |
Desde que o homem é homem ele busca ser eterno, nas mínimas coisas. Deixando seus rastros de bondade, de maldade, mas sempre deixando legados dos quais gerações possam retirar algo. E podemos observar isso em Hollywood que descobriu a fórmula do sucesso em imprimir venturas a esse pensamentos clássico. Assim, nunca mais os filmes de ficção foram os mesmos.
Em Star Trek, Jornada nas Estrelas, para os aficionados em filmes do gênero, expuseram pensamentos futurísticos a personagens quase imortais, como o capitão Kirk (William Shatner), ao doutor Spok (Leonard Nimoy), nos quais, como protagonistas de viagens interplanetárias, a uma jornada que até hoje impossível fisicamente ao homem e a qualquer ser racional, retratou a vulnerabilidade do pensamento em tentar lidar com o que teorizamos, ainda que seja dentro do absurdo.
Mas isso, no entanto, não faz o autor de Jornadas nas Estrelas um ser débil, muito pelo contrário. O que se passa em sua mente nada mais é que a cópia de vários ancestrais que um dia, até mesmo na antiguidade clássica, pensaram. Com diria um grande professor, se perguntássemos a um romano na época das vigas, puxadas a cavalo, qual seria o futuro do transporte naquele momento... e responderia, com quase total exatidão, “teremos vigas voadoras; mas fortes; sem a presença dos cavalos”...
A essência, então, é a
mesma. Nós, no entanto, estamos tão perto de realizar viagens interplanetárias
do que um dia o romano, mesmo com toda a sua “tecnologia” em relação aos países
conquistados, teve. Mesmo assim, teríamos que sofrer com as possiblidades envolvidas.
É preciso mais tempo?
E o que isso tem a ver com
ser eterno? O homem, em seu pensamento profundo em relação ao que se passa ao
seu redor, mesmo dentro do impossível, dá um passo rumo a ele, chegando a
convicção de que pode, consegue, realiza,
e que nada para ele é impossível – de eterno, nesse caso, somente o poder de sua vontade, mesmo porque para o homem há limites, por mais que queira
atravessar os ares de marte, o planeta vermelho, e criar novos ares após mais
uma conquista.
A tecnologia dos filmes de
ação nos remete a concretização de um futuro utópico em termos de ferramentas
sejam elas espaciais ou não – tanto que não há pessoas miseráveis nas esquinas,
influência de governos, religiões, família... Como se extinguíssemos as
estruturas de uma sociedade que vive disso. Mas os filmes de ficção (a maioria)
se desfaz dessas bases.
Ou seja, o futuro, para
que seja permanente, fixo, deve conter o que mais apraz o homem: o seu sonho
realizado a partir de suas descobertas, não das estruturas citadas. O que é uma
falha.
Outro filme...
Origem. Somente o sonho nos leva ao real. |
Não saindo da ficção, e ao
mesmo tempo mudando de tema, saindo do espacial para o psicológico, posso citar
entre os filmes que nos imprime uma realidade fantástica em busca da eternidade
perdida, é o filme “Origem”, com Leonardo DiCaprio, no qual uma organização especializada
em resolver assuntos por meio de sonhos, adentra na mente dos humanos,
repetindo, por sonhos, na certeza de entrar em estruturas criadas involuntariamente
por nós, durante nossos dias de vida.
No filme, DiCaprio, o
chefe da equipe, apesar de sua competência em resolver os assuntos de outros, tem uma pendência com sua esposa, morta voluntariamente (suicídio), pelo
fato de acreditar que, nesse estado (morta), viveria nessa estrutura
eternamente; o filme demonstra isso com louvor.
Mas, fora a ficção, pude
perceber que há uma verdade por trás de tudo isso. Há realmente um meio pelo
qual tentamos fugir de nossa realidade, é o sonho. E isso não é uma opinião.
Vários especialistas dizem que quando estamos com problemas, dormimos muito;
outros, ao contrário, mas há que entender que há essa possibilidade de fuga por
meio dos sonhos, os quais nos remetem, na maioria das vezes, a uma “realidade”
que podemos sentir melhor, ou dominar, como se fôssemos donos das circunstâncias...
Outras vezes – e essa
talvez seja a pedra fundamental para acharmos que tal estrutura há – é quando
um ente nosso se vai (morre), e não temos meios de nos comunicar, ou mesmo
vê-lo para dizer as últimas palavras, ou palavras que lhe faltaram, enfim,
começamos, como pedreiros de sonhos, a partir daí, a criar o castelo no qual
você e a pessoa que se foi ficarão.
Castelo esse em forma de
pensamentos confusos, com situações idem, mas com a certeza tão clara como a
tecla desse computador de que a pessoa que se foi está ali, e que a estrutura está
feita, realizada, e que todas as vezes que eu quiser vê-la crio meios naturais
em minha vida real, a partir de lembranças fortes, ou não, mas que são o
suficiente para “visitar” aquele ente está mais forte e vivo do que nunca...
E o eterno? Em “Origem”,
esse filme espetacular, descobri que há realmente esses castelos que construímos
quase que involuntariamente (pois quando sabemos dele, sempre queremos colocar
um tijolo), há sonhos fortes nos quais podemos resolver nossas pendências, mas
há um simbolismo profundo nesse filme: de que somente o homem que sonha é
eterno.
E quando me refiro a
sonhos, não falo desses breves nos quais criamos ou destruímos estruturas, mas
desses que nos fazem levantar, sorrir em direção ao sol, nos tornar um pouco
dele, sair em nome do Belo, cheio de pensamentos humanos em relação às pessoas,
criar meios de reverência ao sagrado, ser um pouco mítico como um Ícaro que deu
certo; realizar façanhas como o herói que encontrou meios para matar o Minotauro
e sair tão forte quanto entrou do labirinto...
No fundo, temos que ser
tais quais os caracóis que, ao caminhar devagar, dentro de seu belo caminho, um
dia morre, mas deixa um rastro de fagulhas brilhante por onde passou.
Assim nos
tornamos eternos.
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