Por que todos se baseiam na arte grega? |
Não é difícil falar em eternidade ao nos depararmos com o
pôr do sol, ou mesmo ao som de Noturnos, de Frederic Chopin, não, não é. Nossos
olhos se enchem dágua nesses raros momentos que passam por nós todos os dias,
de forma que nos transformamos em seres entusiásticos pelo simples momento de contemplar o Belo.
E por falar em Belo, ainda ontem, ao ler o livro II d´A República, de Platão, o autor nos
remente ao pensamento clássico de Justiça a partir de um mundo fragmentado, ao
passo nos remete àquele conceito se aprofundando na alma humana – sei que os
gregos, de algum modo, nos enganam quando falam em alma, pois ao se referirem
ao Belo, assim como o autor citado, muitas vezes citam alma como Espírito, esse
elemento que tanto desconhecemos e só temos uma parca visão dele quando nos
aproximamos dos degraus de Arte.
E quando falamos em Arte, vem-nos conceitos físicos,
retratados em belezas relativas, em quadros emoldurados, firmes, como plantas
de plástico que não nascem, e sim são produzidas para enfeite. Assim, ainda que
exista uma natureza lá fora em suas tentativas vãs em demonstrar seus inúmeros referenciais
de Arte, Justiça, Bem, Amor, nos conduzimos a refletir nossas debilidades em
telas as quais não sabemos, na maiorias das vezes, se estão ou não conectadas
com os valores universais...
A Arte, também, é uma forma de eternidade – não porque nos
mostra as loucuras de alguém ou de uma sociedade, de um universo humano, e que
perdura entre gerações há quientos ou mil anos, não. É eterna porque nos faz
nos religar a Deus, esse que permeia dentro de nós a cada entusiasmo (em+theo
> deus em nós), ao passo em uma simplicidade que, aos olhos do modernismo, é
sinônimo de atraso...
Não se pode chamar Arte de atraso, mesmo porque cascatas,
como “véus de noiva”, a desaguarem num rio cálido, transparente, no qual pedras
límpidas, no fundo, são enxergadas como seres místicos; não se pode julgar um
jardim natural, cheio de flores que se diferem em cores, em tamanhos, em formas
e ao mesmo tempo harmonizam com um céu azul... Não se pode vender a Arte,
trocá-la, pois ela não é um produto de uma consciência pessoal, com finalidade
de enriquecimento ou mesmo vaidosismo humano. Não.
Nessa arte, não apenas os jardins naturais se vão, mas
músicas que nos religam as deusas, as musas, à alma, para qual nascera e nunca
mais nos empobrecera até então. E hoje, como um quadro feito com tendências relativas,
a música se tornou relativa, sem nexo, cheia de deformidade, e se porta como
uma filha rebelde ao ilustrar qualquer coisa para as massas, para o homem que
precisa de palco, para o lixo que precisa de uma trilha sonora.
A música, hoje, destrói o bom senso de um homem que tenta
encontrar a si mesmo nas obras sagradas da natureza, pois sempre se depara com
o que se traduz do mundo, ritmos, em letras sociais, nas quais a depender do
estilo, faz uma leitura do que se passa dentro do homem, ou do próprio povo.
Contundo... Apesar de tudo, ainda há a eternidade. E dela,
para o homem que involuntariamente deseja o Bem, retira-se o valor minúsculo do
que podemos ser e compreender a respeito do que somos, e isso não se pode
frear, podem até “escravizar” nossos corpos, mas não nossa alma, que quer subir
aos Céus como um balão preso pelo peso de nossas raízes. Mas, um dia, ela se
vai.
Outras formas de eternidades se mostram, mas é preciso que
tenhamos olhos para tanto. Olhos para os rios celestes, que desaguam há
milênios na grande consciência do criador; temos que reconhecer o nascimento
físico e espiritual de uma natureza, antes mesmo do homem, o qual nascera sob o
signo da transformação de sua própria existência, a qual, em algum ponto,
podemos chamar de duradoura, não eterna.
Podemos, sim, chamar de eternidade o mais alto degrau – ou o
que mais subjaz no homem, que, em sintonia com o ponto mais externo da vida,
leia-se a mônada universal, nos faz, independente de nossas idades físicas, tão
eternos quanto o próprio céu. E somos.
Falamos de Eternidade no próximo episódio...
Ótima sexta!
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