quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Lei das Perguntas

Para onde vamos com tantos questionamentos, e para que nos servem? São apenas meios de consecução de nossos objetivos, ou parte de nosso crescimento interno?






Por que queremos saber tanto acerca dos mistérios que nos ronda? Por que sempre questionamos a existência de divindades, da divindade, do vento, da brisa, da vida, do mundo... Enfim, o que nos faz ser tão teimosos quanto mulas tagarelas que empacam em assuntos que poderiam ter sido pontes a outros e não buracos nos quais ficamos o resto de nossas vidas nos aprofundando até encontrar centro do nada?...

É natural questionar, no entanto, dar passos em favor de nossas pequenas evoluções, é mais ainda. Não adianta ficarmos exaustivamente presos a assuntos que não nos fazem crescer, evoluir como pessoa, o que seria parte de nossa formação. É o caso de crianças que nos questionam, guardam as respostas, revelam-se aprendizes de nossas práticas, e vivem a questionar sobre aquilo que têm dúvida...

Será o nosso caso? Não. Faz-se perguntas desnecessárias a si mesmo, ao mundo, às pessoas, somente com o intuito de se informar, não crescer. A informação, nesse caso, seria o ponto culminante do individuo moderno, com intuito de encher mais sua caixa, seu racional, e levar consigo o que a maioria chama de conhecimento... Eu chamo de informação.

Contudo, podemos transformar conteúdos informativos em conhecimentos breves no quais podemos retirar – baseados em premissas tradicionais – o que é bom, certo, verdadeiro, e se der, belo. Fora essas pontos, não podemos preencher nosso racional com lixos virtuais, literais, ou em conversas que não levam a nada...

A exemplo de Sócrates e suas três peneiras, nas quais somente o que lhe interessava poderia ser dito, podemos dizer que temos que ter a nossa peneira, nosso filtro. Nossas necessidades básicas em usufruir de tudo, de todos, a toda hora, nos faz perder um pouco de nossos objetivos humanos. Tornamo-nos animais informados, seres ambulantes, alegres, porém, frios em demasia para sentir uma dor lá no Oriente Médio, ou mesmo quando nos ocorre tão perto de nós, no vizinho, pois nossa alma sucumbiu às informações e perdeu o seu sentido de elevação, estacionou no gelo metafórico e morre em segredo.

Mas... Como no inicio, é natural nos questionar acerca de tudo, mas seria tão natural se pudéssemos levar para o nosso centro, refletir acerca do que somos, andar em direção ao que temos por natureza, sentir cada passo, pegá-lo como experiências básicas ao crescimento, não deixar retardar pelos pequenos blefes do mal, que nos encanta, mas nos retira os olhos do céu, e seguir. É para isso que ele, o mal, existe...


Muitos se questionam a respeito de Deus, de sua existência, e remetem ao pensamento pessoal de que estamos sendo governados pelo mal, porque, com todas as injustiças que há, é impossível que haja um Algo sobrenatural, cuja bondade não se pode externar humanamente, pois pessoas morrem de forma indiscriminada, crianças se vão como poeira, em guerras genocidas, ditadores nascem todos os dias em nome de regimes fáceis... E no campo religioso, padres, pastores, sacerdotes infiéis desconfiguram o mundo, a levar ao seu bel prazer pobres, humildes, a serem escravos de seu império...

No entanto, os "ateus" esquecem-se de viver suas vidas, repletas de indagações, nas quais todas essas perguntas latejam com suas respostas, mas as desconsideram, subjugam a todos, revelam-se ignorantes em entender, e ficam com o básico arcaico.

No campo político, um show de incoerências. Traduzimos nossos sentimentos de revoltas em sistemas falhos, questionamos atos de governantes, em um país imenso, mas desconsideramos nossos erros em nossas vidas, em nossas casas, e o pior, junto às pessoas das quais poderíamos retirar ensinamentos tão fortes quanto àquele que pensa que é rei.

Nossa incoerência é natural, mesmo porque não nos ensinam a ser coerentes na infância. Prova disso é quando derrubamos pratos no chão; na adolescência, jogamos cascas das janelas dos carros; quando os ensinamos que ser um gari é errado, que lavar louça é coisa de mulher, que mandamos no mundo, enfim, nada que fazemos no passado tem a ver com o nosso presente caótico...

Depois de anos, aprendi a respeitar as leis dos questionamentos. Não podemos exercê-la se não a respeitamos. E isso ocorre quando temos respostas preciosas e as jogamos fora como cascas de banana no lixo. Temos que ser coerentes com ela, com essa lei, exercendo em práticas diárias o que indagamos em relação a tudo; temos que buscar em nós esse respeito, e se não conseguimos entender o que isso significa, observamos os mais idosos, cheios de vida, de sabedoria pelo que passaram sem fazer qualquer pergunta dentro da batalha.


E se ainda não entendermos, busquemos um mestre.






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