Refletir acerca do que somos a partir de nossos atos em relação ao próximo, nos faz tendenciosos à mudança de comportamento, à mudança de consciência sobre o que somos, e ao que pretendemos ante à natureza.
Falta muito para homus sagradus. |
Soubessem o tão pouco tempo que
temos, tão curta a vida é, poderiam olhar em seus pulsos o relógio mecânico,
sentir que o tempo se vai como nós, pingos nos is do nada, ou do tudo? Depende.
Será que esse mundo tão devasso e materialista não nos vai dar uma chance de
pensarmos um pouco no que realmente importa à vida, às pessoas – ao vizinho, ao
funcionário, ao homem que acorda pela manhã, sai de casa transtornado pelas
dividas, e pelo restante dos problemas que ainda o sacodem em um universo tão
frágil? Ou mesmo na miséria humana que se alastra nas ruas por consequência do
descaso?
O que somos nesse sentido?
Animais poderosos de calças e gravatas, que andam de carros negros, com
escravos modernos a nos abrir as portas e fechá-las quando bem entendermos?
Tantos questionamentos somente para desvendar esse mal que nos assola, que nos
transforma em vis seres que perambulam no núcleo da terra, como zumbis
arrumadinhos, conscientes das lhanuras, do próprio mal e ainda, em segredo,
como frios seres que destroem a própria espécie, apenas pelo vaidosismo.
O que somos na realidade?
Pergunta que nos remete a um passado clássico, a um universo que modernistas
ainda se questionam e não acreditam, simplesmente porque não podem desaparecer
do contexto como pessoa. Não adianta, somos parte desse universo, desse
conjunto de universos, nos quais nos relevamos ínfimos, ou mesmo precários
seres sem o poder de nada... Ao contrário dos que pensam que poder nada mais é
que o sobressair por cima de um conjunto de pessoas, com ferramentas para
destruir, mudar ou transformar a própria espécie...
Não estamos longe disso, não é
uma reverberação gratuita com fins filosóficos (e mesmo que fosse!), ou comfins
idealísticos, mas muito mais uma formação advinda de uma reflexão parametrada em uma realidade concreta.
Animal Racional
Temos, a exemplos, governadores
que querem se eternizar, construindo pontes, sem qualquer fim sagrado;
presidentes, com seus programas tangíveis nos quais o povo, lento em
raciocínio, leva tempo para perceber que não passa de um doce que se vai tão
rápido quanto uma propaganda eleitoral. Sem falar em nossos presidentes de
instituições, como tribunais, câmaras, senados, os quais, antes de adentrar em
seus mandatos, violam a paz de seus subordinados, aterrorizando-os com ideias
pós-modernas de construção de gabinetes, de salas imensas, além de retirar o
que lhes é de direito – na maioria das vezes, direitos salariais, de férias,
horário, etc...
Estamos prestes a viver o fim de
uma era, a era do pensamento natural, desses que um dia nos faziam refletir
sobre nós mesmos, sobre nossos comportamentos, nossa real ética em relação ao
mundo, a outro ser humano. Revelar-se-á o pensamento global da morte do passado
clássico, no qual grandes homens, como Ramses, Julio César, Marco Aurélio,
Alexandre, um dia foram voltados a ideias constantes ao bem, ao homem. Tanto
que, até hoje, espero que sempre, sejam lembrados, copiados, referenciados,
levados ao cume da montanha dourada e de lá nunca saiam, porque estamos nos
matando aos poucos, desconfigurando o
que realmente somos por puro interesse, vaidosismo, e isso em seu maior grau.
O que fazer? Ir às ruas? Liderar
movimentos? Ofender governantes?... Não, talvez não. Talvez o maior legado a
que temos direito e que nunca nos vão tirar é o da real educação. Essa que nos
faz questionar, refletir e tentar entender o comportamento alheio, e ao nosso
também. Uma educação inata, advinda de nossas reminiscências, de nossa alma
indignada com outros que iniciaram, há muito, o processo de embriaguez do
mundo.
Como no livro “A Revolução dos
Bichos”, de George Orwel, que conta a história de animais que se propuseram a
tomar o poder humano, que percebem mais tarde que estavam se portando como os
poderosos, mostra como volúvel somos em relação ao poder, como somos frágeis
quando possuímos incertezas em nossos ideais de modificação de qualquer coisa,
e nos caso em questão, nessa parábola maravilhosa, nos mostra que nossa
consciência deve ser trabalhada como raios em espelhos, ou seja, voltada a nós mesmos,
e por consequência a sociedade. Caso contrário, seremos, ao contrário do que
literalmente propõe Orwel, animais.
O que estamos percebendo, no
entanto, é que nossas vozes estão virando rugido de leões, nossas risadas, de
hienas; nosso medo, de zebras que correm de seu predador; estamos batendo em
nossos peitos machistas, como gorilas que querem a luta pela macaca; enfim...
Estamos deixando nossos pêlos crescerem pelo corpo a mostrar a virilidade ao
sexo oposto...
Não menos, em caráter, estamos
depreciando culturas, pessoas; humilhando nossa espécie; criando meios
solitários, como ilhas perdidas em meio às águas do Pacifico; queremos sorrir
sozinhos, amar sem compromisso, viver sem liberdade, e viver eternamente.
Queremos mandar, ser obedecidos; queremos que o mundo gire ao nosso redor, senão,
em nome do sol que achamos ser, faremos uma guerra. Animal racional é isso.
Homus Sagradus
Hoje, ao observar o longe, vimos
as figuras dos grandes avathares, que um dia andaram conosco, conversaram,
trocaram ideias, foram tão simples quanto crianças nascidas e ainda sim se
revelaram homens, ou melhor, seres divinos pelo que nos deixaram. E ainda
deixam.
Tais homens não construíram
castelos, casas, igrejas imensas, estradas ou pontes – mas grandes castelos simbólicos,
casas com telhados fortes (nós), igrejas internas, nas quais somente se pensa
em Deus, não em princípios demagogos ou hipócritas; nos deixaram chaves para os
nossos eternos problemas, e nos deram o céu de presente!
Tais homens sagrados não nos
alertaram para o fim de um tempo, da humanidade, mas nos deram o inicio de uma
nova vida.
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