Se divirtam!
E as bobagens continuam! |
... Naquele dia em que Aline tinha me entregue o bilhete
ainda que indiretamente, ainda que sem intenção alguma, além da de fazer-me levantar
a cabeça e de me sentir bem... Era a primeira pessoa, a primeira menina, fora
aquela do inocente beijo fortuito, rápido, etc, Aline me dera a segurança de
que eu existia para o mundo. Para o mundo das relações.
Meu coração palpitava, minhas pernas saltitavam; minha mente
enlouquecia, meu... ah, esquece... Mas é incrível quando o homem, em sua adolescência,
é lembrado como um ser existente e que pode participar dessa natureza a que todos (menos eu, como me sentia) tinham
direito.
O tempo me disse o contrário em tudo. Hoje, me vejo como um
homem abençoado pelos deuses, quando me refiro a relacionamentos breves,
pequenos, fortuitos e eternos. Mas não é desses que eu gostaria de citar e sim aqueles
pequenos, nos quais a ingenuidade era dona, nos quais os deuses tinham a
direção, não eu...
Nas Ruas
Em minha rua, havia varias casas, e hoje restam poucas. Mas à
época, por volta dos anos oitenta, ou antes disso, vizinhos lotavam as ruas, e
cada um deles tinha uma filha, e cada uma, amiga de minhas irmãs... E por que
não dizer minhas também? Mas ao homem na adolescência, é dado somente o poder
de passar por experiências naturais nas quais o corpo e a mente são sujeitos a
sofrer (ou não, como diria Caetano!), o que, para mim, não foi diferente...
Havia uma casa à frente da minha que era feita de madeira,
assim como todas na rua, mas essa era grande, imensa, como se fosse um
acampamento – nome homogêneo daquela rua --, e nela, na grande casa, meninas
moravam e todas elas – pelo menos umas cinco! -- passaram por mim, menos um infeliz que
nascera com problemas psicológicos, que, segundo a mãe dela, nascera daquela
forma...
Isso, no entanto, era menos importante, mesmo porque, hoje,
ela é mãe, e seu filho está hipersaudável ! – Mas no tocante ao que passei, ela não
participou. Somente suas quatro irmãs restantes (quer dizer), as outras que não
tinham qualquer problemas.
A primeira, Maria*, não era tão bonita, mas possuía um
sorriso interessante, e com certeza, mais uma vez falando, queria passar por
uma experiência mais interessante ainda, porém não comigo; e o que estava em
seus planos era gente mais arredia, forte, pegador... E eu, tão quieto quanto
um cachorro jogado, esperaria o dia em que ela passasse por tudo que toda menina
em sua idade passaria...
Não adianta. Eu tinha que partir para outra, a menos bonita,
contudo a mais adiantada (se é que me entendem), a mais intrépida, no entanto... Ela não queria fazer parte de uma experiência comigo, qualquer que fosse, com
intuito de satisfazer-me psicologicamente, ou qualquer “mente”... Porque partira para cima de um
amigo – de um grande amigo – que tinha outra opinião sobre ela...
Na realidade, éramos quase irmãos e ele, sabendo de minha paixão
por Josina*, a esvoaçada, maluca e pirada por sexo, preferiu que eu desse o
primeiro passo (o primeiro pra mim, mas
para ela... se não fosse o décimo terceiro...), e o que mais importava, para ele, era a minha amizade...
Contudo, descobri mais tarde, rumores de que esse amigo vivia
com outro cara... Enfim, com sua parte que lhe cabe, mesmo não cabendo, ou
seja, ele era cabo macho e cabo fêmea da tomada... (O que não o fez de desistir
da vida e não se casar com uma menina de dezoito anos, ualllaaa!).
Fiquei meio perturbado com tudo isso, e iniciei um
pensamento estranho com relação às pessoas que eram minhas amigas, tanto com
relação às mulheres quanto aos amigos, pois tudo tinha que ser repensado!
Sim... O que seria de mim, esse ser louco para ter uma experiência maravilhosa
com uma gata, mesmo que fosse de telhado de zinco, mesmo que não fosse tão
gata, mas que sucumbisse às minhas primeiras palavras doces ou salgadas não sei,
mas que tivesse um momento com esse que lhes dedilha essa bobagem...
Não importa. Josina, mais tarde, ao perceber que meu grande
amigo não era daqueles, mas sim daqueles outros, partiu para cima de mim com
seu caminhão de pernas e bundas, e eu, filho de quem era, ou seja, de um pai
que não perdoava, dei-lhe um tapa na parte maravilhosa, onde o sol não
alcança (claro), que a coitadinha não entendeu nada (e para dizer a verdade,
nem eu....)...
Aquele menino de natureza fria, aquele ser estático, aquele
cuja professora o sacaniou em sala de aula, aquele que havia recebido um
bilhete de uma patricinha, aquele... Basta! Eu passei a agir, levantei minha
bandeira que há dias, quer dizer anos!, não tinha nem cor, e naquele dia...Mas
também nesse dia, Josina se dissipou como bola de sabão de minha vida. Louca,
pernas de atriz de chanchado ,
lindas, um corpo que fazia questão de mostrar... Porém, ao vir esse que lhes
chora desentupindo a pia a dar-lhe um choque de realidade, se mandou... E ficamos como bons amigos.
Outra irmã dela, a Zoiona*, cujos olhos pareciam lanternas de dia, e no escuro nem se fala, pensei um dia chegar perto, contudo, a infeliz era mais centralizada nos estudos e mais responsável que as outras; e mulher, com essas características, como sabem, preferem se casar a ter qualquer relacionamento fortuito... Então, fiquei só a observar, e observar, até que um dia... "Não, meu querido, ela disse, prefiro estudar...".
Foi a última coisa que ela disse comigo antes de eu pronunciar qualquer coisa relativa a segundas intenções...
Ainda bem! já pensou se ela dissesse... "Só casando" ??.
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*nomes fictícios. Mas só os nomes.
Ótima sexta.
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