sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sonhos que Vivi

Acho que temos direito de maltratar um pouco a personalidade uma vez a cada ano. Há pessoas que fazem isso diariamente, outras a cada segundo de sua vida; eu, esse pobre blogueiro, expondo um pouco do que fui, sofro agora, mas depois disso, nuuuunca mais!


Se divirtam!


E as bobagens continuam!





... Naquele dia em que Aline tinha me entregue o bilhete ainda que indiretamente, ainda que sem intenção alguma, além da de fazer-me levantar a cabeça e de me sentir bem... Era a primeira pessoa, a primeira menina, fora aquela do inocente beijo fortuito, rápido, etc, Aline me dera a segurança de que eu existia para o mundo. Para o mundo das relações.

Meu coração palpitava, minhas pernas saltitavam; minha mente enlouquecia, meu... ah, esquece... Mas é incrível quando o homem, em sua adolescência, é lembrado como um ser existente e que pode participar dessa natureza  a que todos (menos eu, como me sentia) tinham direito.

O tempo me disse o contrário em tudo. Hoje, me vejo como um homem abençoado pelos deuses, quando me refiro a relacionamentos breves, pequenos, fortuitos e eternos. Mas não é desses que eu gostaria de citar e sim aqueles pequenos, nos quais a ingenuidade era dona, nos quais os deuses tinham a direção, não eu...

Nas Ruas

Em minha rua, havia varias casas, e hoje restam poucas. Mas à época, por volta dos anos oitenta, ou antes disso, vizinhos lotavam as ruas, e cada um deles tinha uma filha, e cada uma, amiga de minhas irmãs... E por que não dizer minhas também? Mas ao homem na adolescência, é dado somente o poder de passar por experiências naturais nas quais o corpo e a mente são sujeitos a sofrer (ou não, como diria Caetano!), o que, para mim, não foi diferente...

Havia uma casa à frente da minha que era feita de madeira, assim como todas na rua, mas essa era grande, imensa, como se fosse um acampamento – nome homogêneo daquela rua --, e nela, na grande casa, meninas moravam e todas elas – pelo menos umas cinco! --  passaram por mim, menos um infeliz que nascera com problemas psicológicos, que, segundo a mãe dela, nascera daquela forma...

Isso, no entanto, era menos importante, mesmo porque, hoje, ela é mãe, e seu filho está hipersaudável  ! – Mas no tocante ao que passei, ela não participou. Somente suas quatro irmãs restantes (quer dizer), as outras que não tinham qualquer problemas.

A primeira, Maria*, não era tão bonita, mas possuía um sorriso interessante, e com certeza, mais uma vez falando, queria passar por uma experiência mais interessante ainda, porém não comigo; e o que estava em seus planos era gente mais arredia, forte, pegador... E eu, tão quieto quanto um cachorro jogado, esperaria o dia em que ela passasse por tudo que toda menina em sua idade passaria...

Não adianta. Eu tinha que partir para outra, a menos bonita, contudo a mais adiantada (se é que me entendem), a mais intrépida, no entanto... Ela não queria fazer parte de uma experiência comigo, qualquer que fosse, com intuito de  satisfazer-me psicologicamente, ou qualquer  “mente”... Porque partira para cima de um amigo – de um grande amigo – que tinha outra opinião sobre ela...

Na realidade, éramos quase irmãos e ele, sabendo de minha paixão por Josina*, a esvoaçada, maluca e pirada por sexo, preferiu que eu desse o primeiro passo  (o primeiro pra mim, mas para ela... se não fosse o décimo terceiro...), e o  que mais importava, para ele, era a minha amizade...

Contudo, descobri mais tarde, rumores de que esse amigo vivia com outro cara... Enfim, com sua parte que lhe cabe, mesmo não cabendo, ou seja, ele era cabo macho e cabo fêmea da tomada... (O que não o fez de desistir da vida e não se casar com uma menina de dezoito anos, ualllaaa!).

Fiquei meio perturbado com tudo isso, e iniciei um pensamento estranho com relação às pessoas que eram minhas amigas, tanto com relação às mulheres quanto aos amigos, pois tudo tinha que ser repensado! Sim... O que seria de mim, esse ser louco para ter uma experiência maravilhosa com uma gata, mesmo que fosse de telhado de zinco, mesmo que não fosse tão gata, mas que sucumbisse às minhas primeiras palavras doces ou salgadas não sei, mas que tivesse um momento com esse que lhes dedilha essa bobagem...

Não importa. Josina, mais tarde, ao perceber que meu grande amigo não era daqueles, mas sim daqueles outros, partiu para cima de mim com seu caminhão de pernas e bundas, e eu, filho de quem era, ou seja, de um pai que não perdoava, dei-lhe um tapa na parte maravilhosa, onde o sol não alcança (claro), que a coitadinha não entendeu nada (e para dizer a verdade, nem eu....)...

Aquele menino de natureza fria, aquele ser estático, aquele cuja professora o sacaniou em sala de aula, aquele que havia recebido um bilhete de uma patricinha, aquele... Basta! Eu passei a agir, levantei minha bandeira que há dias, quer dizer anos!, não tinha nem cor, e naquele dia...Mas também nesse dia, Josina se dissipou como bola de sabão de minha vida. Louca, pernas de atriz de chanchado , lindas, um corpo que fazia questão de mostrar... Porém, ao vir esse que lhes chora desentupindo a pia a dar-lhe um choque de realidade, se mandou... E ficamos como bons amigos.

Outra irmã dela, a Zoiona*, cujos olhos pareciam lanternas de dia, e no escuro nem se fala, pensei um dia chegar perto, contudo, a infeliz era mais centralizada nos estudos e mais responsável que as outras; e mulher, com essas características, como sabem, preferem se casar a ter qualquer relacionamento fortuito... Então, fiquei só a observar, e observar, até que um dia... "Não, meu querido, ela disse, prefiro estudar...".
Foi a última coisa que ela disse comigo antes de eu pronunciar qualquer coisa relativa a segundas intenções... 




Ainda bem! já pensou se ela dissesse... "Só casando" ??. 



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*nomes fictícios. Mas só os nomes.




Ótima sexta.


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