Equilíbrio entre pai e filho; cada um fazendo sua parte. |
Hoje quando me vejo casado, sinto que muitas coisas não
mudaram, como a grande responsabilidade de um homem, que eu jamais larguei
durante toda minha vida. Digo porque, quando pequeno, já trabalhando aos doze
anos de idade, colocava as primeiras moedas nas mãos de minha mãe, mesmo sem
saber para que eram ou se haveria retorno ou não.
Claro que, intuitivamente, sabemos sim da importância disso quando
realizamos atos como esse. E quando via minha mãe na labuta, a entregar as
roupas que lavava a um bando de bombeiros que a descobriram como a melhor das
pessoas para o serviço (não podemos ter vergonha do nosso passado), sentia que
o trabalho, assim como o de meu pai, ainda que meio ignorante para muitas
coisas, trabalhava com amor e dedicação a sua empresa de construção – foi pioneiro
nisso.
O que estava se construindo em mim era o sentimento de
responsabilidade familiar, social e qualquer uma que houvesse para eu abraçar,
graças aos dois, que me amavam do seu jeito, e eu, do meu, ou seja, imitando-os.
E hoje (voltando), com anéis dourados em nossos dedos da mão
direita, eu e minha esposa realizamos coisas que muitos não entendem, e ficam
coçando a cabeça, como micos que se concentram apenas em observar o humano. Não
falo de minha família, pois toda ela sempre se realizou a fundo em práticas
profissionais, em estudos, ou seja, também sempre trabalhamos, e nunca nos
entregamos. Falo dos observadores de rua, os quais se sentam, conversam, e por
dentro nos aplaudem.
Mas a questão não é essa. Eu só queria dizer que sem ele,
sem esse exercício físico, ainda que obrigatório para muitos, para a maioria
dos graduados emocional, psicológico, à minha família, sempre nos foi um ponto
de equilíbrio constante no qual sempre nos fez nos harmonizar e realizar feitos,
pequenos ou grandes, mas com grande valia para a educação de nossos sucessores, nossos filhos.
Contudo, ainda que queiramos dar exemplos, nos esforçando o
máximo para a realização de um todo, principalmente comportamental, nos vem a
realidade do “depois do portão”, que nos invade a casa, sobrepõem-se em forma
de internet, sites, diálogos informais, jogos de terror embutidos, como se estivéssemos
a treinar fuzileiros do futuro, no entanto
como guerreiros de um futuro teriam que batalhar no presente, vivenciá-lo,
sentir sua fraqueza, invadi-lo.
Parece-nos que o treinamento para tais guerreiros baseia-se
em contradições. Hoje vivemos de jovens que se esforçam o máximo para fugir do
trabalho, e o pouco que conseguem dessa fuga, transforma-se em uma realidade
fantástica ao ponto de traduzir-se em imaginações quentes, sem nexo, como se
houvesse algum ponto real e certo em sua vida...
Ou seja, na prática, a fuga assemelha-se ao trabalho, e na
maioria das vezes o trabalho se torna o vilão, pois o faz seguir regras,
disciplinas para as quais nunca fora nascido ou educado, e sim monstros dos
quais se deve fugir eternamente.
Essa natureza, no entanto, presa a valores em desiquilíbrio,
pode ser quebrada e outra pode ser forjada em aço. O aço da responsabilidade.
Ou seja, abraçar pequenas causas plausíveis, assegurar-se de que somente a
pessoa pode ser responsável por aquilo que abraça, e nunca, jamais, deixar
sucumbir por sentimentos de vingança a qualquer entidade de uma sociedade em
putrefação, que não nos dá exemplos em nada; não deixar que demônios internos
se revelem em sindicatos, pleiteando mais e mais, se nossas forças são
limitadas -- assim, se isso houver, consequências
virão em forma de roubos, furtos pequenos, sucessos rápidos, enfim... tudo que não
se quer de um inimigo, muito menos de um jovem.
Voltando
Quando cresci, vi que somos a soma do que trabalhamos e do
que nos responsabilizamos. Ontem, eu era objeto de responsabilidade de meus
pais; um pouco mais a frente, eles foram meus jovens, pelos quais fui responsável,
e hoje, como meu filho nessa linha imaginária tradicional de crescimento físico
e psicológico, abraço-o, como a mim mesmo, antes de pular de um avião em
movimento; amanhã, sei que serei seu objeto, mas sei que não gostarei de sê-lo,
ainda sim terei que aceitar, terei que dormir e um dia não acordar, pois sei
que até lá uma outra responsabilidade dele vai nascer.
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