Sempre nos cabem reflexões sobre o passado, em especial sobre a Tradição. Gostaria de compartilhar com vocês o que penso acerca disso, mas também sobre o que podemos ser e fazer em prol de um mundo melhor com lastro no passado, com premissas que nos levem a nos conhecer, e por fim nos levar a um mundo melhor.
Sócrates. A filosofia se desfez com ele? |
Em nome dos deuses, como eu gostaria de salientar a
necessidade de o mundo buscar a tradição. O conhecimento, o real conhecimento,
nos faz pensar e refletir no que estamos buscando, no que estamos fazendo ao
nosso redor. Mais ainda, nos aproxima de nós mesmos, penetrando naquele escuro
vazio de sempre, com ferramentas naturais, as quais reluzem como velas em uma
caverna que há muito não vê a luz do sol. Tais ferramentas são nosso
vaidosismo, nossos interesses, nossas falhas, os quais, canalizados e revertidos
como energias ao bem, nos retiram de uma guerra que há séculos travamos,
conosco mesmo.
Precisamos urgente, em nome não só do bom senso, mas de uma
humanidade que se vai como passageiros de um trem sem maquinista, no qual
sofrem os mais humildes com a parte gananciosa que quer tomar a direção –
ninguém possui a vocação para tanto. E agora, o que fazer em relação ao nosso
destino domado pelo próprio homem que pretende domar mais destinos até que
todos se revelem seus escravos, seus filhos falsos, seus humanos
domesticados...
Não sabemos. E é por isso que o processo de “Conhecer a Si
Mesmo”, como no passado, é deveras importante. Ele nos chama atenção para uma
viagem natural e ao mesmo tempo dura, pois nos faz ter medo do que somos, dos
nossos defeitos, de nossos monstros – hitleres,
stalins, -- que sempre, como no filme “Alien,
o Oitavo Passageiro”, se apossam de nosso corpo – talvez de nossas almas –
e quando menos percebemos, lá estão a nos domar, nos levando para o seu ‘Ovo’,
nos enclausurando vivos, como seres pensantes que somos, nos amarrando
fortemente ao seu casulo.
A realidade, no entanto, é mais cruel. Não se assemelha a
nenhum filme de terror, de ficção, de drama, muito pelo contrário. Há sempre um
final no qual pessoas se matam, matam, praticam genocídios, são homicidas
diários, sejam literais ou por meio de uma ideia que avança e toma as
trincheiras da bondade, do amor e distorcem os valores, propositalmente...
Temos que ser fortes. Adotar em nossos princípios a coerência
humana em saber distinguir o que somos e o que são, isso aos que nos avançam e
nos tomam a identidade. E quando me refiro à identidade, penso em algo que está
lá dentro de nós, naquilo que subjaz ao que conhecemos sobre nós, desse
algo superficial que demonstramos externamente. Falo da pérola humana que se
escondo em meio às conchas de nossa personalidade, que, por mais barata que
seja, volúvel, interesseira, nela nos escondemos, e é mais que urgente
buscarmos essa... pérola, pois estamos nos distanciando de nosso âmbito como
humanos e nos tornando seres sem nexo, em busca de nada que nos complete
internamente.
O vazio do Mundo
Quando em textos passados eu me referia aos grandes sábios,
não era simplesmente, como diria aquela propaganda de cerveja, “porque sim!”,
mas por motivos tão profundos que palavras não há para expor o que poderia ser
salientado – por isso, minha tentativa homérica em relatar o que podemos fazer
para melhorar nossas vidas.
Para isso, coloquei Platão, suas ideias acerca do mundo perecível,
seu grande mito da Caverna, no qual nos encaixamos como luvas em mãos
friorentas; falei do mundo de Pitágoras, das iniciações gregas, falei até das egípcias
nas quais aprendemos a nos ver melhor e não conseguimos, com em um espelho da
verdade, nos desconfiguramos e
fugimos do que... pensamos ser.
E esse “pensar em ser”, enraizado freudianos, sartrenianos, maxistas, e pós
modernistas, produz suicidas em gerações que permeiam em aparecer e nos deter
de forma a nos algemar com seus frutos mágicos às vezes por meio dos buscadores
de sexo, os quais sintetizam o que jovens de hoje idealizam, e na parte
existencialista de um modernismo que se inicia perguntando-se “Por que somos de
carne e osso?”... indo de encontro às indagações do passado acerca da
religiosidade humana. E para finalizar, o levantar de bandeiras nas quais inscrições
baratas de união, fraternidade, amor e paz se revelam com intuito de fazer o
homem o mais enganado possível em relação a seus ideais, pois, a própria tradição
nos diz que não podemos buscar valores maiores do que propusemos a nós mesmos,
caso contrário, não temos como continuar, ou seremos falsos buscadores pelo
resto da vida, ou incoerentes, ou simplesmente mais um maquinista de um mundo
sem freio.
A tradição, para nós, é como uma leitura de outro mundo. Não
conseguimos compreendê-la. Os homens que dela são responsáveis tiveram que
esconder o que aos olhos do homem simples nada mais é que um símbolo. Eles o
fizeram com razão. Não há e nem houve no mundo, desde que o homem é homem, uma
comunidade, ou mesmo uma sociedade em sua total plenitude, conhecimento o
bastante para entender o que a tradição é.
Hoje, mais do que nunca, no entanto, esse conhecimento da
tradição se desfaz pela queda natural dos ciclos, nos quais estamos, e se revela
sem nexo à medida que cai; noutras eras havia pelo menos um governante, ou um
rei, ou mesmo um sacerdote que, com sua luz parca, desenvolvesse um pensamento
luminoso em torno de nós, mas não hoje; não há reis, não há nem mesmo um
sacerdotes...
Voltaremos com mais reflexões
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