terça-feira, 19 de agosto de 2014

Em nome dos Deuses

Sempre nos cabem reflexões sobre o passado, em especial sobre a Tradição. Gostaria de compartilhar com vocês o que penso acerca disso, mas também sobre o que podemos ser e fazer em prol de um mundo melhor com lastro no passado, com premissas que nos levem a nos conhecer, e por fim nos levar a um mundo melhor.



Sócrates. A filosofia se desfez com ele?




Em nome dos deuses, como eu gostaria de salientar a necessidade de o mundo buscar a tradição. O conhecimento, o real conhecimento, nos faz pensar e refletir no que estamos buscando, no que estamos fazendo ao nosso redor. Mais ainda, nos aproxima de nós mesmos, penetrando naquele escuro vazio de sempre, com ferramentas naturais, as quais reluzem como velas em uma caverna que há muito não vê a luz do sol. Tais ferramentas são nosso vaidosismo, nossos interesses, nossas falhas, os quais, canalizados e revertidos como energias ao bem, nos retiram de uma guerra que há séculos travamos, conosco mesmo.

Precisamos urgente, em nome não só do bom senso, mas de uma humanidade que se vai como passageiros de um trem sem maquinista, no qual sofrem os mais humildes com a parte gananciosa que quer tomar a direção – ninguém possui a vocação para tanto. E agora, o que fazer em relação ao nosso destino domado pelo próprio homem que pretende domar mais destinos até que todos se revelem seus escravos, seus filhos falsos, seus humanos domesticados...

Não sabemos. E é por isso que o processo de “Conhecer a Si Mesmo”, como no passado, é deveras importante. Ele nos chama atenção para uma viagem natural e ao mesmo tempo dura, pois nos faz ter medo do que somos, dos nossos defeitos, de nossos monstros – hitleres, stalins, -- que sempre, como no filme “Alien, o Oitavo Passageiro”, se apossam de nosso corpo – talvez de nossas almas – e quando menos percebemos, lá estão a nos domar, nos levando para o seu ‘Ovo’, nos enclausurando vivos, como seres pensantes que somos, nos amarrando fortemente ao seu casulo.

A realidade, no entanto, é mais cruel. Não se assemelha a nenhum filme de terror, de ficção, de drama, muito pelo contrário. Há sempre um final no qual pessoas se matam, matam, praticam genocídios, são homicidas diários, sejam literais ou por meio de uma ideia que avança e toma as trincheiras da bondade, do amor e distorcem os valores, propositalmente...

Temos que ser fortes. Adotar em nossos princípios a coerência humana em saber distinguir o que somos e o que são, isso aos que nos avançam e nos tomam a identidade. E quando me refiro à identidade, penso em algo que está lá dentro de nós, naquilo que subjaz ao que conhecemos sobre nós, desse algo superficial que demonstramos externamente. Falo da pérola humana que se escondo em meio às conchas de nossa personalidade, que, por mais barata que seja, volúvel, interesseira, nela nos escondemos, e é mais que urgente buscarmos essa... pérola, pois estamos nos distanciando de nosso âmbito como humanos e nos tornando seres sem nexo, em busca de nada que nos complete internamente.

O vazio do Mundo

Quando em textos passados eu me referia aos grandes sábios, não era simplesmente, como diria aquela propaganda de cerveja, “porque sim!”, mas por motivos tão profundos que palavras não há para expor o que poderia ser salientado – por isso, minha tentativa homérica em relatar o que podemos fazer para melhorar nossas vidas.

Para isso, coloquei Platão, suas ideias acerca do mundo perecível, seu grande mito da Caverna, no qual nos encaixamos como luvas em mãos friorentas; falei do mundo de Pitágoras, das iniciações gregas, falei até das egípcias nas quais aprendemos a nos ver melhor e não conseguimos, com em um espelho da verdade, nos desconfiguramos e fugimos do que... pensamos ser.

E esse “pensar em ser”, enraizado freudianos, sartrenianos, maxistas, e pós modernistas, produz suicidas em gerações que permeiam em aparecer e nos deter de forma a nos algemar com seus frutos mágicos às vezes por meio dos buscadores de sexo, os quais sintetizam o que jovens de hoje idealizam, e na parte existencialista de um modernismo que se inicia perguntando-se “Por que somos de carne e osso?”... indo de encontro às indagações do passado acerca da religiosidade humana. E para finalizar, o levantar de bandeiras nas quais inscrições baratas de união, fraternidade, amor e paz se revelam com intuito de fazer o homem o mais enganado possível em relação a seus ideais, pois, a própria tradição nos diz que não podemos buscar valores maiores do que propusemos a nós mesmos, caso contrário, não temos como continuar, ou seremos falsos buscadores pelo resto da vida, ou incoerentes, ou simplesmente mais um maquinista de um mundo sem freio.

A tradição, para nós, é como uma leitura de outro mundo. Não conseguimos compreendê-la. Os homens que dela são responsáveis tiveram que esconder o que aos olhos do homem simples nada mais é que um símbolo. Eles o fizeram com razão. Não há e nem houve no mundo, desde que o homem é homem, uma comunidade, ou mesmo uma sociedade em sua total plenitude, conhecimento o bastante para entender o que a tradição é.

Hoje, mais do que nunca, no entanto, esse conhecimento da tradição se desfaz pela queda natural dos ciclos, nos quais estamos, e se revela sem nexo à medida que cai; noutras eras havia pelo menos um governante, ou um rei, ou mesmo um sacerdote que, com sua luz parca, desenvolvesse um pensamento luminoso em torno de nós, mas não hoje; não há reis, não há nem mesmo um sacerdotes...





Voltaremos com mais reflexões 

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