Passado, presente e futuro se encontram em construções antigas. Por quê? Qual o segredo que se esconde dentro dessas mega-construções que até hoje nos encantam, a fazer-nos caminhar, em nome de algo que persiste em nos burlar a alma, em ocultar respostas que empiricamente fazemos a nós mesmos?
Modificar baseado em premissas que
não nos levam a nada, querer mudar por meio de ideias estanques, sem nexo; pensar sem olhar o que o passado nos
deu em termos de conhecimento, ensinamento legado por nossa tradição... Assim
caminha a humanidade...
Caminha como coiotes em desertos
atrás de um progresso papa-léguas... Nunca será alcançado. Enquanto houver
pensamento de elevação estrutural, apenas como meio imediato, sem qualquer
objetivo plural – em nome de uma sociedade ou país, apenas como síntese de um
pensamento político, governos entrarão e sairão sem que entendam a pérola da
ideia...
Por falar em ideia... Roma era uma
ideia que se fez no Olimpo, em que cidades, países, até a própria história das
nações se fez, no sentido mais idílico da semântica. Nesse olimpo de ideias,
homens de grande valia se estruturam, erguendo-se com práticas que até hoje se
revelam uteis à humanidade – ao contrário de pontes, edifícios, estradas, das
quais podemos dizer que saíram de desenhos animados, que se apagam com chuvas,
terremotos, etc...
E quando falamos em estruturas,
pensamos em grandes obras como as pirâmides, as quais foram feitas com materiais
perfeitos, de uma forma que até hoje se cogita que foram os marcianos, não
humanos (!)... É natural, pois quando olhamos um presente caótico em termos de
ideias, de evolução material, e aprendemos muito mais com o passado, fica-nos o
sentimento que estamos regredindo ou descendo os degraus que a vida nos faz
subir naturalmente... Descer, sem que tenhamos nem mesmo subido o primeiro
degrau!
Antes, não havia empresas
terceirizadas, concorrências, licitação, e sim homens e mulheres ao comando de
um homem – talvez um rei-sacerdote, que acreditava em mitos, lendas,
divindades, mas que, dentro desses elementos nos quais vivia, sabia que eram
necessários para elevar aqueles que estavam ali, na consecução de sua ideia...
Ideia de erguer não somente uma
grande pirâmide, uma ponte, uma cidade... Mas a própria humanidade. Os efeitos
seriam do próprio tempo nos dando uma lição após milhares de anos de
existência, de segredo, de questionamentos acerca de um passado maravilhoso.
Não que a modernidade não tenha
obras incríveis, talvez até mais que as do passado, porém, não possuem a mesma mística
ou mítica que um dia nos delatou o que somos, humanos. Prova disso são cidades
nas quais hoje seus governos são uma putrefação humana, e que ao mesmo tempo
contrastam com suas obras gloriosas que ainda persistem em nos fazer ajoelhar
em nome do sagrado, como a própria Roma, Grécia, Egito, cidades que foram
berços de nossa civilização, relevando-se, contudo, atualmente, a decadência
maior dos sistemas mundiais.
Não podemos erguer qualquer ideia
de maneira estanque, como dito. Pensemos em algo que nos religue com algo que
seja Bom, Belo e Verdadeiro – premissas das quais foram feitas obras que até
hoje reluzem em nosso presente arcaico – não somente em grandes obras, mas nas
pequenas que sintetizam, na maioria das vezes, a intenção do homem.
Quero dizer que, quando se percebe
aquele instrumento simples, porém que favorece a todos, é como se estivéssemos ao
lado de uma sombra que há muito quer aparecer, e quando grandes obras são erguidas
por meio dessa ideia – tradicional – temos em nossas mãos a realização de um
passado inteiro que se realizou em nome de Deus – e isso equivale a dizer que
não somente a humanidade, mas o próprio universo esteve (e está )em comunhão
com outros universos.
Por isso, quando se dizia que
grandes reis do passado tinham em mente chegar a Deus com suas obras, não
queriam dizer “perto de” um Deus pessoal que residia no espaço, ou como diziam
outros, com intuito de igualar-se Àquele.
Queriam, na realidade, demonstrar,
simbolicamente, que a sutilidade do espirito pode ser vista por meio de obras,
sempre para o alto, como nós, que sempre crescemos, que a própria natureza
cresce, se desenvolve, evolui.
A ideia veio do céu. Harmonizando
com as estrelas, com as posições dos astros, ela passou por caminhos
hereditários, plasmados por homens que compreenderam as divindades, deram seus
nomes, canalizaram, em seu dia a dia, as potencialidades, levaram a seu povo, e
um dia nos deram a maior lição de todas, a do viver em prol dos mistérios sagrados, fossem nas
construções, nas lições diárias, sempre tentando chegar ao céu, mesmo com os
pés no chão.
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