segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Homem, Arte, Eternidade... (ii)

Eternidade. Por que buscamos?





Sei que é um assunto deveras complicado a se falar, e talvez por isso não vamos ser muitos específicos quando falarmos de eternidade. Assunto que mexe com a vida, com a morte, com nossos brios e que às vezes nos dá calafrios, mas como eu disse não serei especifico...

E nada melhor que começar falando de nós mesmos, dos pequenos momentos que nos fazem eternos, humanos e com alguns... Quase divinos. Entre tais momentos, quando somos agraciados por presentes belos que nos fazem refletir acerca de nossa existência, do porquê estarmos aqui, pisando em um chão frio, lidando com pessoas mais frias ainda, mas que não são donas do mundo – ainda que se achem – porém, mesmo assim, olhamos para o céu, em sua imensa grandiosidade e dissemos...

“Obrigado”... Palavra que não retrata de forma clara o que queremos dizer, mas traduz o mínimo, o simples, o mero prazer de ser agraciado – ou abençoado – por um presente que ninguém jamais poderia (ou pode) nos retirar... Um filho.

Um ser que – esse sim – pode nos passar a alegria da alma de maneira concreta, e ao passo livre de rejeições, complicações, sempre ao lado da verdade de sentimentos, o que não nos ocorre quando estamos em situações complexas, ao lado de pessoas que buscam outras felicidades, e que se recusam a ver a paz, a alegria, somente para satisfazer suas razões.

Um filho, o terceiro ponto entre duas pessoas, torna-se eterno dentro do seu simbolismo, que é religar as duas partes, transformá-las ou fazer com que compreendam que, na vida, se não há um terceiro ponto, um tríade natural em tudo, a possibilidade entender Deus é muito pouco...

No próprio universo, no próprio homem, nas mínimas criaturas, há essa tríade, caso contrário, não seríamos imagens divinas ou como diria a Bíblia... “O homem não seria imagem de Deus”, e haveria, assim, um universo imperfeito – o que não é... – A única coisa imperfeita, no entanto, sabemos, é o próprio ser humano, que busca realizar-se nas pequenas coisas, ao passo desconhece o grande mistério que se esconde tão perto dele quanto o gral de Artur, o rei que procurava pelo cálice sagrado, tanto que enviou seus homens para tanto e depois ficou vislumbrado por saber que todo tempo estava ao seu lado...

Assim o somos. A verdade se esconde em nós, Deus se esconde em nós, a Felicidade, também. E por que não a eternidade, que somente se reitera quando olhamos para trás e dissemos “Como eu era feliz e não sabia”?.. É mais que isso, é uma junção de elementos simples que se concatenam com a finalidade de nos dizer que somos felizes, aqui e agora, e para sempre...

Nem por isso, vamos jogar nossas malas de inutilidades pela janela, ou mesmo rasgar nossas roupas antigas ou novas, a viver de ventos em nossas entranhas, não, pelo contrário... Felicidade não é jogar fora o que possuímos, mas sim o mal que se acumula, todos os dias, em nossa alma; é vivenciar cada pessoa, cada passo como se fôssemos crianças que estão se iniciando com seus pezinhos na terra; é descartar a hipocrisia quando bate a nossa porta consciente gerando outras em nós...

Enfim... Felicidade, hoje, não sei de ontem, mas é descartar o anjo mal, esquecê-lo, não descartá-lo de nossas vidas, pois sem ele não há a dúvida, a determinação, o conflito natural, mas é preciso não alimentá-lo às vezes, deixando-o rosnando no fundo do porão quando ele quer nos tomar os objetivos.

E no fundo queremos entender a eternidade, nem que seja por meio de religiões que se julgam bases da civilização, contudo, atravessam gerações germinando o mal na mente e na alma dos homens. Não é religião. Não é nada. Queremos entender a eternidade nos sentido mártires em nossos atos, em nossa máximas depois de um ato forçoso. Queremos mais... queremos escrever o que somos, deixar tudo para a posteridade, na qual falarão de nós, e realizarão atos em nosso nome, pelo que fomos, ou pelo menos pelo que tentamos ser...

Eterno, entretanto, foge a todas as regras naturais a que fomos concebidos intelectualmente em entender, inclusive quando olhamos ao sol sem saber que ali, tão longe e tão perto, flutua um astro que pode se ir.

Para entender a eternidade, devemos buscar os grandes do passado que um dia, na seriedade de suas buscas, disseram que possuíamos um Ser, um espírito, que, assim como tudo que é vivo – ou seja, tudo – sobrepõe-se ao que pensamos ser, e que, dentro do que se pode dizer acerca de nós, O somos.




Amanhã tem mais eternidade.


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