segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Em Comunhão com os Deuses.

Marco Aurélio, como um bom estoico, é prático, claro e coerente em suas afirmativas quanto ao deuses, ao universo e ao homem. Para ele devemos deixar o arcaísmo barato de lado e partir para o conhecer  a si mesmo, de modo que sejamos fortes e ao mesmo tempo nunca deixemos de ser humanos e divinos.








Marco Aurélio, em sua mais perfeita alusão ao comprometimento aos deuses em nossa vida, cita no parágrafo terceiro as seguintes palavras... “Os deuses sustentam e guiam todas as suas obras. Nem mesmo as vicissitudes da sorte são contrárias à Natureza ou à providencial ordenação do Universo...”

Estamos interligados. Deuses, mundo, pessoas, tudo. Nada nos acontece por acaso. E dentro dessa premissa viviam os iniciados nos segredos do universo e tinham, de alguma forma, realizar, como pessoa, não comum, mas como um ser humano cuja natureza era de caminhar de acordo com os ventos da tradição, em direção ao céu, seus ideais espirituais.

Pois, assim como a grande Natureza o é, o homem, em seu micro-espaço, deveria ser. Passivo de mudanças, realizações internas, ideais acima de si próprio, ou pelo menos em tentativas, a partir de suas experiências, nas quais a sintonia pelo Todo far-se-ia, e nada seria vão.

Marco, não apenas em seus estudos, práticas, mas principalmente em suas experiências – em batalhas, nas quais aprendeu a honrar a si mesmo e aos inimigos; em família, na qual os exercícios de aprendizado com seus pais, entre outros parentes – sabia que seus atos eram tão importantes quanto livros, teorias, particularidades, enfim, que nada mais era tão sensato do que buscar em si mesmo a paz tão almejada pelos filósofos.

Paz essa para nós um tanto quanto complexa, mesmo porque acreditamos que seja uma questão relativa ao prisma nosso de cada dia, mas não é. Somos humanos! E isso é o que nos conduz a pensar e refletir acerca de nossa consciência pessoal e divina. Os deuses, como diria Fernando Pessoa, “podemos até deles duvidar, mas eles assim mesmo existem!”, e não desejaríamos outra coisa porque há em nós o sentido da hereditariedade, o qual se mostra na Natureza, em forma de cores, de princípios resguardados naquele que corre do leão, e no próprio leão, que comanda a selva...

Os deuses, segundo a tradição, para ilustrar, estariam acima de nós assim como humanos estão acima dos cães, ou seja, estamos na condição de humanos, mas dentro de nossa evolução podemos um dia ser deuses, ou como diria Platão “Já o somos e nos esquecemos disso” – talvez em relação a outras raças, e isso é real.

E se assim o for, de alguma forma, raças anteriores a outras também o são, enfim, há, na realidade, uma junção de formas concretas, abstratas – como em todas as raças – a divindade, e quando nos referimos ao homem, aos deuses, há uma relação de obediência (de mudança), de hereditariedade, dentro da qual não há como desligar-se, pois a lei da causalidade não permite, e nessa lei o que fazemos em relação a nós mesmo e à Natureza é tão importante quanto o dia em que nascemos ou morremos.

Marco Aurélio, assim, deixa implícito que devemos agora, mais do que nunca, nos elevar baseados no que somos e fazemos a partir de agora. 




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