A visão distorcida do mundo, sem uma educação à priori, faz os jovens pular de torres metafóricas e se arrebentarem em chãos reais.
Não vou expor novamente, aqui, o mito. É colossal. Apenas superficialmente já está de bom grado.
O sol também pode cegar. |
Não vou expor novamente, aqui, o mito. É colossal. Apenas superficialmente já está de bom grado.
Dédalo, construtor de labirintos,
e seu filho, Ícaro, foram aprisionados pelo rei de Creta, em uma grande torre
de seu palácio. Para fugir, o pai, com a seda que, não sei como, lá estava,
preparou asas incríveis para a clássica fuga.
Do alto da torre, depois de
feitas as asas, colocadas em suas respectivas costas, bem amarradas, pularam e
conseguiram voar. Uma felicidade só. Contudo, quando temos em mãos duas pessoas
e uma delas um jovem rebelde, que, literalmente, tem asas, fica mais fácil entender
o que pode acontecer.
Ícaro sentiu-se livre das amarras
não só do rei de Creta, mas do mundo; voou bem alto, fez arrastões, mas tudo
muito rápido, e Dédalo, seu pai, preocupado, tentava explica-lo quanto ao voo
alto... “Cuidado, suas asas podem derreter”,
e ao voo mais baixo... “Cuidado, podes cair no mar e suas asas molhar!”...
Em vão... Ícaro voou alto, bem
alto, ao ponto de não ser visto ao fim das imagens de seu pai, que, naturalmente,
seguia a reta do voo. E o filho, enfim, caiu. Morreu.
Filos
Hoje, iniciando pela torre,
podemos dizer que os jovens estão pulando sem asas a ideologias passageiras
(não ideal) e morrendo antes de saber o que significa voar em direção ao
caminho correto (me corrijam, se eu estiver errado). Outros, tão espertos,
talvez a minoria, com suas asas de seda, não escutam a voz da razão, e voam
como querem, independentes, salientes até, como se fossem donos do espaço... E
caem.
Estes, mais confiáveis que os
primeiros – não que estejam cem por cento corretos --, não conseguem ver em
suas possibilidades referenciais, assim como gerações passadas que um dia
tentaram nortear o mundo por meio de atos, palavras, canções, enfim, tais
jovens, os de hoje, ainda que tenham asas fortes, não acreditam que podem cair
se tentarem alcançar o sol...
Conselhos há. Mas a teoria ante a
prática é falha ao ver dos Ícaros. Devem, segundo suas filosofias de vida (se é
que se pode chamar assim), tentar provar, falar, fazer de tudo, sem nexo de
qualquer causalidade (ou seja), sem querer entender que consequências há em
tudo que se faz e fazemos...
“Jovens são assim mesmo”, repetem
os mais experientes psicólogos. Mas o que dizer de um jovem superinteligente,
estudioso, cheio de astucias, entrar no mundo das drogas? O que é isso,
pergunto, o que lhe falta? O que dizer de um jovem que sai da faculdade, se
embriaga, cai nas ruas, e não volta no outro dia? O que dizer dos mais
religiosos que fazem questão de ir às “micarês” (festa de rua), e pedir a Deus
que nada o aconteça?... E, como sempre, acontece.
É o mal dos tempos, claro. Isso,
no entanto, não explica. Mas o que explica?
Assim como Ícaro não que respeitara
as leis, e teve sua chance por meio de seu pai de fazê-lo, jovens, de hoje e de
sempre, o tiveram; a questão, com certeza, é que os de hoje se embriagam demais,
não somente com a bebida, mas com a própria vida, antes mesmo de criar seus próprios
meios de voar.
Liberdade
As asas de Dédalo foram conselhos
mal interpretados, e mais, foram ideologias pessimamente usadas, com vistas à
liberdade. Mas até mesmo a liberdade precisa de respeito. Não se pode dizer, em
nome de uma experiência falha, que liberdade é fazer o que quer, quando quiser,
onde quiser.
Se não houver uma educação
voltada aos princípios mitológicos (sei lá), os quais, por trazer à tona os
valores reais a que devemos ouvir e praticar, os jovens de hoje e sempre nem
sequer saberão o que significa vida.
Busquemos novos voos no próximo texto.
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