O que perdemos, o que é nosso? Como podemos ganhar? ganhar o quê?
Soldados romanos: preparados para ganhar ou perder, sempre com honra. |
Enfim, o que nos pertence? Não sei, talvez muitas coisas que
conseguimos com o tempo, ou por livre arbítrio de nosso vaidosismo nos apegamos
e dizemos o que é nosso... Sei lá.
Perder... O que tem a ver conosco? Se muitos já nascem com
certas coisas e sabem que não é de seu poderio, como a própria vida, ou menos
que isso, o que está por dentro desse manancial que nos faz correr em cima dele
como folhas sobre rios, ou em meio a ventanias, nas quais papéis, paus,
árvores não conseguem deter esse grande poder, dizem para si mesmos.. “Não, a
vida não é minha”... “Somente aquilo de que detenho poder é meu...” – é uma
sábia constatação...
Agora me lembrei de Epíteto, esse maravilhoso filósofo
estoico, que em suas palavras, em seu livro homônimo, dizia... “Tudo que
achamos que é nosso volta à sua origem, ou volta para aquilo que um dia foi”.. Como um abrigo abandonado, há séculos, recebe seu primeiro dono, você,
eu, todos, ou seja, o lugar em nascemos, como primeiros que éramos...
E isso nos remente a pergunta, de onde viemos? Não vamos
discorrer sobre isso, por enquanto, mas resguardar em nossas almas certas
perguntas que nos intrigam e que podemos refletir acerca delas no decorrer do
texto...
Não menos importante do que sabermos de onde viemos é saber
o que é nosso; o que seria isso? A conquista, a labuta, o buscar de valores
sejam eles materiais, psicológicos, emocionais, intuitivos, espirituais... os
fazem nossos? E quando realizamos algo, como em uma competição, o que vale
realmente? O que fazemos para almejar a vitória; a competição em si; o que
aprendemos dela, ou o troféu?
Nossa consciência nos revela um depósito de consecuções,
realizações, das quais podemos tirar muitas lições nas quais nos sentimos
melhores, sejam no aspecto físico ou interno – o que nos faz pensar o que é
céu, infernos, dores, alívios, pessoas boas ou más, as quais encontramos em
nossa jornada em busca daquele ouro que vimos em nossas possibilidades.
Não sei. E o que me faz refletir sobre uma frase de Kalil
Gibran, filósofo indiano, sobre qual muitas religiões ergueram-se e à sua
filosofia, o Profeta, foi questionado... “E nossos filhos?”.. “Nossos
filhos não são nossos, e sim filhos do universo; e nos cabe educá-los para Ele”.
É de matar, não é? Se nossos filhos de quem cuidamos tanto,
amamos tanto, vivemos para, morremos para não são nossos?!... O que seria nosso? Gibran não foi
duro conosco, apenas está acima de nossos interesses pessoais, de nossas
emoções (não que o filósofo não seja humano!), e nos diz em meio a partida de
seu personagem (parafraseando a si mesmo) que, na verdade, não devemos temer a
perda, pois a vida nada mais é que a preparação de tudo, até mesmo de nós mesmo
em relação ao que nos apegamos.
E quando se refere a filhos, por mais forte que seja o ser
humano, vai sentir a dor de suas palavras no íntimo, ou senti-las-á como uma
poesia utópica que emerge com o sentido de preparar para um futuro que um
dia vamos ter que enfrentar; para isso temos que criar escudos!
O que é nosso? A camisa que compro, a calça que me dão; o
emprego que possuo, a gratificação merecida; a mulher, o filho... A família?
Perder um desses elementos é, nos dias de hoje, perder a si mesmo; sair de uma
consciência adquirida com o tempo, mas que não estava tão preparada para isso.
Perder um filho em um assalto, em um sequestro; perder um
filho em uma facção religiosa... Talvez nos faça perder a razão com toda
certeza do mundo, mas nos sentir preso a ele como se fôssemos perder o chão quando
chegar a hora de casar-se, ou mesmo se alistar, menos ainda, quando encontrar
sua independência natural, a possuir sua própria morada, a pensar em seu mundo
como consequência do que fez até ali... É um premio!
“Quando vir seu filho, diga a si mesmo: um dia vou perder
você”... Epiteto.
E quando perdemos uma gratificação? Para muitos é como se
perdesse um filho! Realmente para ambos é preciso uma educação, mesmo porque
fazemos parte de um mundo materialista no qual alimentamos a cria, a família,
nosso conforto, nossas viagens, enfim, não aceitamos perder, seja em pequenas
coisas, seja pequenas coisas, ou alguma coisa que achamos que supomos eterna...
Nada é eterno; nem nossas vidas físicas! Então por que
nossos prêmios devem ser? Sei que lutamos, fomos à lona, suamos em cada
corrida, mas nada se compara à vida, esse mistério nos dado pelos deuses
piedosos, que nos potencializaram de forças para realizar o que quiséssemos,
até mesmo entender o próprio mundo, mas não o fazemos, pois estamos ocupados
demais para isso...
Perder significa olhar a vida sem perspectiva, sem
sabedoria; perder significa entrar em uma guerra achar que não vale à pena;
perder significa morrer em vida, antes da morte.
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