terça-feira, 2 de setembro de 2014

Perder, o que significa?

O que perdemos, o que é nosso? Como podemos ganhar? ganhar o quê?


Soldados romanos: preparados para ganhar ou perder, sempre com honra.



Enfim, o que nos pertence? Não sei, talvez muitas coisas que conseguimos com o tempo, ou por livre arbítrio de nosso vaidosismo nos apegamos e dizemos o que é nosso... Sei lá.

Perder... O que tem a ver conosco? Se muitos já nascem com certas coisas e sabem que não é de seu poderio, como a própria vida, ou menos que isso, o que está por dentro desse manancial que nos faz correr em cima dele como folhas sobre rios, ou em meio a ventanias, nas quais papéis, paus, árvores não conseguem deter esse grande poder, dizem para si mesmos.. “Não, a vida não é minha”... “Somente aquilo de que detenho poder é meu...” – é uma sábia constatação...

Agora me lembrei de Epíteto, esse maravilhoso filósofo estoico, que em suas palavras, em seu livro homônimo, dizia... “Tudo que achamos que é nosso volta à sua origem, ou volta para aquilo que um dia foi”.. Como um abrigo abandonado, há séculos, recebe seu primeiro dono, você, eu, todos, ou seja, o lugar em nascemos, como primeiros que éramos...

E isso nos remente a pergunta, de onde viemos? Não vamos discorrer sobre isso, por enquanto, mas resguardar em nossas almas certas perguntas que nos intrigam e que podemos refletir acerca delas no decorrer do texto...

Não menos importante do que sabermos de onde viemos é saber o que é nosso; o que seria isso? A conquista, a labuta, o buscar de valores sejam eles materiais, psicológicos, emocionais, intuitivos, espirituais... os fazem nossos? E quando realizamos algo, como em uma competição, o que vale realmente? O que fazemos para almejar a vitória; a competição em si; o que aprendemos dela, ou o troféu?

Nossa consciência nos revela um depósito de consecuções, realizações, das quais podemos tirar muitas lições nas quais nos sentimos melhores, sejam no aspecto físico ou interno – o que nos faz pensar o que é céu, infernos, dores, alívios, pessoas boas ou más, as quais encontramos em nossa jornada em busca daquele ouro que vimos em nossas possibilidades.

Não sei. E o que me faz refletir sobre uma frase de Kalil Gibran, filósofo indiano, sobre qual muitas religiões ergueram-se e à sua filosofia,  o Profeta, foi questionado... “E nossos filhos?”.. “Nossos filhos não são nossos, e sim filhos do universo; e nos cabe educá-los para Ele”.

É de matar, não é? Se nossos filhos de quem cuidamos tanto, amamos tanto, vivemos para, morremos para não são nossos?!... O que seria nosso? Gibran não foi duro conosco, apenas está acima de nossos interesses pessoais, de nossas emoções (não que o filósofo não seja humano!), e nos diz em meio a partida de seu personagem (parafraseando a si mesmo) que, na verdade, não devemos temer a perda, pois a vida nada mais é que a preparação de tudo, até mesmo de nós mesmo em relação ao que nos apegamos.

E quando se refere a filhos, por mais forte que seja o ser humano, vai sentir a dor de suas palavras no íntimo, ou senti-las-á como uma poesia utópica que emerge com o sentido de preparar para um futuro que um dia vamos ter que enfrentar; para isso temos que criar escudos!


O que é nosso? A camisa que compro, a calça que me dão; o emprego que possuo, a gratificação merecida; a mulher, o filho... A família? Perder um desses elementos é, nos dias de hoje, perder a si mesmo; sair de uma consciência adquirida com o tempo, mas que não estava tão preparada para isso.

Perder um filho em um assalto, em um sequestro; perder um filho em uma facção religiosa... Talvez nos faça perder a razão com toda certeza do mundo, mas nos sentir preso a ele como se fôssemos perder o chão quando chegar a hora de casar-se, ou mesmo se alistar, menos ainda, quando encontrar sua independência natural, a possuir sua própria morada, a pensar em seu mundo como consequência do que fez até ali... É um premio!

“Quando vir seu filho, diga a si mesmo: um dia vou perder você”... Epiteto.

E quando perdemos uma gratificação? Para muitos é como se perdesse um filho! Realmente para ambos é preciso uma educação, mesmo porque fazemos parte de um mundo materialista no qual alimentamos a cria, a família, nosso conforto, nossas viagens, enfim, não aceitamos perder, seja em pequenas coisas, seja pequenas coisas, ou alguma coisa que achamos que supomos eterna...

Nada é eterno; nem nossas vidas físicas! Então por que nossos prêmios devem ser? Sei que lutamos, fomos à lona, suamos em cada corrida, mas nada se compara à vida, esse mistério nos dado pelos deuses piedosos, que nos potencializaram de forças para realizar o que quiséssemos, até mesmo entender o próprio mundo, mas não o fazemos, pois estamos ocupados demais para isso...


Perder significa olhar a vida sem perspectiva, sem sabedoria; perder significa entrar em uma guerra achar que não vale à pena; perder significa morrer em vida, antes da morte.

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