O Mito de Dédalo e Ícaro se expande sobre terrenos mal
vistos pelo homem, por isso vamos nos ater somente ao que nos interessa nele,
falar um pouco mais acerca de uma juventude presa a valores que ela mesma cria
como forma de sol, a voar com asas de seda, ou antes mesmo desse voo, a cair de
suas torres tão altas.
"Não voe tão alto". |
E por falar em torres, por que que temos em nosso tempo,
nessa época tão corriqueira, mais jovens que se suicidam do que em épocas
passadas? Muitos questionamentos podem
ser feitos... O que na realidade nos traz à tona respostas claras, e ao mesmo
tempo vagas, mesmo porque nesse terreno temos reverberações acima de uma
verdade de que nós mesmos fugimos...
Como por exemplo, o fato de que há jovens se suicidando pode
ser um fator de responsabilidade social, ou seja, de uma sociedade fria, consumidora,
até mesmo desumana e que foge de responsabilidades à criança, ao jovem e ao
idoso... O jovem, no entanto, aquele que poderia trasladar seu destino,
transformar ser caráter, iniciar um processo de respeito a si próprio, é o que
mais nos preocupa...
Em festas, por exemplo, quando brilha em suas roupas de
moda, com seu corpo astuto, cheio de energia, e sua mente ávida, ao invés de
encher-se de bebidas dilacerantes, dialogar acerca de namoros e paixões
corriqueiras, desgastando-se em sentimentos estéreis, poderia conhecer outros licores mitológicos como o próprio ideal, que corre em suas veias; conhecer a saga dos grandes homens, e fazer refletir
em seus sonhos um Marco Aurélio, um Júlio César, como conselheiros-mores, na
batalha diária de uma vida cuja aventura está apenas começando...
Não menos do que isso, as meninas, tão belas e ao mesmo tempo
tão sem rumos, seriam mais belas se entendessem que a feminilidade se esconde
no caráter, e o amor, na sutileza, e não na leviandade.
Há saídas modernas se quiserem... Mas sem referenciais a
adotar, é como um cometa desgovernado, sem calda, sem brilho: pode destruir famílias
e o mundo. Se o próprio jovem soubesse que está entre o céu e a terra, como
aquelas espadas que são erguidas e que só tomam decisões bárbaras quando descem,
se portaria como futuros homens e futuras mulheres, pois o mundo, este mesmo em
que vive, só realiza sonhos a partir do momento em que há pessoas para
sonhar... Estamos sendo dilacerados!
O sonho
O sonho do jovem, no entanto, reserva-se em suprir o básico:
ter seu computador, seu celular, seu smart phone, ter sua namoradas, sua roupa e
tênis da moda, enfim, não há mais grandes sonhos de modificar uma estrutura como a nossa, mesmo porque o próprio sistema, o atual, engana mais
que velho babão dando em cima de menininhas... Ou seja, só ele não sabe que está
sendo percebido. O resto, na certeza de mudar, podemos fazê-lo, mas o jovem
atende muito mais ao apelo do físico (ficar forte, bonito, tatuagens,
minissaias da moda, shorts rasgados, chapéus mal colocados em cabeças, etc...
), à vontade (sexo casual, ficar, beijos
demorados em festas; bebidas fortes, etc), a falta de zelo pelo que poderia ser
responsável (camas, café da manhã, lavar sua roupa, seus pratos, etc), a auxílios
naturais (trabalho, auxilio ao irmão, à mãe, ao pai...)...
Enfim, como se pode falar em sonhos àqueles que preferem o próprio
desgoverno a mudar governos?...
Voltando...
Sei o quando é complexo falar em jovens que se vão dessa
vida, por um ato simples, mas que se resume em terror à família e ao mundo, simplesmente
porque não há leis humanas ou universais que aceitam esse ato: o de se matar.
Hoje, quando vejo o desgaste de jovens em teclas de
computador, ou mesmo na falta de algo que lhe interesse, ainda que seja fútil;
mais ainda, a falta de alguém que lhe possa mostrar que há sentido em tudo que
se faz. Do momento em que se levanta, do momento em que se dorme, há sentidos
extremos de divindade, e que estamos violando a todo minuto tais mistérios se
não os aceitarmos...
Por isso, Marco Aurélio diz “largue o livro”, pois sabe que
a experiência vital é única, e não somente em batalhas reais se aprende sobre o
inimigo, mais muito mais sobre si mesmo. E jogar para o alto tais valores, é
jogar para o alto a própria humanidade, e isso não queremos.
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