Olhar para o lado, mudar de esquina, falar com alguém que não conhece, fazer algo que não se faz no cotidiano... Coisas pequenas que significam muito ao homem que precisa dar passos rumo a terrenos nos quais nunca pisou.
Desde que somos humanos, tememos o desconhecido. As
invenções, por mais incríveis que tenham sido, passaram por um processo mental
dificultoso aos olhos do homem, pois, em meio a histórias contadas por seus
antepassados, de sonhos mal interpretados, a raça humana teve que esperar um
pouco para dar seus primeiros passos rumo a qualquer realização. Simplesmente
por causa do medo...
Hoje, com a aparência de arrojados, com edifícios
gigantescos, por estradas que ligam nações, além de grandes veículos nos quais
nos transportamos, como aviões, navios, carros, tivemos que optar em realizar
ou sermos donos de uma consequência que, no mais tardar, nos prejudicaríamos (ou
não); o que ficou, no entanto, foi o primeiro passo, aquele que nos dá o frio
na barriga a nos dizer “você está no caminho correto!”...
Em campos pelos quais não passamos ou desconhecemos, iremos
sempre sentir esse frio – ou quem sabe – nunca dar os passos rumo a estrelas
metafóricas ou reais, às vezes porque ideias arcaicas nos seguram, outras vezes
porque não temos o suficiente para chegar ao que queremos – diferente de podemos.
Quando um
cientista olha para o céu, pensa em realizar seus sonhos por meio de passos importantíssimos,
baseados em experiências bem sucedidas, mas que ainda não são suficientes para
alcançar aquele céu; contudo, entende que passos rumo ao desconhecido devem ser
dado com cautela, pois temos realidades literalmente diferentes ao nosso redor,
ou seja, teorizamos andar em marte, com toda a instrumentalidade possível, mas
só sabemos como é subir em uma montanha bem alta, de modo a distinguir o que se
leva para seu pico, não em marte.
Este último, por enquanto, está em sonhos humanos, o que não
significa utopia fechada, lacrada, e sim, uma forma de dizer... “espere por nós”.
Assim são nossos sonhos. Objetos de espera. Na maioria das vezes, ideais de
realização humana e espiritual.
Quando um religioso pensa em Deus, pensa no desconhecido, em
sua natureza justa, caridosa, boa, verdadeira, singularizando características que
por ele mesmo – no religioso – passa, elevando-as ao cume de sua alma em uma
propagação que o próprio homem, religioso por natureza, vem fazendo desde o dia
em que nomeou uma pedra, uma planta, uma montanha, ou mesmo um grande animal o
seu deus. Ou seja, o desconhecido se encontrava no homem, que precisa
transmutar elementos que o religam consigo mesmo e com o todo.
Quando uma criança dá seus primeiros passos rumo a sua mãe,
sente que deve por seus pés um na frente do outro, e corajosamente, temendo a
queda ao chão, prende seus lábios, abre seus braços, fecha seus olhos e vai...
Dentro desse contexto podemos retirar o que somos ante ao mistério, que nos
move ante outros mistérios e assim por diante. Na descoberta do primeiro,
sorrimos e não paramos de andar; antes, no entanto, pelo medo aparente que nos
sustenta, em razão da dor que vamos sentir, da guerra que vamos enfrentar... Desistimos,
e deixamos para outro dia aquele passo fundamental...
Não é errado. Sabemos que temos uma alma que, por si só, se
revela dona de reminiscências das quais participamos, e como ela é enraigada de
lembranças que nos enjaularam no
passado, revela-se no presente um tanto quanto estratégica, o que é diferente
de medrosa, no sentido arcaico, ou seja, que nos vai levar ao pânico e nos
fazer correr para debaixo da cama...
A alma, guerreira, dona de situações nas quais predominou a
coragem, a destreza, dentro de desafios que não saberemos nunca, dará seus primeiros
passos, fazendo com que o corpo, seu veículo natural, respire fundo, feche os
olhos e pronto...
Assim foram os grandes homens que nasceram para descobertas.
Todos eles se perguntaram “será que vai dar certo?”, “o que vai acontecer
agora?”... E enfim, a história, testemunha de seus grandes atos, viu pequenos
seres se transformarem em lendas.
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