terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Fuga dos Ícaros: o último voo.

Final.


A Educação nos faz Dedálos ou Ícaros. Podemos escolher.




Na antiguidade, em tempos dourados, quando reis proclamados pelo povo, eleitos pelos deuses, andavam entre nós, pais e filhos tinham relacionamentos mais maduros e, ao passo, equidistantes, mesmo porque acreditavam que o amor entre os dois não poderia ser algo muito direcionado, mas expansivo, social, de modo que havia escravos professores, amas de leites, dos quais, na maioria das  vezes, vinham o ensino do básico – modos educados, amor pelo país, respeito aos mais antigos, reverência aos heróis...

Enfim, o que ficava aos pais era a prática. Muitos o levavam ao campo de batalha antes que completasse a idade, e outros, iniciados para o devido fim, enfrentavam touros ou leões, com o fim de perder o medo do inimigo. Era a educação de guerreiro.

No entanto, não estamos mais em épocas nas quais se ensina a enfrentar leões, touros ou mesmo cobras como meio educacional seja para a guerra, seja para enfrentar a vida. Sabemos, entretanto, que em países do Oriente Médio pais fomentam uma educação (se é que se pode chamar assim...) com vistas ao jovem enfrentar batalhas em campo.

Contudo, em relação às batalhas passadas, podemos dizer que estas últimas são com finalidades irascíveis, baseadas em premissas radicais, em comunhão com ideais confusos, ao contrário das antigas, nas quais dependiam de fatores menos extremos para a formação do indivíduo... Nas atuais, não se forma o individuo, mas o deformam.

Guerras à parte, podemos dizer que a formação do jovem pode advir de práticas naturais, nas quais ele mesmo pode vir a crescer e se tornar um homem. Na antiguidade, graças às batalhas infindáveis, ficava mais difícil pensar em algo como hoje se pensa no que deveria o jovem fazer, realizar, muito pelo contrário, já havia uma formação, uma dedicação do sistema ao crescimento do jovem – na maioria das vezes, com treze anos – com vistas ao ideal do Estado.

Hoje não se pensa no Estado como um ser ideológico, puro, certo, justo, dentro qual se realiza (ou se plasma) ideias absolutas, claras, como nas reais civilizações do passado, não, e sim a um crescimento individual, sem referenciais, apenas baseados em progressos pessoais, sem qualquer tipo de ordem, organização, e respeito ao que se assume como profissional.

Nas guerras do passado, somente aquele que fosse guerreiro ia para o campo de batalhas, mesmo porque se se nascesse com outras vocações, não seria rejeitado, nem expurgado da face da terra, como se comenta, mas sim trabalharia em função do Estado que lhe daria todos os meios para a realização de sua matéria vocacional. Ou seja, não se era discriminado pelo que fazia, mas tão respeitado quanto a um soldado em campo.

Por que havia um Estado Ideológico?

Porque houve reminiscências mais antigas ainda que diziam que, se o homem seguisse o modelo celeste de educação, plasmando-a em seu viver, contemplaria os deuses em terra. E isso, como em culturas que há hoje, acreditava-se (por exemplo...)  que, se mudamos o sol de lugar, dando-o liberdade para ser o que quer, e às árvores para nascerem de qualquer cor, estaríamos indo de encontro a leis maiores, as quais diriam que, se dermos liberdade para indagar acerca do que queremos, podemos responder a uma personalidade que quer transgredir leis, mudar para pior o mundo, e por consequência o papel do homem no universo.

Então, um rei, ou faraó (governantes), lidava com esses elementos de modo que não desvencilharia do que o homem era no mundo, e nem do seu papel, fosse qualquer um que estivesse em sintonia com as antigas leis. Do mais simples marceneiro ao mais herói dos homens, todos eles trabalhariam em função do Estado, que refletia as leis do universo...

E o jovem, dentro desses valores, aprendia que, desde cedo, viria com o tempo a ser um marceneiro, um guardião, ou mesmo um pai de família, amado por suas ações. Aprendia que o respeito aos deuses, antes de mais nada,  seria a tônica principal para a consecução de seus sonhos, em qualquer nível.

A exemplo seria um jovem (ou uma jovem) com uma vocação mais sutil do que a dos demais: a de ser um sacerdote ou uma sacerdotisa, os quais seriam preparados como se fossem seres de “outro mundo” em terra, levados a ter uma vida mais recolhida, mais restrita ao comportamento social e amoroso, enfim, seriam filhos dos deuses que passariam a vida toda buscando meio de elevar-se por meio de ações simples, mas regadas de muita dedicação.


Bem... O que falta no jovem de hoje?

O texto acima nos faz repensar não somente o papel desses seres maravilhosos, cheios de energia, porém confusos e sem espelhos na vida, mais, nos faz refletir acerca do que somos em um estado que nos retira o que somos, o que temos que ser, ou seja, nada mais que humanos vocacionados desde que nascemos, mas tal é qualidade retirada por sistemas que acreditam ser mais importante eleger qualquer marinheiro (ou passageiro qualquer) do que reais capitães, em alto mar.

O que falta aos jovens de hoje é olhar ao seu lado e ver alguém realmente justo, nobre, ético dentro dos parâmetros naturais e clássicos; o que falta aos jovens é olhar a si mesmo e deixar de querer muitas coisas e simplesmente encontrar algo que esteja de acordo com aquele céu, quando no passado foi espelho de grandes nações; o que falta aos jovens é olhar para o seu Ícaro e com ele conversar, e sentir que nele se resguarda muitos aprendizados, nos quais o respeito aos mais velhos, o ouvir mais atencioso e o compartilhar das ideias são premissas básicas para um belo voo.


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