Um convite a repensar nossos valores em favor de nossa alma, e daquele morador do terceiro andar que nos espera, sozinho, a nos contar histórias acerca de nós.
Um convite para deixar de mão os
valores que concebemos no dia a dia. Um convite sincero, baseado em premissas nas
quais ele se baseou para relatar suas memórias, em meio às batalhas nas quais,
como diz aquela música, ele iria “como se fosse ver a namorada”. Hoje tal convite, ainda que seja simples,
perturba um pouco nossa mente, nosso coração, pois sabemos que estamos lidando
com argumentos fortes, profundos, e por isso devemos repensar nossas vidas
antes de dar o primeiro passo para aceita-lo.
Em escolas como o Estoicismo,
Epicurismo, etc, não havia pensamentos em torno do que fazíamos, mas em torno
do que éramos. Epíteto, mestre dessa escola, passou ao grande Marco tais
ensinamentos, e o grande Imperador, ao escolher a prática da arte estoica, nos
diz que somos capazes, que nunca somos velhos demais, e que nossos sentidos
todos podem ser canalizados e direcionados a pequenas evoluções.
Para Marco, que nos impressiona a
cada capítulo, não há desarmonias e que nada é fruto do acaso, pelo contrário.
Nada é assim. Tudo pode ser visto sob o ângulo de uma filosofia que nos
esclarece tudo – até mesmo sobre o mal que possuímos e o bem que praticamos.
Nada é aleatório. Há uma organização da qual participamos, na qual nascemos,
vivemos, morremos, sobrevivemos até, e não percebemos; por isso, o livro.
Bem
Aqui cabe uma mera explicação
acerca do Bem. Como estoico, Marco diz... “entende que o Bem possui o bem e o
mal”... O primeiro seria a constância de um universo no qual há todas as partículas
sobreviventes e, a nosso ver, não. Estas últimas, um mistério que sintetizamos
em explicações religiosas cujas premissas estão muito além da realidade (além
até mesmo da vã filosofia), o que nos faz confortáveis, ao mesmo tempo
temerosos, mesmo porque são explicações não filosóficas sem o respeito ou mesmo
sob a luz de deturpações que geram outras e outras.
O Bem, assim, mal compreendido,
torna-se subjetivo. E Marco, imperador-filósofo, quando nos revela por uma
simples frase seu conceito, deixa-nos a evidência do que podemos enfrentar se
nos propusermos a aprender o objetivo de suas palavras. O Bem, aqui, entra em conflito
com os nossos conceitos, mas harmoniza-se com os tradicionais, os quais dizem
que o Bem é Tudo, e o que o mal é a separação dos elementos que o compõe.
Mal
Um mal que, segundo a história,
somente pôde aparecer com o aparecimento do Homem, o qual, com sua histórica ambição,
unida a interesses genocidas, e por consequência o aparecimento de sistemas
homicidas, realizou e realiza a separação de si mesmo (profano) com a Natureza
(sagrado). Dois grandes elementos que, por si mesmos, pelo que sempre foram,
nasceriam um para o outro, ou apenas para a formação do Um. Mas, em conflito
com nossos ancestrais, na busca desenfreada pelo progresso, ainda que milhões de
pessoas sejam a escadaria para tanto, somos responsáveis pela má compreensão do
que somos.
A consequência desse mal, assim,
vai se alastrando, nos tomando, mesmo assim, no entanto, independentemente
disso, o Bem estará lá, em forma de Universo a demonstrar o que temos em nós,
mesmo com todo o mal que preferimos externar.
Finalizando
O Bem, segundo Platão, pode ser
sintetizado, simbolicamente claro, visto e percebido na forma do sol, esse
astro que nos ilumina e não somente a nós, mas a tudo, tendo ou não vida (a luz
de nossas opiniões) passa por ele; dos grandes homens que passaram, dos que
passam, até o mais criminoso pode ver e sentir seus raios, e apreciar a
moldura do Bem.
O Mal, segundo nosso
protagonista, pode ser tratado como nossos dentes de baixo, que se harmonizam
com os de cima, que seriam o bem; os dois não vivem sem o outro, pois
evidenciam que há uma Natureza que os manipula em favor de um Bem maior. A inteligência
universal.
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