Como crianças que nos questionam a respeito do Natal em novembro e só terminam na véspera, somos afoitos em realizar nossos desejos, dentro dos quais, sabemos, pairam a efemeridade, a centralização, e a falta de objetivos, quiçá ideais.,.E isso, também somos informados, nos revela um futuro não muito propenso de realizações, sejam elas materiais, ou não, simplesmente pelo fato de que tudo tem seu tempo...
Mesmo assim, o alvoroço frio, calculista, também efêmero, é o mesmo, Nada muda. Não queremos, no fundo, que nada mude. Parece que somos masoquistas, porque vamos sofrer, vamos reclamar, vamos culpar o próximo -- ou mesmo o morto, que não tem nada mais a ver com esse mundo.
Lá na frente, no entanto, quando a tsunami se for, colocamos a mão na consciência, refletimos, e pedimos aos céus para não cometermos mais erros como aquele -- de ser apressado quanto aos objetivos, aos desejos, a tudo. Mesmo porque a própria natureza nos ensina que a riqueza, seja ela material ou não, precisa ser cuidada como uma planta, como uma árvore milenar que ainda dá folhas belas, mesmo depois de anos, com raízes fortes.
Para adquirir raízes é preciso sustentar nossos princípios, amenizar nossos desejos, pensar em objetivos como algo tão natural quanto se andar para frente. E quando falamos em objetivos, olhamos com a mente firme, porém louca para realizá-lo. Se não houver o raciocínio voltado aos detalhes -- ao que se faz diariamente, desde o momento em que se acorda, ao dormir, -- podemos esquecer ou puxar o freio de mão, bem lentamente, com vistas a frear a loucura diária.
Temos, assim, que nos revelar naturais, como o vento que vem de longe bater na palmeira seca do deserto, que o espera há anos; e quanto à paciência em realizar nossos sonhos, precisamos de uma metáfora, como a do crocodílio, que leva meses se escondendo dentro do rio, no qual somente os olhos aparecem, fazendo a presa se confundir com o brilho do sol na água. E quando o almoço aparece, ele se lhe dá por completo, e assim, após brigar e ganhar da sua refeição, espera mais seis meses...
Nossos objetivos, hoje, são a busca pelo trabalho, pelo pagamento de nossas contas, cuidar de nossos filhos, alimentá-los, dar a educação devida, cuidar da casa, comprar um carro, fazer mais pagamentos, enfim, cuidar para que sejamos responsáveis ante a natureza que os deuses nos deram. E mesmo assim falhamos, graças à pressa em realizar, em obter, em viver acima dos outros, das montanhas, e ainda igualar-se aos grande governantes, dados como deuses no passado.
Vamos levantar devagar, escovar bem os dentes, cuidar do cachorro, fazer o lanche do menino, arrumar a cama, tomar o café sem pressa, ler um jornal antes de sair; vamos trabalhar com o coração aberto aos questionamentos, e vamos fechá-lo ao mal que separa o homem... a intriga. Sorrir enquanto trabalha, escutar uma música somente para descentralizar os ruídos humanos, e assim por diante.
E hoje, em meio uma crise econômica, quando nos falta tudo, principalmente o dinheiro, nossa razão se vai, mas pode ser controlada, como um cavalo feroz, a montar nele, sem medo. O certo nesse caso é ir à luta, mas sempre com o pensamento aberto, sem pena de si mesmo, sem a pobreza espiritual da desistência, sempre visando o choro, e a pena dos demais.
Sejamos fortes, sejamos guerreiros, mesmo porque as guerras nunca terminam, sempre nascem uma atrás da outra, e se não tomarmos uma posição humana com relação ao nossos projetos, objetivos, como entenderemos o ideal?
Abraços!
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