No último texto acerca da Educação, falamos sobre uma vida a base de uma filosofia não vã, ao contrário do que Shakespeare dizia, "Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia"... Nela, esse espaço aberto, elástico, onde se reúnem possibilidades de crescimento não apenas físico, mas principalmente moral, observamos toda matéria com vistas a entender o que nela resguarda, o que nela há, como átomos invisíveis, partículas, e ao mesmo tempo a ideia que a gerou.
Platão falava que tudo eram sombras de um mundo perfeito, dentro do qual elementos como os que temos apego, amor, até mesmo o ser humano, são parte de um mundo não físico, forte, em que a essência (a grande alma) é estática e dali vinhamos. Mas temos que compreender que Platão era um iniciado, e que não seria fácil, nem mesmo aos seus contemporâneos entendê-lo gratuitamente, portanto, fico somente com meus parcos estudos acerca do autor.
E quando me manifesto acerca do mundo ideal para me referir à Educação, tenho que ter em mente um referencial tradicional que preenche as lacunas de um universo que, a meu ver, no passado foi preenchido, e por isso houve as escolas iniciáticas com esse sentido, vamos dizer, educacional, e esse universo, hoje, precisa ser preenchido novamente.
Atualmente, levamos crianças à escola, a esperamos durante quase toda nossa vida vê-lo se formar, e quando o faz, ficamos vaidosos, presos ao orgulho em ver aquele que um dia saiu de nosso colo se formou, ou seja, se especializou ou não em algo, que teve ou não vocação -- em não, deixa a faculdade em pouco tempo... e em caso positivo, vai ser um grande profissional. O que não faz dele um grande ser humano...
Sempre nos esquecemos que temos algo que, provavelmente, temos consciência, mas que jamais saberemos educar, que é a alma. E quando a Filosofia chama a tradição, é com esse fim, de educar a alma primeiramente, não a mente, não o físico, não o ego -- algo que fazemos diariamente. Mas por que faziam isso?... entende-se, acredito, que a vida pede que respeitemos o próximo, a si mesmo, e que, apesar de estudos, de nossa força psicológica e emocional, titubeamos nos pequenos conflitos, que nos levam a grandes guerras pessoais, familiares, sociais e até mundiais. Não é a toa que Platão já nos dizia na voz do mestre Sócrates, "Conheça-te a Ti mesmo e conhecerás o Uno", quando referia a uma profunda ida a si mesmo a desfazer as mazelas de uma personalidade que se aproxima do mal em questão de segundos, porém quando se tenta argumentar sobre o Bem se perde, se enjaula, e não se manifesta, e leva tempos para se alinhar ao real, pois o mal se alinhou aos átomos invisíveis.
Não apenas para isso, a Filosofia nos torna maiores, mais definidos em caminhos mais leves, sem pretensões escusas, políticas, racionais, intelectuais --ainda que os mestres do passado nos pareçam tão mestres quando os do nosso tempo, mas não eram voluntários de partidos ou seitas, ao contrário de "filósofos" de hoje que formam partidos, opinam na miséria e se resguardam em contas bancárias maiores que suas línguas, enfim, a tradição, não é apenas platônica, vem com outras formas nas quais outros já haviam dado sua contribuição, como Pitágoras, Zoroastro, além dos grandes pré-socráticos, como Tales, Anaxágoras, Anaxímenes, os quais bateram na porta do conhecimento e ela foi aberta.
Podemos fazer o mesmo.