...Assim como uma nota que se identifica ao piano, a uma arpa mágica que roça os ouvidos, assim como uma brisa que se choca com nosso rosto, não é difícil de provar que tais elementos são eles, são notas, são forças externas que se formam na atmosfera e caem na face humana como um veludo natural. Não, não é difícil de identificá-los.
A nós, porém, deixamo-nos impressionar pelo externo, o qual ainda que belo, forte e verdadeiro, não expressa o que somos, pois o que somos, o que verdadeiramente somos, esconde-se em uma caverna, na qual mistérios sombrios e por outro lado tão maravilhosos quanto um por do sol, se propagam a medida que os deixamos para trás e corremos para o lado escuro da matéria, assim como muitos mitos o demonstram e não compreendemos muito.
Se vivêssemos do que somos, se comungássemos todos os valores que se resguardam em nós, a partir daquele morador, prisioneiro eterno, do qual, ainda que encarcerado por nossa ignorância, nos faz refletir quando observamos o próximo a dar de água, comida, amor ao outro, e ficamos chocados no melhor sentido da palavra, porque a alma, filha da grande alma, se aproxima de si, toca nas mãos do que é, do que jamais deixou de ser, seríamos um só.
Como "um cavalo de pau" em um navio, precisamos voltar, ser o que precisamos ser, desfazer a prisão aquele ser que grita em voz alta, a pedir e a implorar sua liberdade em prol do mundo, ou mesmo de um universo que pulsa em nome de si mesmo, não do homem externo, não do animal, mas de si, o que significa de Tudo, pois nada se desfaz ou se encontra fora dele, nada se pensa ou é pensado fora dele, nada muda ou mudado sem que Ele perceba, porque o grande oceano não termina quando fechamos os olhos, apenas inicia-se uma nova jornada em nome dele, do grande Ser.
Na Antiga Índia, havia o infinito indizível, denominado Parabraham, o indivisível, o puro, o ser tão casto e nobre que jamais um homem poderia (ou poderá) refazer seu conceito por meio de palavras, porém, ainda que seja difícil compreensão, Parabraham tinha essa denominação a identificar o que fora do universo, no grande e infinito universo, não temos qualquer singularidade a respeito, dentro de nossas relativas concepções ou fora dela, ou seja, é algo de difícil conceito.
Aquilo que se resguarda em nós é esse pouco do muito que não podemos dar definições, mesmo porque qualificar significa dar adjetivos, restringir algo, em meio a outros objetos, e não podemos fazer isso com o que somos. Muitas tradições, no entanto, baseadas nisso, ainda sim dão nome, o chamado nome interno de cada um, assim como um dia o fizeram na bíblica cristã, num episódio em que Cristo, sentido-se perseguido pelo general Paulo, disse, "Por que me persegues, Paulo?", e o general, se convertendo ao Cristianismo, teve que mudar de nome, pois não era mais "do mundo" e sim um ser ser cósmico -- pelo menos deveria ter sido.
Vamos afunilar mais.
Amanhã, claro.
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