segunda-feira, 14 de maio de 2018

Brasas Quentes

Como é difícil ensinar um ser humano sobre seus valores, fazê-los praticá-los à luz de qualquer filosofia. Como é torturante fazê-los compreender que sem eles não se vai tão longe. Mais ainda, é sobre-humano às vezes ensinar o próprio humano as pequenas e básicas formas da vida, em se apegar a algo natural e necessário como a responsabilidade, em seguir uma linha ainda que discreta, porém imaginária, na qual se aprende o porquê dos pequenos mistérios humanos.

Prova disso é a própria criança; se deixá-la sozinha, segue sua natureza real, de andar, comer, pronunciar-se acerca de algo, de alguém, na tentativa de se comunicar com o pequeno contexto em que se encontra. Nós, pai e mãe, como pequenos deuses a dar seus primeiros caminhos, damos a trilha, as primeiras armas, sempre regado como muito cuidado e amor.

Entretanto quando se chegam as escolhas -- por parte do pequeno -- inicia-se a chamada luta para levá-lo à linha que inicialmente traçamos com finalidade de deixá-lo mais perto dos seus objetivos morais. O fogo da matéria, no entanto, ao brilhar tão visível quanto o moral, o faz perder o centro, e quando o faz, suas escolhas são concretas, não semânticas, ou seja, prefere ver a acreditar em seus genitores acerca da vida, pois soa, diante de seus olhos, o calor das brasas falsas, que queimam, como irradiações, e que o fazem ficar cego ante ao conhecimento, que a ele pretendia-se dar.

O dragão da matéria o consome antes que possamos levá-lo a acreditar que existe um outro mundo, o invisível, do qual viemos, e para o qual iremos. Difícil fazê-lo entender que o Dragão maior se esconde por trás das nuvens, do sol, das sombras que por eles é projetada, que as brasas que lhe dão calor, não são reais, mesmo porque até o maior dos vulcões, um dia, desaparece. A real educação é eterna, e todo seu fogo também.

Hoje, não há Educação em formar humanos em função de seus valores ou mesmo ao autoconhecimento. Tudo que se vê são formas hediondas, que nos ofuscam tanto quanto ouro, frias, e ao passo interessantes pelas quais nos apaixonamos. Mas o que faz algo realmente bom, belo e verdadeiro é a alma daquilo que nos impressiona internamente, como templos naturais, jardins intocáveis, seres que irradiam vida, diferentes ou não, com cores semelhantes ou não, às nossas; a paz, o vento que circunda nossa alma e que, sem ele, nenhum barco se move.

É preciso seguir a vida de maneira a olhá-la de perto, como uma face presa a sua, quando se beijam ou mesmo quando iniciam uma conversação, pois somos medrosos em relação ao que ela nos oferece-- o que na maioria da vezes é o que não queremos, pois é a nossa face, nossa persona que está lá, a nos encarar.

Então diante desse invólucro chamado corpo, permeia mistérios dos quais retiraram mitos, lendas e contos dos quais nos ensinaram que nossas potencialidades naturais, não doadas, são reflexos do que somos, como um preso, encarcerado, a bater nas grades com seu corpo de metal, a nos fazer escutar o seu tilintar ensurdecedor, porém cerramos os ouvidos, o coração; nos fechamos como senhoras beatas que se cansam de suas idas e vindas da igreja, mas sabe que não pode mudar dando a pretexto sua idade...

Nossos pretextos são vários, nossas desculpas, nossos choros com lágrimas "crocodilhanas" são quase de cunho eterno; mas, apenar de tudo, acredito que evoluímos, a passos de formiga, e à vezes a passos de felinos.

Diante de tal afirmativa seguimos o legado de vários do passado cuja filosofia se firma em uma frase pitagórica:


Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos".




Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....