terça-feira, 8 de maio de 2018

Arames

Quando em grupos estamos, fomentando ordens de desespero e protesto a algum regime, situação ou qualquer tipo de conflito, seja ele exterior ou não, não estamos cometendo nenhum crime aparente. Estamos, no máximo, desfazendo de nossas sensações íntimas, que nos favorecem a uma queda de cabelo, infarto, dor ou algo semelhante... Estou falando de reclamações aleatórias quanto ao que passamos ou iremos passar.

Ao ser humano é normal tal comportamento, mesmo porque não há nada, nenhuma lei, que nos restrinja às nossas opiniões individuais ou coletivas, até mesmo em sistemas ditatoriais, nos quais, reclusos ao regime, atrás de alguma porta, ou dentro de algum banheiro, explodimos em forma de atos.

Não basta, no entanto, pois, em pequenos conflitos, há de convir, só sabemos que a solução -- breve ou não -- vai depender de nossos atos em relação a eles. O próprio conflito se faz na maioria da vezes pelo fato de haver uma omissão ao seu encontro, e portanto se eleva mais que as soluções propriamente ditas. Isto é, como diria um filósofo, "Não adianta fechar as portas ao problema, que ele entra pela parte de trás", e é verdade; muitos dão por encerrados os conflitos pequenos, apenas com gestos de humanidade, do tipo, "hoje tenho mais que fazer" (!), e então aquele formigueiro, no qual havia apenas algumas pequenas operárias, vê-se mais tarde como um enxame de formigas.

Não se pode acreditar em pensamentos fúteis quando se trata de resolução de conflitos, mesmo porque é nos detalhes que se encontram os mistérios, os grandes mistérios. Se me omito hoje à minha responsabilidade, ao que devo como pessoa ou como profissional, em resolver o que é da minha natureza, alçada, estou deixando de crescer um pouco, naquela hora.

Há outros meios de crescimento sem que seja por meio de problemas? Se estivermos nos referindo a seres especiais, que nasceram evoluídos, voltados a ideais de humanidade, como alguns do passado -- Buda, Cristo, Platão, Sócrates, Zoroastro... -- a resposta é sim; mesmo assim, todos eles seguem seus caminhos meio que trôpegos se em determinada época assim o exigir, ou seja, não deixam de mergulhar em seus conflitos como filósofos, salvadores, idealistas, enfim, a Natureza é sabia.

Por que então temos medo dos conflitos?
Nossa cultura ocidental aprendeu que em guerras, combates, conflitos armados, ou não, há muita dor e sangue, e que qualquer um que nos precipite tal ato vai nos levar a algo parecido. Mas sabemos que a palavra problema não significa necessariamente entrar em conflitos físicos -- com ou sem armas --. Não. O problema é algo parecido com várias arames farpados enrolados entre si, graças ao que fazemos com eles, ou seja, de maneira errônea, não o esticando, com vistas a uma cerca bem feita.
E assim, se enrolam.

Como desfazer isso? Já vimos arames desse tipo engalfinhados um no outro e sabemos o quanto é difícil desfazê-los por medo de nos machucar. Se não começarmos de algum modo... ficarão eternamente da mesma forma ou pior. Assim é o problema. 

O conflito vem quando temos medo de começar algo, confrontar... "vai você!", "Não, eu vou", "Por que você não foi?", "A culpa é sua!"... E assim por diante... O que nos faz pequenos seres em nome de um problema que pede para que o homem cresça, e ele desdenha na maioria das vezes.



O assunto é bom.





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