Gostaria de iniciar esse texto com a adversativa "Entretanto..."
Entretanto, se nos propusermos a falar de mitos, de histórias fantásticas, de sacralidade principalmente, vamos sempre nos remeter ao Egito. Uma civilização que faz coçar atrás das orelhas de muitos antropólogos, egiptólogos, entre outros cientistas acostumados em lidar com a área. Todos eles ficam impressionados sempre na medida de uma descoberta, de uma linha imaginária que os faz refletir como viviam e por quê viviam daquela forma.
Tudo pode ser traduzido a partir de uma organização que já vinha se estruturando, cujo nome, segundo pesquisas, vem Ken, nome que deu origem à palavra AlKimysta, de alquimista, aquele que magicamente transforma, por meio de elementos naturais, outros elementos de menor porte. Como carvão em ouro. O Egito, há cinquenta mil anos, já vinha caminhando para uma evolução maior a que qualquer nação poderia alcançar, e não falo somente em estruturas, mas também em ensinamentos voltados ao sagrado, a Deus, de modo que no futuro pudéssemos apenas ter em mente o que eram, e não o que fizeram -- não que esse último não seja importante, mesmo porque temos templos de mais de cinco mil anos que nos parecem intactos!
No entanto, a essência que nos deixara do passado se torna mais reflexiva, inclusive àquele que quem nem o conhece ou tem pretensão de conhecê-lo, pois, ao sentir um pouco daqueles tijolos, que pesam mais de uma tonelada, um em cima do outro, até o pico de uma pirâmide de mais de cinquenta metros... acredito que devem refletir, ponderar e quem sabe buscar o porquê de tudo aquilo.
E quando se descobre, sabe que não foi apenas um amontoado de tijolos, presos maravilhosamente um ao outro, com vistas a surpreender nações futuras, mas muito mais. No Egito, nem mesmo o Templo de Abul Simbel fora para uma esposa, a de Ramsés, mas para uma deusa em terra, admirada, amada, perfeita, da qual saíra de sua boca apenas o simples, o natural e a verdade: Nerferthari. Muitos especialistas dizem que foi o contraditório ao grande Akenathon, que, por sua vez, no passado, queria apenas o sol como deus, desmistificando os clássicos. Não era apenas isso.
Na terra dos deuses, nem mesmo a terra era somente terra. Toda ela possuía uma ligação com as esferas ocultas do uno, e todos os sacerdotes tinham a grande responsabilidade de serem a ponte entre o céu e a terra, enquanto isso, o faraó, aquele aquela figura concreta em levar aos nobres seres humanos de sua civilização a educação prática de várias potencialidades que tinham o papel preponderante na vida de cada um. Era como se todos fossem mini-faraós. O respeito era mútuo.
E quando tal respeito chegava ao povo, quando todos estavam presos aquela maravilha quase que adjunta, o clamor ao Egito era tanto, que faziam festas, clamavam, choravam e de tudo participavam... A consequência, como se sabe, era a Beleza em tudo, dentro e fora dos grandes e pequenos templos.
A magia do Oculto estava no ar. Segundo contam, não havia nada pior de que morrer longe do Egito, pois acreditavam que lá era o paraíso -- quer dizer, não de forma cristã, mas egípcia, cheia de trabalho, festas sagradas, respeito aos deuses, aos homens do faraó e principalmente a ele, ao homem-deus. Não havia o real medo da morte, pois a Educação era toda voltada a ela, porque, descobriram, há muito tempo, que a cada faraó que se trocava, o sucessor, a primeira coisa que fazia era procurar saber onde seria enterrado, qual cova, ao lado de quem, como, e assim por diante...
O grande Cristhian Jaq, autor de Ramsés, um dia disse que até as pedras eram "mágicas" no Vale dos Reis, porque quando um faraó possuía algum ideal voltado contra o que seu antepassado, contra o que o próprio Egito era, até mesmo contra seu povo, as pedras do Vale não cediam. Ou seja, não se abriam para o enterro daquele corpo, o qual, para o oculto, era mais profano que sagrado...
A verdade é que podemos pensar com nossos pensamentos frios e racionais, voltados às nossas magias modernas, sobre as quais nada podemos tirar. Mas graças a essa falta de introspecção ao passado, principalmente ao respeito a essas culturas clássicas e seu modo de viver, jamais compreenderemos ou acreditaremos que não somente pedras, mas terras, povo, não eram o que eram, porque, em nossa visão, algo tá errado, alguma coisa não bate com nosso presente, com o que sentimos, vimos e presenciamos... Claro, não somos egípcios, gregos, romanos, persas, babilônios, não somos quase nada em termos culturais comparados a eles! Cultura para nós hoje é viver cheio de livros em prateleiras belas, informação, elucubração entre amigos. Acabou para nós.
E quando falamos em oculto, quando paramos para senti-lo nas vias de nossas veias psicológicas, nos sentimos ridículos, presos à televisões e a filmes, novelas, opinosas, âncoras do atraso, do mal, do separatismo entre o homem e a vida prática... Sem ação, só alusão e ilusão...
O pior, no entanto, é que criamos preconceitos em torno da questão, cujos efeitos disso nos torna precursores de Idades Médias, nas quais, como se sabe, no passado Ocidental, fez vítimas religiosas, simplesmente pelo fato de trazerem à tona temas humanos, valorosos, filosóficos, contra uma grande Instituição chamada Igreja.
Será que estamos longe disso?