sexta-feira, 8 de junho de 2018

Tinta de Sangue

Se eu tivesse a escrever com a pena dos clássicos que um dia faleceram de dor, o faria com sangue. Sua cor vermelha de combate, a cor do Deus Marte, o deus da Guerra, na era romana, nos revela mais, revela que estamos precisando repensar nosso comportamento ante a juventude, que se mata aos poucos, quando não literalmente, o faz em drogas, em grupos desordeiros, em prostituições, em falas, em crimes escusos de uma sociedade que dorme no mar de dor pelos seus filhos.

Falta de empregos, de objetivos, de ideais, os fazem perder rumos ou refazer alguns em direção ao nada, na grande maioria das vezes por não ter referenciais, os quais, desde a tenra idade, são representados pelos pais, ou mesmo parentes que os adotam, mesmo porque os primeiros, por circunstâncias da vida, às vezes, os largam nas ruas, e por consequência no mal.

A falta de programas estruturais, psicológicos em um sistema que os esquece, que os largam como cães na selva, a pedi-los que se virem, se arranjem como seres humanos que são, mas se unem ao nada, ao vírus da terra batida, ao lodo do mundo e se tornam mais vermes que os reais, a viver dos restos da vida.

Nada há, nos parece, a salvá-los, a não ser a sua própria vontade de mudar o mundo, quando percebem que "algo" está errado. E poucos heróis surgem, e de tão poucos que são, que iniciamos nossas venturas a repensar o que faziam no passado para sanar essa doença, ou mesmo o início dela. E vem-nos à mente seres fortes, que iniciavam seus filhos antes da guerra, ou mesmo em pequenas batalhas, nas quais viam seus pais salvar o mundo, sua cultura, a permanecer de pé ante uma sociedade que era contra tudo que pensava, definia, amava e por isso tinham que guerrear, estabelecer seus critérios após a dor da guerra, e, após, sujos de sangue, demostrar que estavam prontos para o início de uma organização melhor que a primeira. Havia, aqui, por incrível que nos pareça, a busca pela honra, pelo que o homem representava, não somente pela organização pós-gerra.

O que falta agora, nesse minuto, é refletir, organizar seus pensamentos, estabelecer metas, ver o caminho que percorre ou que poderá percorrer. Ver se tal caminho é compatível com suas metas, levá-lo a diante, não deixar-se esmorecer, entender que, na natureza, tudo é relativo: que pode ser realizado ou não, porém, pode ser levado a sério ou não; se levado a sério, continua-se com o projeto, com firmeza, com honra, com destreza e fome de realizar; não esquecer, no entanto, que, por ser relativo, há dois lados, e deve-se saber para qual deles está-se trabalhando -- para cima ou para baixo.
Se para baixo, colherá frutos pobres e podres, sem nexo, sem fibras que o alimentam para outro projeto; se para cima, conhecerás mais amigos, mais portas abertas, mais indivíduos que batalham em nome de uma sociedade melhor, de um ser humano melhor -- inclusive ele. Não há outro meio...

Prova disso é quando escolhes o sol, porque o verás em todos os lugares se o escolheres, porque dentro de si haverá mais forças, mais luzes e elementos que o fará ver, assim como uma rua que estava apagada há tempos, mais caminhos, mais formas para continuar a vida.

No Mito Grego de Dédalo e Ícaro, quando o grande pai, Dédalo, avisa ao filho sobre seus atos em direção à vida, ele, Ícaro, prefere não escutá-lo, e voa em direção ao Sol, e cai com as asas derretidas no mar. Não sejas Ícaro, não morra antes de perceber que há mistérios a seres desvendados, que há pessoas que se importam com seu caminho, com suas realizações, que te amam tanto quando você a si mesmo, pois dariam a alma delas por ti.

Não deixe que sentimentos irrisórios se transformem em vilões internos, assim como um dia vimos em cinemas -- na transformação em Darth Vader, quando o neófio não sabia para qual lado cair, e acabou caindo para o lado negro da força, ou seja, não seja  mais um que, na falta de ideais para prosseguir, prefere conhecer outros valores dentro dos quais nos perdemos ou melhor você se perde...

Na dúvida, olhe para cima, para o alto, o mundo é assim mesmo, apocalíptico, mas nasce todos dos dias.


Avante, Jovem!


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