sexta-feira, 1 de junho de 2018

A Maior Batalha de Todas (ii)

... Dizem que os Vikings, guerreiros nórdicos, antes de serem o que eram, fanáticos por batalhas, compreendiam, à luz de sua educação, desde a tenra idade, a luta entre os deuses, a grande batalha entre eles, representada no Ragnarök, onde Thor, Odin, Freya, além de Lock, irmão adotivo do deus vingador, lutam contra o mal que se alastra no Olimpo Nórdico. Lá Hel, a rainha do Mal*, assim como Seth, no Egito, o Anjo caído, no Cristianismo, é encarregada de comandar uma luta que, na visão dos guerreiros, existe com um só fundamento: que os deuses, em algum mundo, sutil que seja nosso entendimento, precisam renascer.

E com o mesmo entendimento, ensinavam seus filhos, lhe davam todas as histórias de forma minuciosa, clara, de modo a mergulhar nelas e quem sabe entender o que eram os deuses. Com o tempo, a admiração e o respeito iam se tornando tão concretos quanto seus machados que cortavam cabeças em batalha -- pois tinham receio que o inimigo voltasse depois do pós-mortem. Mas para eles, já que tudo era uma questão sagrada, baseadas na educação de guerras, sobre as quais ninguém mais além deles tinham poder, a melhor forma então de se igualar aos deuses era combater.

Um combate contra não somente ao inimigo, mas contra tudo que acreditavam ser contra seu modo de viver, em família, em sociedade, em festas, nas quais saboreavam do bom e  do melhor, sempre após uma pequena  (ou grande) batalha, e se possível um ritual em homenagem aos deuses Thor e Odin, pai dos deuses.

Na pré-adolescência eram levados à guerra, antes mesmo de entender porque iam. Lá, no entanto, protegidos pelo pai, guerreiro-mor, assistiam a quedas e mortes dos guerreiros, às vezes a do seu genitor. Mas no fundo, assim como crianças atuais, compreendiam que por trás de tudo havia uma pequena fagulha de necessidade de fazer parte de tudo aquilo... -- não eram como, hoje, filhos de funcionários públicos visitando o trabalho do pai, não. -- mas um ritual educacional, de crescimento, de que um dia iriam fazer parte de tudo aquilo, assim como um pássaro é para a árvore, e assim como o fruto é para a boca.

Ao chegar seus vinte e pouco anos, diferente dos demais filhos de hoje, que amam videogame, e se assentam em suas poltronas, clamando a janta ou almoço, os vikings tinham a particularidade de fazer seus filhos, nessa idade, irem embora -- não para sempre --, e voltarem somente quando fosse um guerreiro que acabou de chegar. A maioria, depois de cinco ou seis anos de iniciação, após lutar contra ursos, matá-los, fazer sua própria refeição, mergulhar em rios congelados, voltar e matar o jovem medroso em si, voltaria a sua família para viver em nome dos deuses e quem sabe subir para Valhalla, o céu, o Olimpo, o paraíso dos guerreiros. 


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