quarta-feira, 6 de junho de 2018

Espelhos Quebrados

Diziam os sábios que a vida é eterna, e que nossas almas reencarnam sempre à medida que nossas imperfeições devem ser moldadas dentro do grande mar em que somos partículas que pensam e que modificam seu destino, com o livre arbítrio que temos. Para outros, menos sábios, a vida é eterna, ao lado do Criador, ou do Avathar* que colhe aquele povo que resgata os valores de sua nação de forma espiritual, em tudo que faz.

Não sabemos a verdade, apenas seguimos tradições a partir do que somos, individualmente, e buscamo-la de forma simples, aberta, sem restrições, porém com desamor, sem irresponsabilidade, o que nos faz mais humanos, frente a mistérios os quais nos esperam para ser desvendados à luz do amor ao conhecimento, à sabedoria.

Hoje, sabedoria tem tudo a ver com informação, raciocínios rápidos, inteligentes, direcionados à mente, ao egoísmo, ao vaidosismo -- ilusão. Por isso, quando nos olhamos frente a um espelho, com pretensões físicas, nos sentimos maiores, entretanto, quando enfrentamos um ancião com um mínimo de verdades sagradas, nos sentimos filhos de asnos, os quais nasceram em circos, a levar chibatadas de mestres falsos que nos batem de forma oculta.

Temos que entender que o sábio é um pouco do que somos, nele nos encontramos, e nele nos alojamos, às vezes, como filhos, outras vezes como fiéis discípulos que esperam somente uma só palavra para dizer... "Sim, mestre".  O racionalismo, aqui, se vai como água dentro de um grande copo, a qual transborda, cai ao chão, para dar um ar a mais no recipiente, que, simbolicamente, é a nossa mente, na qual, em eras passadas, graças à evolução moderna frente ao materialismo, se tornou divindade.

Nem todo racionalismo é ruim. mesmo porque somos racionais, que pensam, agem, vivem em função da mente que necessita refugiar-se em abrigos racionais, com invólucros fortes, como madeiras de lei, difíceis de arrebentar. Mas, ao saber que, mesmo e apesar de tudo, precisamos entender o porquê das leis, do porquê das frestas na madeira que nos dão medidas para entrar o simples, o belo, o verdadeiro, e deles, além da matéria, sobreviver.

Assim como o copo que precisa ser esvaziado para a água sair um pouco, nossa mente precisa se organizar dos conflitos, das pequenas batalhas que geram as grandes guerras dentro de nós, formatar -- como se diz hoje em dia -- nossa alma, voltar a sentir o sol, a poesia, procurar a Beleza, por meio da arte realmente bela, não complexa; saber viver, não sobreviver em meio à crise, mesmo porque somente ela nos diz o que somos e para onde vamos.

Saber esvaziar de sentimentos de morte, e procurar ideais de superação em detalhes que estão ao nosso lado, como pequenas vozes que nos ditam, pedem e clamam nossa presença. Não demos ouvido a descrença, ao racionalismo doentio que se afoga sem respostas por não deixar entrar a Vida.




Aos Jovens 






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