O homem é uma imensidão de mistérios, e isso ninguém pode-lhe tirar. Tão vasto quanto uma chuva que causa enchentes, ao passo tão simples quanto um lírio que se desfaz com a menor brisa, é o homem. E em meio a esse vasto rio de possibilidades, nos questionamos sempre a respeito do tudo e do nada, na maioria das vezes acerca do que somos, por que estamos aqui e para onde vamos, tão naturais questões, tão humanas, que ficam presas em nossa alma para sempre.
E em questionamentos crescemos e de suas respostas vivemos, morremos e ainda sim provocamos o destino, o deixando louco, a bater cabeças em paredes tão finas que nos deslocam sem querer, nos levando a dúvida se fomos nós ou não protagonistas do que passamos... Não importa. Importa que todos têm um mito lá dentro de si, burlando a pobre alma, que mais tarde tornar-se-á nobre à medida que atravessamos nosso deserto, sem choros ou lágrimas, ou com todos os choros e lágrimas, voltando, continuando, mas nunca desistindo de entender o que nos coça, nos intriga e perturba...
O que me Perturba
E o camelo que fica preso na eterna agulha bíblica? E o par que não soubera que era o único da terra quando da morte de um dos filhos? E o homem que levara todos os animais em casal, menos os dinossauros? E o pai que tivera que sacrificar o filho ante a imagem de um deus bondoso que o pedira tamanha sacrifício, e que adorava, porém, medir seu poder com tais medidas?... E o grande homem que nascera, mas nem sequer teria ido a uma escola e ao mesmo tempo se tornado um dos homens mais sábios até então...
Tudo me perturbava, entretanto somente um, com grande beleza e maestria, me passava pela cabeça, quando em tenra idade eu me encontrava... Era o homem da travessia:
O homem que um dia passou pelos faraós, iniciou-se, tornou-se mágico, revelou-se líder e levou a todos os que nele acreditavam a passar por um mar, que mais tarde chamou-se Vermelho, o qual levou somente os pecadores que um dia maltratavam os seus, que belamente o atravessaram e conseguiram, talvez, a terra a que tanto propunham encontrar -- o líder, não.
Tudo me perturbava, entretanto somente um, com grande beleza e maestria, me passava pela cabeça, quando em tenra idade eu me encontrava... Era o homem da travessia:
O homem que um dia passou pelos faraós, iniciou-se, tornou-se mágico, revelou-se líder e levou a todos os que nele acreditavam a passar por um mar, que mais tarde chamou-se Vermelho, o qual levou somente os pecadores que um dia maltratavam os seus, que belamente o atravessaram e conseguiram, talvez, a terra a que tanto propunham encontrar -- o líder, não.
Tal passagem me ficara na lembrança sempre rodeada de porquês, pois singularizava o que podemos fazer, ser e para onde queremos ir. Revela o amor ao próximo, ainda que não descubramos o nosso amor próprio, o lideramos, o levamos para a liberdade e nos esquecemos de que o nosso Eu precisa ser recomposto. Por isso, não estamos preparados para entrar no paraíso.
Mesmo que não tenha sido de cunho real, que seja apenas uma passagem que teria sido aumentada em seus valores com o fim de que muitos a desejassem que fosse, que o seguisse em idealismos, não importa. No fundo, queremos levar a todos -- seja para um lugar belo, seja para os nossos interesses, escusos ou não, mas sempre o queremos, desejamos como do fundo de uma alma impregnada de sentidos e pureza... Queremos.
Ah, essa nossa alma, essa moradia que nos acende o ser quando se revela quente quanto a um vulcão em meio às margens de sentidos impróprios, e pelos nobres moradores que se encontram em seus abrigos, como nossos amigos, nossos filhos, esposas, famílias... retirá-los com vida. Queremos salvá-los de si mesmos, de sua ignorâncias tenras, das quais não se abrem mão, e nunca delas se desfazem porque podem perder o céu, ou seu Deus em particular...
Nossa hombridade, no entanto, em nome da humanidade, eleva sua mão e descansa nos ombros dos oprimidos, crentes ou não, ateus ou não, e os clama para o real lugar que nascera para refúgio dos homens-- seu próprio espírito.
Vamos, levantai! saia desse cômodo ser que te alimenta de supostos de supostos, de medalhas de papéis, sem nexo, que te alimentam o desejo personalístico em viver em função de si mesmo, no sentido mais egocêntrico possível, graças a outros desejos de fazer-lhe tão sujo quanto o dia em que nascera para o mundo.
Vamos atravessar mares de larvas, híbridas dos sentimentos mais frios e cadavéricos os quais nos são espelhos do que poderíamos ser, mas passamos, sem dor, sem olhar para trás, em nome de nossas reflexões que não podem ser em vão... Não.
Então... Para onde vamos? depende de cada um, pois se nos elevarmos e nos propusermos a nos alimentar de dúvidas, ficaremos estáticos como totens indígenas a representar algo, mas nunca seremos o símbolo da vida, e sim do que sempre foi e não é; podemos, ainda, atravessar mares, formar caminhos só nossos, levar nosso brio humano em nome do que é Justo, não do que acreditam ser, pois tudo pode ser relativo...
Podemos ir mais além.
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