quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O Silêncio do Espaço

Pretensões humanas sobrevoam montanhas, céus e infernos com fins de dominar racionalmente seu espaço, o qual se é tomado e lavado para sempre como terreno humano. Mal sabe o homem que ele mal domina não só os espaço, o céu, a terra, os animais em termos literais, mas também em termos metafóricos e simbolicamente espirituais.

Todos de um passado longínquo sabiam disso, e por isso criaram leituras simbólicas nas quais o homem pode ser seu protagonista, mas não com a finalidade de dominar individual ou coletivamente aquela montanha, lugar, visível ou não; e sim, entendê-lo espiritualmente, trazendo-o para seu aprendizado prático. 

Para aquele homem do passado, matar um animal significava ir atrás de sua presa para um alimento necessário, não por esporte, e, quando não, o fazia de amaneira filosófica, exterminando seu ego, sua persona, seu eu animal que o atrasa na ascensão interna.

Se observarmos bem, também tentamos matar esse animal em nós, porém não temos referenciais para tanto, mesmo porque não há mestres como antigamente com o qual poderíamos tratar do que é animal em nós ou o que não é. O que temos nada mais é que teorias ventiladas por supostos homens que se julgam sábios e que possuem a falsa premissa de que 'mataram o animal' em si.

Buscar aqueles homens do passado, como Plotino, Platão, Aristóteles, voltar a sua sabedoria no tocante ao que somos, para onde vamos e por quê. Mergulhar na praticidade do dia a dia, e dizer que, por minúsculo que seja meu campo de atuação, temos que saber lidar com o meu, seu e nosso eu animal, domá-lo, e quem sabe vê-lo dar uma trégua ao grande Eu que se esconde em nós, dando-nos uma chance em contemplá-lo.

Transformemos nosso mundo, o interno, em espaços nos quais estrelas simbólicas há, sobre as quais falamos, mas que podemos interiorizá-las no sentido de fazer parte de alguma constelação de grandes homens, seja em pequenos e grandes atos.

Que esse céu que tanto brilha e na noite nos encanta, faça parte de nosso céu interno, de modo que saibamos viver e intuir acerca do que pode ou não nele surgir. Não serão conjecturas, mas plasmações naturais de um homem que vai ao encontro de si mesmo, sem destruir nada ao seu redor, e mais, pessoas que são parte de nosso universo.



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