sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Nada Como Viver

Lutar contra si mesmo deve ser uma das maiores batalhas do homem. Talvez a maior. Umas das provas que me fazem crer nisso, e como sempre aludo nesse espaço, é que influências externas sempre ditam nossas regras  morais e tais. Sem saber que estamos sendo pensados, caminhamos em direção ao que aquilo não nos convém, e só depois de batermos a cabeça, amargurados, chorosos, cheios de estrelinhas na cabeça, é que voltamos para o ponto de partida..

Tudo isso pelo fato de que tivemos medo de batalhar conosco mesmos, seguir nossos corações, nossos instintos voltados ao céu, às vezes, ao mais simples até; porém, nossos ouvidos voltados a outras 'razões', sem as quais não se vive, a transferir a uma personalidade sedenta de fome por algo 'melhor', tal qual o alívio imediato das dores ou mesmo de alguns problemas gerados há anos, acreditamos que podem ser sanados em pouco tempo, pelo simples fato de que ouvimos alguém dizer..."deixa de ser bobo".

Além dessa inviolável maneira de ser, prosseguimos sem olhar o retrovisor dos chamados internos, que nos avisam quando e como estamos errados, e temos que voltar à linha, à chamada retidão, que nos alinha à harmonia natural de nossas vidas. Todavia, não ligamos. Não queremos isso... E sim aventuras desmesuradas sem as quais não somos 'homens', não somos nada; enfim, só percebemos o erro quando nos sentamos após a derrota.

Ontem, eu lia um livro que me fez repensar o que se lê, o que aprende e o que se leva para a vida. Em seu livro Os Arquétipos e os Inconscientes Coletivos, na parte que fala da deusa Mãe, como símbolo natural de uma arquétipo que visualizamos como antropomórfico, graças à nossa combinação de imagens, Jung se expressa no limiar das explicações assim "Em meio à vitória, há um germe de derrota"... Eu acredito nisso, mesmo porque somos um tanto quanto relativistas e precisamos saber encontrar sempre os dois lados da moeda para que não possamos nos decepcionar... Entretanto,  aqui e agora, posso inverter a polaridade da frase, parafraseando o psicanalista, e dizer Em meio a derrota, posso sentir o germe da vitória...

Sabemos que o erro se esconde em cada via de nossas vidas, mesmo porque sem os quais não se vai ou mesmo se fica. Nem se vive. Ou como diria um filósofo querido, "sem ideais não se vive, morre-se a todo instante". Claro que estamos longe do ideal, ao passo, nossos erros são fatores necessários com vista a nos aproximarmos dele. O Ideal é a 'retidão em pessoa'...

Precisamos dos erros, mas não sejamos portugueses de piada, e erramos 'por querer', mas tentemos nos livrar deles à medida do possível, sempre nos elevando com histórias dos grandes homens, de seus grandes atos, dos grandes heróis, que um dia conseguiram, com pequenos atos, salvar o mundo. Temos que salvar os nosso. Buscar em cada linha imaginária esse ser chamado Ideal, persegui-lo, com ou sem o sangue que nos cai das mãos, chorando ou não, com ou sem amigos, com o caos formado mundialmente, porém sempre com vistas a melhorá-lo, trazendo à tona elementos simples, como atos de coração, até que um dia... como pingos de chuva, enchemos o grande Oceano.

Isso é viver.


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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....