segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Plantas e Homens

Podemos sim crescer.


Um dia ouvi dos lábios de um sábio que o homem, quando começa indagar acerca da natureza, quando projeta seus sonhos em função de algo que lhe harmonize, está saindo da maturidade natural e se transformando em um outro ser: um homem novo. Esse, ainda uma grande indagação aos nossos ouvidos, é também um grande mistério, um ser invisível, assim como os valores os quais comentamos ao vento.

O homem novo, não sei nem mesmo conceituá-lo, porém posso imaginar um pouco sobre o que seria no mundo de hoje. É certo que eu ou qualquer outra pessoa não teríamos a faculdade de vê-lo ou percebermos com nossos olhos físicos, pois estaríamos caindo, mais uma vez, em devaneios relativos, passageiros, naturais de nossa espécie.

Perceber o Homem Novo, mais uma vez reverberando, com olhar dual, bipartido, com nossas opiniões meramente casuais, poder-no-ia fazer com que caíssemos nos erros presentes em criticá-lo e levá-lo ao precipício no qual nos encontramos. O da política, da religião, da separatividade familiar, do falso amor, do medo do confronto, entre outras debilidades humanas tão soltas no mundo de hoje.

Entretanto, isso me faz pensar em outras palavras do mesmo filósofo, que um dia escreveu "Percebemos o correto, porque existe o errado; assim, percebemos a Injustiça, porque em nós, de alguma forma, há a Justiça", ou seja, é provável que, com esses elementos internos, essa capacidade de refletir em nossos caminhos, com vista a nos melhorar como humanos, podemos, sim, percebê-lo um pouco, de longe. Todavia não acreditaríamos nele, pois as contradições, graças ao que nossa mente vê como certo e errado, cairia em horrores comparações. 

Assim... Perderíamos nosso tempo, não caminharíamos, e sentaríamos em uma calçada, num banco de praça talvez, envelheceríamos com a dúvida e morreríamos sem saber se aquele ser era ou não o Homem Novo. 

Será que seria assim, para sempre? claro que não. O Homem Novo se esconde no que mais subjaz em nosso ser, ou como sempre diriam na Tradição, "no terceiro andar abandonado" de sua alma. Diante disso, sim, podemos pensar e tentar conceituar e quem sabe encontrá-lo (não fora, mas) dentro de cada um. Mas é preciso que tenhamos ideais internos, espirituais, sobre o qual falamos todos esses anos...

Ele não será visto mais, assim como se vê imagens no espelho, e sim em atos nobres voltados ao ao "céu", ao próximo, sem qualquer menções a paraísos, a infernos, mesmo porque o Ideal do Homem Novo nos faz perceber que são questões já sanadas, e trazê-las à tona nos faria pequenos em metáforas do dia a dia. Não queremos isso. 

Temos que tentar esse Homem Novo, vivê-lo diariamente, em algum ato, tal qual o da planta, que regada todos os dias, nos mostra um pouco do que é. Todavia, não nos esqueçamos de que queremos ser Homens Novos, com ideais novos, comportamentos novos, novas falas, com forças renovadas! Não queremos ser Plantas, pois a planta nunca se questionou sobre sua verticalidade, e precisa de alguém para sair do lugar. Queremos ascender na tentativa de compreender a Vida.

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