sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Premissa Esquecida

Sou casado há quinze anos. Mulher linda. Filho lindo e meigo. Uma casa que construí em pouco tempo, e que hoje faz seis anos que está de pé. Tenho uma renda média boa para manter meu padrão de vida, com um carro na garagem, um belo cachorro pastor, que me ama e eu a ele, enfim, por que estou dizendo isso? Porque muitos estacionam, param em suas respectivas jornadas e não vão mais além do que pensar em manter a estrutura de suas vidas com muito custo, até mais do que necessitam às vezes.

Um homem se preocupa em manter as contas, a(s) mulher(es), quando somam-se mães e irmãs, entre outras, os amigos do peito, de infância, e não se esquecendo de trocar seu carrinho e dar aquela viagem com sua família -- tô precisando disso... -- Sair, beber sua cerveja, ou um vinho com a esposa, em casa, reencontrar com seus entes que te esperam para um churrasco no fim de semana, uma piscina, uma pesca, uma dança, ou falar mal do governo... 

Tudo é básico, por mais que achemos complexos e essencial ao extremo. Tudo é uma consecução notória de um homem que, não só hoje, como há dois ou três mil anos antes de Cristo, busca organizar sua vida social no sentido de demonstrar seu papel na sociedade civil. Buscar ser um responsável pelo seu "básico" e traduzir a honra e a honestidade, e a medalha maior daqueles grandes heróis que, um dia, o conseguiram... É o que esperam de nós.

Não desfazendo de nossos papeis como homens responsáveis que somos, no entanto, vários de nós o fomos e somos, independente do que a sociedade quer de nós. Se esta for uma sociedade tradicional baseada em premissas antiquadas, se for uma sociedade na qual ninguém se entende, ou mais, não há nada que possa espelhar o verdadeiro sonho humano, como podemos acreditar nessa sociedade ou, mais diretamente, naquele que a governa?

Platão, em sua República, dizia, em poucas linhas, que a verdade está por detrás da fogueira que nos aquece, quando se referia ao mundo dele, no Capitulo VII, no mito da Caverna. Sim, está por trás daquilo que nos faz bem sempre, mesmo porque aquele "bem" pode ter sido produzido por outras pessoas, para que possamos deixar de 'produzir' ou buscar o nosso "Bem".

Não apenas o Bem está em jogo, mas a Justiça, a Moral, a Ética, valores que foram relativizados, ou melhor desmistificados com fins de fazer com que nos esqueçamos, ou não mais ouvimos a falar dos reais valores que conduziram o mundo antigo, e no qual sociedades eram levadas a sério, grupos religiosos, políticos, familiares, que a compunham, relevavam-se interligados um ao outro, com a face sempre voltada ao oculto...

Hoje nos olhamos como seres horizontais. Nos tornamos animais. Só não adamos de quatro. Na religião, na justiça, na moral, até mesmo na honra, nossos interesses mais vazios, instintivos, sobressaem como aos de um cão faminto. Devemos ter respeito próprio. Amor próprio. E Vida própria. E quando isso acontecer com primeiro homem, o básico não será apenas o básico, mas uma organização baseada em preceitos divinos.



Boa sexta! 



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