segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Dívida com Prometeu

Nossa maior dívida: buscar a verdade



Pesquisadores de todo o mundo procuram saber de algum modo a nossa origem, em escavações, em bibliotecas, até mesmo em reflexões, estão sempre buscando, de forma natural e humana, saber o que somos e como surgimos. É mais que natural, pois, assim como um filho que busca saber quem é seu pai verdadeiro após saber que seus pais adotivos não o são, o homem tem essa obrigação de saber quem ou quê lhe criou.

A maioria, vamos dizer..., enraizada em opiniões breves, simples e elucidativas, se contentam em dizer que sabem toda a verdade. É o problema de alguns milhões de indivíduos que, sem ferramentas, sem apoio cultural, iletrados, aceitam respostas de uma minoria que acredita, piamente, que é âncora natural, sagrada, advinda de Deus, apenas para revelar a Palavra.

Mas as pesquisas nunca cessam. E Muitas descobertas são escondidas em salas especiais, outras queimadas, destruídas por xiitas, fanáticos, supra religiosos, enfim, tudo em nome de uma época que precisa manter-se firme em seus valores culturais, agregados a uma mentira imensa que se transformara em uma verdade, maior ainda...

E as pesquisas não cessam. Arqueólogos, geólogos, antropólogos... se infiltram em lugares nunca antes levados a sério por clãs fanáticas, e são agora palco de estudos, e viram lugares realmente sagrados para desafiar a verdade de hoje. E conseguem. Porém, são obrigados a se calar, assim como aquela criança que descobre no meio da multidão que o rei estava nu, quando todos aplaudiam sua “nova roupa”..., porém, em vez de gritar, “o rei está nu”, fica em silêncio.

Até quando?

É preciso entender que até mesmo os precários informados, aqueles que abraçam causas mentirosas, se perguntam, calados no meio da noite, coisas que jamais podemos responder, nem mesmo a sua religião. A questão é que ele – o desinformado – tenta adequar sua pergunta ao que o pastor, ancião, mestre, professor, sei lá, que lhe ensinou. E a verdade, mais uma vez, fica à deriva.

Assim, se vai um questionador, um pesquisador, um homem.  Vai-se aquele que poderia com toda sua instrumentalidade humana descobrir uma fresta do sol real. Fora bloqueado, porém, pela simplicidade ignóbil de aceitar tudo de todos, como um boneco de palha.

Sou obrigado a dizer que a morte aqui também se faz, pois, se somos detentores de questionamentos, desde a infância, por que somos obrigados a nos reter quando nos aparece mestres sem linhagem, sem amor às raízes humanas, mestres que se recusam até mesmo a ensinar sobre nações que entendiam muito mais de espiritualidade do que nós, ocidentais de hoje? Por que tais mestres se subjugam tanto, sem ter ao menos algo?

Sim, a morte. Muitos a entendem como a porta para o céu ou para o inferno. Ou, para aqueles incrédulos em tudo, apenas o adeus ao corpo, a tudo, ficando apenas lembranças do que fizemos em... vida.


Quando um ser humano deixa de fazer aquilo que lhe apraz, ou seja, o que lhe inerente, torna-se um objeto, ou na pior das hipóteses, uma besta, pois se inicia o processo de animalização, vegetação, mineralização, se ele não se importa mais com aquilo que o faz realmente diferente, ou como diria um filósofo, quando se esquece do homu divinus em si. É a morte.

Os questionamentos, em si, no entanto, não cessam, assim com pesquisas em campo, jamais vão parar. Os estoicos já diziam “o dia em que os questionamentos cessarem, a terra para de girar”, e é vero. Como eu disse, se somos desde crianças questionadores, de algum modo, em algum nível, seremos crianças questionando, pesquisando, refletindo, encontrando, mas sempre buscando, por meio de nossas personalidades, ou por meio de uma alma inquieta – como vários contos sempre o dizem – e descobrindo realidades que nos lacram desde tempos idos.

Contudo, questionamentos, às vezes, são perigosos nos dias de hoje. Muitos dizem que não, mas contradizer papas, padres, pastores, mestres (falsos), é quase uma decapitação voluntária, pois a natureza de cada um – diferente da dos homens que buscavam a verdade no passado e se harmonizavam com outras – as de hoje se confrontam, e, na maioria das vezes, vem o conflito físico ao extremo.

O Mestre

Por isso, quando encontramos homens que seguem linhagens do passado, dentro das quais o respeito ao que é humano, não só aos questionamentos, mas ao que realmente o leva a questionar, está cada vez mais difícil. No entanto, é possível.

Há homens que se alimentam da verdade, a praticam, e assim como cavaleiros solitários buscam seu fiel escudeiro para, um dia, suceder-lhe a maestria. Prova disso são monges disfarçados de cristãos, no atual Egito, com a carapaça e até mesmo palavras gêmeas, mas que detêm, no fundo de sua alma, o poder dos grandes sacerdotes que um dia passaram de geração e geração ensinamentos que nunca mais serão revelados – e sim, velados. Esse monge, um dia, encontrará alguém, um grande discípulo, e dará todas as coordenadas para continuar a tradição, ainda que velada.

O mestre é aquele que segue a verdade tradicional daqueles que sempre a buscaram, e de algum modo conseguiram passar, por meio simbólicos, racionais, literais, o que muitos ainda claudicam em entender. Mas o mestre entende que a verdade deve ser simbólica, pois o homem, como mero deturpador de obras e destruidor de verdades, e inventor de outras, ainda não sabe lidar com o maior de seus dons.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....