Nossa maior dívida: buscar a verdade |
Pesquisadores de todo o mundo
procuram saber de algum modo a nossa origem, em escavações, em bibliotecas, até
mesmo em reflexões, estão sempre buscando, de forma natural e humana, saber o
que somos e como surgimos. É mais que natural, pois, assim como um filho que
busca saber quem é seu pai verdadeiro após saber que seus pais adotivos não o
são, o homem tem essa obrigação de saber quem ou quê lhe criou.
A maioria, vamos dizer...,
enraizada em opiniões breves, simples e elucidativas, se contentam em dizer que
sabem toda a verdade. É o problema de alguns milhões de indivíduos que, sem
ferramentas, sem apoio cultural, iletrados, aceitam respostas de uma minoria
que acredita, piamente, que é âncora natural, sagrada, advinda de Deus, apenas
para revelar a Palavra.
Mas as pesquisas nunca cessam. E
Muitas descobertas são escondidas em salas especiais, outras queimadas, destruídas
por xiitas, fanáticos, supra religiosos, enfim, tudo em nome de uma época que
precisa manter-se firme em seus valores culturais, agregados a uma mentira
imensa que se transformara em uma verdade, maior ainda...
E as pesquisas não cessam.
Arqueólogos, geólogos, antropólogos... se infiltram em lugares nunca antes
levados a sério por clãs fanáticas, e são agora palco de estudos, e viram lugares
realmente sagrados para desafiar a verdade de hoje. E conseguem. Porém, são
obrigados a se calar, assim como aquela criança que descobre no meio da
multidão que o rei estava nu, quando todos aplaudiam sua “nova roupa”...,
porém, em vez de gritar, “o rei está nu”, fica em silêncio.
Até quando?
É preciso entender que até mesmo
os precários informados, aqueles que abraçam causas mentirosas, se perguntam,
calados no meio da noite, coisas que jamais podemos responder, nem mesmo a sua
religião. A questão é que ele – o desinformado – tenta adequar sua pergunta ao
que o pastor, ancião, mestre, professor, sei lá, que lhe ensinou. E a verdade,
mais uma vez, fica à deriva.
Assim, se vai um questionador, um
pesquisador, um homem. Vai-se aquele que
poderia com toda sua instrumentalidade humana descobrir uma fresta do sol real.
Fora bloqueado, porém, pela simplicidade ignóbil de aceitar tudo de todos, como
um boneco de palha.
Sou obrigado a dizer que a morte
aqui também se faz, pois, se somos detentores de questionamentos, desde a
infância, por que somos obrigados a nos reter quando nos aparece mestres sem
linhagem, sem amor às raízes humanas, mestres que se recusam até mesmo a
ensinar sobre nações que entendiam muito mais de espiritualidade do que nós,
ocidentais de hoje? Por que tais mestres se subjugam tanto, sem ter ao menos
algo?
Sim, a morte. Muitos a entendem
como a porta para o céu ou para o inferno. Ou, para aqueles incrédulos em tudo,
apenas o adeus ao corpo, a tudo, ficando apenas lembranças do que fizemos em...
vida.
Quando um ser humano deixa de
fazer aquilo que lhe apraz, ou seja, o que lhe inerente, torna-se um objeto, ou
na pior das hipóteses, uma besta, pois se inicia o processo de animalização,
vegetação, mineralização, se ele não se importa mais com aquilo que o faz
realmente diferente, ou como diria um filósofo, quando se esquece do homu divinus
em si. É a morte.
Os questionamentos, em si, no
entanto, não cessam, assim com pesquisas em campo, jamais vão parar. Os
estoicos já diziam “o dia em que os questionamentos cessarem, a terra para de
girar”, e é vero. Como eu disse, se somos desde crianças questionadores, de algum
modo, em algum nível, seremos crianças questionando, pesquisando, refletindo,
encontrando, mas sempre buscando, por meio de nossas personalidades, ou por
meio de uma alma inquieta – como vários contos sempre o dizem – e descobrindo
realidades que nos lacram desde tempos idos.
Contudo, questionamentos, às
vezes, são perigosos nos dias de hoje. Muitos dizem que não, mas contradizer
papas, padres, pastores, mestres (falsos), é quase uma decapitação voluntária,
pois a natureza de cada um – diferente da dos homens que buscavam a verdade no
passado e se harmonizavam com outras – as de hoje se confrontam, e, na maioria
das vezes, vem o conflito físico ao extremo.
O Mestre
Por isso, quando encontramos
homens que seguem linhagens do passado, dentro das quais o respeito ao que é
humano, não só aos questionamentos, mas ao que realmente o leva a questionar,
está cada vez mais difícil. No entanto, é possível.
Há homens que se alimentam da
verdade, a praticam, e assim como cavaleiros solitários buscam seu fiel
escudeiro para, um dia, suceder-lhe a maestria. Prova disso são monges
disfarçados de cristãos, no atual Egito, com a carapaça e até mesmo palavras gêmeas,
mas que detêm, no fundo de sua alma, o poder dos grandes sacerdotes que um dia
passaram de geração e geração ensinamentos que nunca mais serão revelados – e sim,
velados. Esse monge, um dia, encontrará alguém, um grande discípulo, e dará
todas as coordenadas para continuar a tradição, ainda que velada.
O mestre é aquele que segue a
verdade tradicional daqueles que sempre a buscaram, e de algum modo conseguiram
passar, por meio simbólicos, racionais, literais, o que muitos ainda claudicam
em entender. Mas o mestre entende que a verdade deve ser simbólica, pois o
homem, como mero deturpador de obras e destruidor de verdades, e inventor de
outras, ainda não sabe lidar com o maior de seus dons.
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