Rosas que amava. |
Rose, que a amava. |
E o paraíso estava em festa, com
anjos e arcanjos de todos os níveis de graduação das escolas de Deus, dançando músicas
angelicais, naturalmente, tocadas pelos
Anjos da Lei, o conjunto do momento, que elevava a alma com seus pianos, arpas,
violoncelos e violinos demasiadamente afinados.
Em meio àquela bagunça divina,
todos se conversavam, colocando o papo em dia, principalmente para receber a
mãe que, um dia, chegara à perfeição humana. O diálogo era intenso, e os
anjinhos mais espertos voavam em direção ao portal apenas para saber se ela
estava já nas imediações... Mas nada. E voltavam para a festa.
A indignação começava a fazer
parte do salão, que, desde cedo, se preparava para o grande evento, no qual
haveria discursos, eventos nos quais meninos anjos, vestidos de palhacinhos,
senhores contadores de histórias, fogueiras santas acesas, enfim... Tudo para
abraçar a mais bela de todas, a mais simples, a mais divina mãe.
Sabendo que tudo iria demorar, os
Anjos da Lei resolveram tocar uma melodia mais dançante, ao ponto de fazer
todos ficarem mais descontraídos. E deu certo. No entanto, passadas as horas,
um dos preparadores da festa, o anjo Felício, foi até o palco da banda e
improvisou um discurso... Antes, porém, pediu a atenção de todos.
“Meus queridos, sei que o quanto
todos estão felizes por rever seus amigos anjos, irmãos anjos, e relembrar o
tanto que trabalhamos em prol de uma vida melhor aos humanos. Sei também que
somos pequenos, com asas grandes, e grandes com espirito pequeno, e belos, com
a certeza de que somos grandes” -- nem
ele sabia o que estava dizendo – “bem, como diria o mais enigmático ser, ‘é mistério’...”
Depois disso, acrescentou o que
todos esperavam... “Estamos, claro, por receber uma das mais incríveis pessoas
que tivemos na história da humanidade, uma beleza em todos os sentidos. Posso
ser exagerado? Claro que sim, pois ela está acima de nós em qualidade, em força
e fé, em sacralidade, em tudo!... E, digo mais: não sou digno de estar aqui em
falar dela, expor o que ela é, desde que nascera, pois seus atos de humanidade,
desde pequena, foram voltados ao próximo, e nunca, jamais pensara em si mesma!”
– nesse minuto, alguns anjos choravam copiosamente, e a banda, que ainda tocava
baixinho, deixara de mão seus instrumentos, para ouvir Felício...
Assim continuou... “Não, amigos,
até mesmo eu, quando humano, não fui tão humano quanto ela, e estou aqui, com
essas asas tão alvas e quentes que às vezes me falta ar pela beleza que são.
Porém, sem asas, apenas com duas pernas e braços, sem mesmo pensar em suas
dificuldades, com uma consciência voltada ao grande Espírito, a Deus, essa
mulher maravilhosa nos faz parecer apenas pequenos seres alados, desnorteados,
ainda que nossos objetivos sejam os mesmos, ajudar os humanos”... – Alguns queriam
se pronunciar, no entanto, Felício fez não com um gesto... “... Amigos, irmãos,
ela ajudou mais pessoas em vida do que todos nós juntos!”...
Um copo caiu. No mesmo instante,
uma empregada alada, em forma de beldade, passara voando e pegou o lixo e levou
até o reciclador... E continuou o anjo: “Hoje, em nome do Grandíssimo, que nos
deixou fazer essa recepção, quero que vocês reflitam. Pensem mesmo, lá no fundo
de seus corações, será que somos dignos de receber essa criatura que se iguala
ao mais lindo pôr do sol, a mais bela cachoeira grisalha escondida nas matas?
Uma criatura que só se assemelha a si própria, pois até as estrelas em céu
limpo de nuvens não passam de pontos em
um tecido escuro?... Não, não somos dignos. Mesmo assim – lacrimejou – vou
dizer a ela que estamos a sua disposição, ainda que saibamos que, como ela é,
com certeza vai querer viver do trabalho, do comando, da alegria, da paz, da
vida... mas sempre nos ajudando a ser mais anjos.”
Quando terminara, a maioria, pelo
menos mais de quientos anjos participantes, estavam eretos, porém com o coração
firme, ao passo emocionado, e como pediu o anjo orador, reflexivos. Mas a festa
estava por terminar antes de começar... Um anjo em forma de mensageiro, se
esguiava no meio de todos, pedindo passagem, com uma carta na mão.
“Manu?...”, disse Felício ao
anjinho apressado, “o que você nos traz, agora, nessa hora tão singular?”...
Ele olhou para o andar de cima, indicando que a Carta teria sido enviada pelo
Grandíssimo, que morava lá no alto. Pegando a carta, Felício olhava para todos
como se estivesse espantado pelo Ato. Passou a carta para o anjo abridor de
cartas, o qual, por coincidência, estava lá perto... “Agora, dê-me isso aqui,
Berto!”, já com raiva da morosidade do anjinho...
Num gesto fora do comum, o anjo Felício
pegou a carta, levou-a aos olhos bem perto, colocou seus óculos, e sorriu.
Pedindo silêncio, ele disse “Gente, o que vou ler aqui e agora, eu gostaria que
todos prestassem bastante atenção...”...
A Carta...
“Filhos meus, por meio dessa
carta, sagradas palavras serão ditas, e queria que vos prestassem atenção: a
festa que fizeram foi de agrado a este que vos fala; porém, tenho que
expor-lhes minha felicidade, antes de tudo, em receber esse ser humano de que
tanto falam, e com certeza falarão durante muito tempo. Uma mulher, talvez um
rótulo vazio comparado ao que quero dizer, por isso, Eu, como criador, tenho a
liberdade de chama-la Ser Divino, pois o que fizera em prol do humano, dos não
humanos, além de tornar melhor a vida ao seu redor, e por onde quer que
passasse, não a faz apenas ser humano, mas acima disso...
E mais, não sei o quanto queriam
que ela estivesse aí, em vossa festa, após sua partida da terra, no entanto,
vos digo, ela já está aqui comigo, a descansar o sono dos melhores anjos, e em
respeito a ela, vos peço compreensão.
Assinado: Deus”
Feliz Dias das Mães a todas as mães!!
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