Fim do mundo: primeiro no homem. |
E o homem se predispõe à baixeza, e vai ao fundo do fosso;
sorri. Prova da angústia fria de seu instinto na lama, não se lembra do beijo
da mulher na cama, do abraço do filho, e mastiga a dor sem saber, e só o faz
pelo desamor que o instiga, na briga, de um presente passado.
Esmagado pelas palavras que um dia se foram como larvas. E
cai. Não sabe a fundura de tua ignorância e da lambança que fez. Pois morreu em
pernas e braços, em alma e espirito. Se não... Falece nas trevas de tua
consciência, que deixara de existir ao passo de seu andar claudicante, trôpego,
pesado, bêbado...
Não foge, porém, de si mesmo. Esmaga pensamentos de vida,
pois dela não quer saber. Precisa de ajuda, e chora, esperneia, torna-se
sangue, sujando as paredes de seu quarto consciente, ao mesmo tempo olha para a
tampa do céu, ainda azulada da manhã que se está indo, e clama a um deus que
nele não acredita, pois se deixou esvair todas as possibilidades de
humanidade...
Acabou. Enterrou-se nele mesmo. Não há nem mesmo terra para
se enterrar, porém. Foram destruídas pelo veneno que criou, pelos frutos frios
dos quais todos comeram, e quase por ele se foram. Nada, agora, pode soar como
esperança... Ela se foi.
Jardins queimados pelos olhares de desprezo, florestas
inteiras de paz foram queimadas com o fogo do ódio da guerra fria. Não
destruíra ninguém. Apenas zumbis perambulando com fome, a pedir esmolas ao
nada, que, antes de tudo, tem menos ainda.
Dizer adeus ao que ainda permanece é lutar contra um gigante
que come cérebros e pretensões humanas, ou alimentar a pobreza que
permanece rica, no solo, no ar, tanto como o sol negro, como nuvens que já se
foram.
E o homem pragueja a si mesmo, e não tem mais o que dizer.
Seus cabelos caídos pela violência de suas mãos que o maltratam, cobrem um chão
formando um tapete ridículo, grisalho, a mostrar sua sombra tenra, que nasce e
morre, como ele.
Adeus, homem, não há mais saída. Homicida de esperanças,
agora encarna a si mesmo, reencarna em si próprio, desfaz desejos, vontades, eloquências,
racionalismos, fé... Pois o Deus que a tanto para ti olhava, não estava tão
longe de sua face, de seu corpo, mente e alma. Estava adjunto de seus atos mais
belos, que se esvaíram na incerteza de seu egoísmo, interesse e desamor.
Deus sobrevive, no entanto, aqui e agora. Mas você também o matara
quando olhara a incerteza entre o que eras e o que não eras. E preferiu a morte, a falta de vida, o vegetar
em edifícios, a falsidade em família, o desprezo quando tinhas todos ao seu
lado.
Não há mais pegadas, como aquele poema da areia. O tempo e o
vento as apagarão. E você será apenas mais um átomo que iniciou, um dia, o
princípio de um sonho. E com você, todo o universo se vai.
Adeus.
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