Meu filho. Vencedor. |
O Primeiro Passo
Vencer, subir ao pódio, levitar
no céu após um primeiro lugar, sentir parte de um grupo que vibra, ama, se esbaldeia de sentimentos além-razão. Gargalhar. Talvez, desde que o homem é homem,
a meta seja essa, ganhar, vencer, estar em primeiro lugar, ou romper barreiras.
É o céu emocional.
Quando uma criança inicia seu
processo de fala, em pequenas palavras que no deixam sem... Palavras; ou em
seus primeiros movimentos em terra firme, ao engatinhar, e, no mais tardar, a
harmonia entre suas pernas, consciência, gerando equilíbrio. É o caminhar. Aqui,
a vitória é nata até certo ponto, pois sabemos que mais cedo ou mais tarde cada individuo vai
buscar esse novo processo, vai tentar buscar seus simples objetivos, suas
pequenas metas...
Assim, estar de pé, preencher o
chão com o peito dos pezinhos, sem se segurar em nada, é como conseguir vencer
a primeira batalha natural, mas mesmo assim comemoramos e viramos foco de um
momento eterno. O de andar.
Mas por que vibramos tanto pelo
fato de um filho saber andar, ainda que saibamos que é uma consequência mais
que natural na vida humana, animal, etc? Andar, com certeza, não deveria ser um
momento glorioso, mas o é pelo fato de nós, humanos, já visualizarmos o futuro,
que nos exige a mobilidade principal para poder compreendê-lo...
Andar significa, assim, não somente
colocar os pés no chão, mas saber, por si próprio, ir atrás de seus objetivos –
com raríssimas exceções --, os quais nos faz andar física e espiritualmente,
onde quer que estejamos, seja qual for a raça, a etnia, a cor, o porte, a
vantagem financeira...
Significa muito mais. É por isso
que festas são feitas quando damos o primeiro passo.
A Dúvida do Vencer
Vencer, a depender de certos
indivíduos, é sair da cama, sem qualquer sequela do dia anterior. É mais, é
vencer aquele amigo que se diz amigo, o que na realidade é o seu pior inimigo;
e quando vencemos as dúvidas quanto ao que ele é, vencemos de novo. Portanto,
vencer, aqui, nos faz entrar no campo relativo, tanto que psicólogos há que
chegam a elevar o moral do paciente dizendo “Você é um vencedor por natureza,
veja bem, você conseguiu, entre milhões de espermatozoides, adentrar no óvulo,
que por sua vez encarregou-se de te abrigar e fazer o que hoje temos aqui,
você...!” – é de matar, não é?
Não sei, mas há psicólogos que se
transformam em humoristas e humoristas que se formam em psicologia! Mas uma
coisa eu sei, ao passo que nos reconhecemos como indivíduos que possuem leis
internas e a elas devemos respeitar, somos mais que simples humanos, na
tentativa eloquente em conseguir, seja no ato de andar, falar, chegar em
primeiro em corridas, em nascer... Pois todos os seres, de alguma forma, andam,
falam (ou não), ou simplesmente fazem gestos, o que não deixa de ser uma
vitória...
Porém, há de convir, temos nos
preparado com pequenas vitórias, mesmo que sejam no passar de um concurso, de
um vestibular, ou antes na consecução de um emprego, o que não nos faz mais
humanos do que aquele que ficou para trás. Aqui a meta de ser ou não ser vai
depender e muito daquele que a persegue, pois, em cada caminhada, somos
obrigados a nos deparar com circunstâncias relativas e ao mesmo tempo “meio
iniciáticas”, porque nos põem a provas, às vezes, fora do comum!
E o homem, com a consciência na
matéria e ao mesmo tempo no céu – como um Arjuna eterno –, vai encarar tudo
isso como ajuda ou perseguição de alguma entidade que o observa de longe e lhe
dá apoio ou não. O homem, fruto de suas emoções e desejos, assim, claudicará
todas as vezes que triunfar, pois as divindades, como ele mesmo acredita,
estarão de olhos em seus gestos e fala...
A relatividade, nesse campo, destrói
o ser humano. Pois ele nunca vai saber se foi ele ou Aquele que mora no
Terceiro Andar o responsável pela sua vitória. E a dúvida vai morrer com ele...
Na realidade, as vitórias
humanas, quando me refiro a pequenos e grandes atos, são junções entre sua
personalidade voltada à matéria ou ao céu e seu físico. Com exceção daqueles
que não podem caminhar ou realizar, por si mesmos, seus atos. Estes são tão
vitoriosos quanto muitos, pois realizam feitos simbólicos em cada ato, que
representam, para nós, a força e a maestria em saber lidar consigo mesmo, rendendo
lágrimas aos que a eles presenciam...
Pódios
As Olimpíadas são tão antigas
quanto às estátuas gregas, que reluzem a arte nas ruas daquela cidade. Sabemos
também que os jogos olímpicos foram realizados com a finalidade de unir as
nações, em guerras ou não, em homenagem às divindades, principalmente aos
deuses Olympus, Ares, Athenas, os quais faziam parte das culturas partícipes
das civilizações em guerra.
Nelas – nas Olimpíadas – as provas
eram mais especificas, ao mesmo tempo sem muita competição. O que mais importava
era realizá-las, voltar ao seu país e preparar-se para a guerra. Os deuses em
primeiro lugar, claro.
Hoje, após milhares de anos, o
que mais importa é o pódio, ligeiramente escondido em nossas subconsciências,
juntamente com a medalha, desfazendo a raiz que a tanto deu frutos no passado.
Nos desligamos dos nossos reais objetivos: ser o que somos.
Ao entrar na arena, ao arremessar
seu dardo, ao vencer uma luta, o homem do passado o fazia pelo ideal grego de
religar-se com suas origens, tão profundas quanto o próprio homem. Fazia pelos
deuses, que estavam fora e dentro daqueles corações e alma. Por isso, a
irrelevância em fazer guerras quando os jogos iniciavam, mas, depois deles, a
real guerra, aquela que viria com um só proposito, organizar o mundo, não
desorganizá-lo.
Vencer
Aquela criança que aprendera a
andar, que iniciara sua fala, que passou por trajetórias, simples, porém tão
simbólicas quanto sua natureza, talvez nos mostre a essência do vencer de hoje,
pois o que nos interessa – aqui agora – é ascender a cargos além de nossa
capacidade de competência, pelo simples fato de estarmos bem aos olhos (e
interesse) de terceiros, não aos nossos.
Vencer, para mim, nada mais é que
acordar e sentir que estou participando de um grande mistério advindo de uma
grande inteligência, que nos ordena, nos trazendo ao caminho perdido, revelando
(e velando), com suas fórmulas metafísicas (para além de nossas compreensões),
o que podemos ser em cada passo nosso de cada dia.
É, ainda, olhar nos olhos da vida e entender que somos passivos de morte, de sorte, de amor e ódio; vencer e ser vencedor é entender que ainda há preconceitos, e que a maioria, em mim, já se foi, como água em ribeirão. Mas a consciência da vitória não existe apenas para em reconhecer, e sim e transcender defeitos e problemas enfrentando-os sem medo, de modo a extingui-los um dia. Se não há como extingui-los, saber que vencê-los é harmonizá-los, não deixando de ser, no entanto, você mesmo.
Vencer é mais que subir em pódios, ganhar medalhas. É acreditar que o real pódio e a real medalha são invisíveis aos nossos olhos, e que nos fazem emotivos na medida que vemos uma criança nascer, crescer, formar-se, é ver uma mãe sorrir, um amigo cantar... Vencer é estar vivo e entender o porquê.
É, ainda, olhar nos olhos da vida e entender que somos passivos de morte, de sorte, de amor e ódio; vencer e ser vencedor é entender que ainda há preconceitos, e que a maioria, em mim, já se foi, como água em ribeirão. Mas a consciência da vitória não existe apenas para em reconhecer, e sim e transcender defeitos e problemas enfrentando-os sem medo, de modo a extingui-los um dia. Se não há como extingui-los, saber que vencê-los é harmonizá-los, não deixando de ser, no entanto, você mesmo.
Vencer é mais que subir em pódios, ganhar medalhas. É acreditar que o real pódio e a real medalha são invisíveis aos nossos olhos, e que nos fazem emotivos na medida que vemos uma criança nascer, crescer, formar-se, é ver uma mãe sorrir, um amigo cantar... Vencer é estar vivo e entender o porquê.
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