quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vencer sempre



Meu filho. Vencedor.


O Primeiro Passo


Vencer, subir ao pódio, levitar no céu após um primeiro lugar, sentir parte de um grupo que vibra, ama, se esbaldeia  de sentimentos além-razão.  Gargalhar. Talvez, desde que o homem é homem, a meta seja essa, ganhar, vencer, estar em primeiro lugar, ou romper barreiras. É o céu emocional.

Quando uma criança inicia seu processo de fala, em pequenas palavras que no deixam sem... Palavras; ou em seus primeiros movimentos em terra firme, ao engatinhar, e, no mais tardar, a harmonia entre suas pernas, consciência, gerando equilíbrio. É o caminhar. Aqui, a vitória é nata até certo ponto, pois sabemos que  mais cedo ou mais tarde cada individuo vai buscar esse novo processo, vai tentar buscar seus simples objetivos, suas pequenas metas...

Assim, estar de pé, preencher o chão com o peito dos pezinhos, sem se segurar em nada, é como conseguir vencer a primeira batalha natural, mas mesmo assim comemoramos e viramos foco de um momento eterno. O de andar.

Mas por que vibramos tanto pelo fato de um filho saber andar, ainda que saibamos que é uma consequência mais que natural na vida humana, animal, etc? Andar, com certeza, não deveria ser um momento glorioso, mas o é pelo fato de nós, humanos, já visualizarmos o futuro, que nos exige a mobilidade principal para poder compreendê-lo...

Andar significa, assim, não somente colocar os pés no chão, mas saber, por si próprio, ir atrás de seus objetivos – com raríssimas exceções --, os quais nos faz andar física e espiritualmente, onde quer que estejamos, seja qual for a raça, a etnia, a cor, o porte, a vantagem financeira...

Significa muito mais. É por isso que festas são feitas quando damos o primeiro passo.

A Dúvida do Vencer

Vencer, a depender de certos indivíduos, é sair da cama, sem qualquer sequela do dia anterior. É mais, é vencer aquele amigo que se diz amigo, o que na realidade é o seu pior inimigo; e quando vencemos as dúvidas quanto ao que ele é, vencemos de novo. Portanto, vencer, aqui, nos faz entrar no campo relativo, tanto que psicólogos há que chegam a elevar o moral do paciente dizendo “Você é um vencedor por natureza, veja bem, você conseguiu, entre milhões de espermatozoides, adentrar no óvulo, que por sua vez encarregou-se de te abrigar e fazer o que hoje temos aqui, você...!” – é de matar, não é?

Não sei, mas há psicólogos que se transformam em humoristas e humoristas que se formam em psicologia! Mas uma coisa eu sei, ao passo que nos reconhecemos como indivíduos que possuem leis internas e a elas devemos respeitar, somos mais que simples humanos, na tentativa eloquente em conseguir, seja no ato de andar, falar, chegar em primeiro em corridas, em nascer... Pois todos os seres, de alguma forma, andam, falam (ou não), ou simplesmente fazem gestos, o que não deixa de ser uma vitória...

Porém, há de convir, temos nos preparado com pequenas vitórias, mesmo que sejam no passar de um concurso, de um vestibular, ou antes na consecução de um emprego, o que não nos faz mais humanos do que aquele que ficou para trás. Aqui a meta de ser ou não ser vai depender e muito daquele que a persegue, pois, em cada caminhada, somos obrigados a nos deparar com circunstâncias relativas e ao mesmo tempo “meio iniciáticas”, porque nos põem a provas, às vezes, fora do comum!

E o homem, com a consciência na matéria e ao mesmo tempo no céu – como um Arjuna eterno –, vai encarar tudo isso como ajuda ou perseguição de alguma entidade que o observa de longe e lhe dá apoio ou não. O homem, fruto de suas emoções e desejos, assim, claudicará todas as vezes que triunfar, pois as divindades, como ele mesmo acredita, estarão de olhos em seus gestos e fala...

A relatividade, nesse campo, destrói o ser humano. Pois ele nunca vai saber se foi ele ou Aquele que mora no Terceiro Andar o responsável pela sua vitória. E a dúvida vai morrer com ele...

Na realidade, as vitórias humanas, quando me refiro a pequenos e grandes atos, são junções entre sua personalidade voltada à matéria ou ao céu e seu físico. Com exceção daqueles que não podem caminhar ou realizar, por si mesmos, seus atos. Estes são tão vitoriosos quanto muitos, pois realizam feitos simbólicos em cada ato, que representam, para nós, a força e a maestria em saber lidar consigo mesmo, rendendo lágrimas aos que a eles presenciam...

Pódios

As Olimpíadas são tão antigas quanto às estátuas gregas, que reluzem a arte nas ruas daquela cidade. Sabemos também que os jogos olímpicos foram realizados com a finalidade de unir as nações, em guerras ou não, em homenagem às divindades, principalmente aos deuses Olympus, Ares, Athenas, os quais faziam parte das culturas partícipes das civilizações em guerra.

Nelas – nas Olimpíadas – as provas eram mais especificas, ao mesmo tempo sem muita competição. O que mais importava era realizá-las, voltar ao seu país e preparar-se para a guerra. Os deuses em primeiro lugar, claro.

Hoje, após milhares de anos, o que mais importa é o pódio, ligeiramente escondido em nossas subconsciências, juntamente com a medalha, desfazendo a raiz que a tanto deu frutos no passado. Nos desligamos dos nossos reais objetivos: ser o que somos.

Ao entrar na arena, ao arremessar seu dardo, ao vencer uma luta, o homem do passado o fazia pelo ideal grego de religar-se com suas origens, tão profundas quanto o próprio homem. Fazia pelos deuses, que estavam fora e dentro daqueles corações e alma. Por isso, a irrelevância em fazer guerras quando os jogos iniciavam, mas, depois deles, a real guerra, aquela que viria com um só proposito, organizar o mundo, não desorganizá-lo.

Vencer

Aquela criança que aprendera a andar, que iniciara sua fala, que passou por trajetórias, simples, porém tão simbólicas quanto sua natureza, talvez nos mostre a essência do vencer de hoje, pois o que nos interessa – aqui agora – é ascender a cargos além de nossa capacidade de competência, pelo simples fato de estarmos bem aos olhos (e interesse) de terceiros, não aos nossos.

Vencer, para mim, nada mais é que acordar e sentir que estou participando de um grande mistério advindo de uma grande inteligência, que nos ordena, nos trazendo ao caminho perdido, revelando (e velando), com suas fórmulas metafísicas (para além de nossas compreensões), o que podemos ser em cada passo nosso de cada dia.

É, ainda, olhar nos olhos da vida e entender que somos passivos de morte, de sorte, de amor e ódio; vencer e ser vencedor é entender que ainda há preconceitos, e que a maioria, em mim, já se foi, como água em ribeirão. Mas a consciência da vitória não existe apenas para em reconhecer, e sim e transcender defeitos e problemas enfrentando-os sem medo, de modo a extingui-los um dia. Se não há como extingui-los, saber que vencê-los é harmonizá-los, não deixando de ser, no entanto, você mesmo.

Vencer é mais que subir em pódios, ganhar medalhas. É acreditar que o real pódio e a real medalha são invisíveis aos nossos olhos, e que nos fazem emotivos na medida que vemos uma criança nascer, crescer, formar-se, é ver uma mãe sorrir, um amigo cantar... Vencer é estar vivo e entender o porquê.







Ao Meu Filho. Vencedor.

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