Sociedade com olhos vendados |
Minha mãe sempre dizia que brincos eram para meninas,
cabelos cortados bem curtinhos, para meninos; tatuagens, para homens;
pulseiras, para mulheres. Depois que se passaram mais de trinta anos, ainda
ouvimos pessoas de bem, agora, a relatar o tempo em que isso era uma realidade,
pois tudo se inverteu. Motivo? Modas, tempos que mudam; modernismo, falta de
identidade, adolescência... Enfim, tudo que pensamos a respeito e nos sufoca na
tentativa de entender tudo isso...
E em razão dessas modificações, muitos são obrigados (ou se
acham obrigados) a modificar suas mentes, seus modos, sua personalidade em
função de uma sociedade confusa, que não aceita homens, mulheres ou homossexuais,
transexuais, etc, mas que, ao mesmo passo, não se referencia em modelo algum
para adotar uma regra, uma lei, pois o que temos é um lado feminista – das que
se dizem mulheres, e do outro, machista, dos que se dizem homens, e do terceiro
lado, que quer transcender os primeiros... Ah, temos também o lado dos
hipócritas, que dizem aceitar a todos.
Onde fica a criança, o adolescente ou o adulto, que um dia
tinha a certeza de que homem era homem, mulher era mulher e que homossexual
era...Homossexual?!... Ele se perde em esferas criadas por um sistema que não se
decidiu, por uma lei vaga que ainda não sabe o que é família, sociedade, apenas
difunde (e decide) o que a mesma sociedade confusa decidiu.
O que acontece.
Hoje, nada mais comum do que nascer com problemas de
personalidade, e tentar, por meio de brinquedos, brincadeiras, conversas,
amizades encontrar o que o pai ou a mãe não ajudaram. Se for homem ou mulher,
tudo bem, a sociedade está pronta para sanar sua confusão; mas e se nasce com o
terceiro lado, tipo... Gay...?
Eu conheço um amigo que está sabendo lidar com isso, mas, no
inicio, ele nos disse “preferia que fosse um Fernandinho Beira-Mar!”... E
sofreu o bastante para entender e compreender que ainda se referia ao seu
filho, não àquele que um dia fora assunto nas esquinas com seus amigos.
Ainda, contudo, passa por deveras dificuldades em aceita-lo,
mas não como antes. O que significa que, ainda que tenhamos medo, e achamos que
o inferno não existe, estamos propensos a passar por situações nas quais nem
mesmo o grande Ulisses (de Troia) passaria. E passamos! E vemos, depois, que
voltar a sermos nós mesmos, é transcendental!
Digo isso porque a aceitação física, ou seja, aqui perto de
nós, nos faz temer, até mesmo por preceitos antiquados, religiosos, a pessoa
que passa pelo problema de aceitação. O medo é de ser corrompido, ser o “terceiro
lado”, ou a negação divina, como diria uns crentes xiitas; o medo é de que
nossos filhos, passivos ou não, sejam livres e tomem suas decisões, mais cedo
ou mais tarde...
E no passado...
Sabemos que ser o não ser, hoje em dia, um gay, lésbica,
homo... Não é nenhuma doença pegajosa, muito pelo contrário. No fundo sabemos
que nada mais é que um vaidosíssimo comportamento do homem e da própria sociedade
em aceitar alguns direitos.
Sempre houve, em passados muito distantes, humanos além de
homens e mulheres. A questão é que quando eram homens e mulheres, não eram mais
nem menos que isso; e quando havia o terceiro lado, assumia-se sem dor,
preconceitos; e da sociedade, nenhuma discriminação, até que, claro, fizesse
algo contra o Estado.
Como na Roma Antiga,
por exemplo, que era palco de grandes heróis, de guerreiros, de mulheres
maravilhosas, mas também sabia lidar com essa confusão da sociedade de hoje.
Colocava-os em seus devidos lugares, ou seja, não eram generais, nem soldados,
pois sabiam que os deuses não tinham o terceiro lado, pois o logus, a que me
referi no texto “quarto logus”, não existia! E que decisões, em batalhas, em
estratégias, em planos contra o inimigo, até mesmo para tangenciar o país, não
poderia ser feito senão por homens reais.
A própria natureza reserva apenas lados femininos e
masculinos, mas o ser humano, que possui um certo probleminha com regras universais,
ou até mesmo com as suas, há milhões de anos trouxe o terceiro lado – o que
confunde a maioria que os defende.
Mas isso não quer dizer a não aceitação do homo, do gay,
etc, pois não quer dizer que não possuem alma, educação, caráter, vivência,
experiência, amor... Muito pelo contrário! Na atual sociedade, sem heróis, sem
generais, cavalheiros, damas..., o que nos falta é humanidade primeiramente. E
aceitar – palavra chata – é um ato obrigatório e natural da humanidade.
Crianças...
Mas salientando a confusão de uma sociedade, gostaria de
fazer uma observação. É em relação às crianças que passam por tudo isso... É
triste, no mínimo. Tenho medo que percam suas identidades, medo que percam a
coragem e de seguir com suas próprias pernas, pois sintetizam a indecisão
coletiva de um povo perdido entre os tons de cinza!
Na semana, li reportagens de creches que incentivam meninos
a brincarem com meninas de bonecas; de meninas a brincarem de carrinhos, tudo,
segundo a creche, para “quebrar” um tabu de anos.
Penso que muitos, por meio dessa afirmativa, me vejam como
preconceituoso, mas explico: se a criança tem tendências homo..., vai brincar
sim de geladeirinhas, bonecas, e
vice-versa a menina. Mas se não tiver... ainda sim... seria bom que os
acostumassem a brincar com seus devidos brinquedos.
A educação não pode se perder em devaneios de uma confusão
coletiva. Cabe aos pais (que ainda não sabem que seu filho é ou não é; ou tem
medo de aceitar...) desvendar os segredos da problemática existencial do seu
filho. Se já o aceitou, noventa por cento dos problemas já foram sanados.
Para aqueles que não têm problemas, ótimo. Agora, faça seu
filho entender que há leis a serem obedecidas, inclusive respeitar o próximo é
uma delas.
Referenciais.
Eu sempre falo em referenciais, mas é pouco quando me encontro em meio a situações como essas, pois não sei como sanar dúvidas de muitos. Mas, mais uma vez, gostaria de dizer... O que nos falta são referenciais.
Quando uma sociedade não sabe o que é moderno demais, antigo demais para elaborar uma boa educação aos seus cidadãos, é sempre bom convidar alguém que já viveu um passado e dizer a ela o que é realmente Bom, Belo e Verdadeiro.
A voz da experiência vai dizer que o que é homem aprende valores referentes ao próprio homem, assim também à mulher, que, como já foi dito no texto anterior, sofre em ser feminista ou fêmea, exibindo-se como carne a cães, em internetes, sites pornôs, faces, etc.
Dirá a grande voz do passado que os deuses e deusas tiveram sempre essências masculinas e femininas, dentro das quais a natureza, a nossa, deve sempre encaixar. Não somente a nossa, mas a de tudo que no universo existe, pois masculino e feminino é apenas um rótulo, não uma lei humana e social na qual interesses escusos tentam se sustentar.
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